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CNBB critica Reforma da Previdência

A mensagem, divulgada durante a missa de abertura, foi reforçada pelo presidente da CNBB, dom Sérgio da Rocha

1 mai 2019 - 12h32
(atualizado às 16h03)
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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou o projeto de reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PSL) por "desconstitucionalizar" as regras da Previdência, durante a abertura da sua 57.ª Assembleia Geral da Conferência Nacional, nesta quarta-feira, 1º, em Aparecida, interior de São Paulo.

A mensagem, divulgada durante a missa de abertura, foi reforçada pelo presidente da CNBB, dom Sérgio da Rocha, durante a homilia. "Os trabalhadores são os mais fragilizados na sociedade, os que sofrem com o desemprego e com a falta de condições dignas de trabalho", disse.

Dom Sérgio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em frente aos estúdios da TV Aparecida
Dom Sérgio da Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em frente aos estúdios da TV Aparecida
Foto: Nilton Fukuda / Estadão Conteúdo

Já na mensagem, cujo texto ele também assina, a CNBB pediu que trabalhador e sindicatos participem da discussão para preservar "sua justa e digna" aposentadoria. A Assembleia Geral reúne mais de 400 bispos para discutir, até o próximo dia 10, os desafios e diretrizes da Igreja brasileira até 2023. O conclave também elegerá a nova presidência da CNBB para os próximos quatro anos.

A mensagem destaca que a Previdência é fundamental para garantir a dignidade do trabalhador que se aposenta. "Reconhecer a necessidade de avaliar o sistema não permite desistir da lógica da solidariedade e da proteção social através da capitalização, como propõe a PC 06/2019. Também não é ético desconstitucionalizar regras da Previdência, inseridas na Constituição de 1988", afirma o texto.

Reforma trabalhista

 

A CNBB criticou também a reforma trabalhista, por ter agravado o problema do desemprego. "A flexibilização de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solução para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Além de suscitar questionamentos éticos, o desemprego aumentou e já são mais de treze milhões de desempregados. O Estado não pode abrir mão do seu papel de mediador das relações trabalhistas, numa sociedade democrática", afirma.

O texto do clero reafirma o princípio orientador da doutrina social da Igreja na primazia do trabalho e do bem comum sobre o lucro e o capital. "Nos nossos dias, difunde-se o paradigma da utilidade econômica como princípio das relações sociais e, por isso, de trabalho, almejando a maior quantidade possível de lucro, imediatamente e a todo o custo, em detrimento da dignidade e dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras."

A mensagem cita o papa Francisco, para quem o desemprego juvenil é a primeira e mais grave forma de exclusão e marginalização dos jovens. "A impossibilidade de trabalho gera a perda do sentido da vida e, consequentemente, leva à pobreza e à marginalização. Incentivamos os trabalhadores e trabalhadoras e as suas organizações a colaborarem ativamente na construção de uma economia justa e de uma sociedade democrática."

Estadão
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