Cliente cai em golpe de venda falsa em marketplace e convence criminoso a devolver o dinheiro
Mulher relatou ter sido vítima de fraude ao comprar uma cama online
Uma mulher caiu em um golpe de venda falsa ao realizar uma compra no marketplace da Amazon, mas conseguiu convencer o criminoso a devolver o valor. A história foi relatada pela vítima no X (antigo Twitter), no dia 14 de agosto, e já acumula mais de 5,4 milhões de visualizações.
A consumidora contou que queria comprar uma cama que, em 12 de agosto, custava R$ 1.070 com frete incluso. Dois dias depois, ela encontrou o mesmo produto por R$ 517 e decidiu adquiri-lo.
Após finalizar a compra, ela recebeu uma mensagem no WhatsApp de alguém que se passou por atendente do suporte administrativo da Amazon. O golpista afirmou que a cama não poderia ser entregue pelos Correios e perguntou se a jovem gostaria de mudar o modo de envio.
Nesse momento, a mulher percebeu que se tratava de uma fraude. "Vai roubar político, bilionário e não o pobre que já não tem o que comer", respondeu a vítima, acrescentando que precisava da cama porque estava dormindo em um colchonete.
EU LEVEI UM GOLPE NA AMAZON E O GOLPISTA FICOU COM PENA DE MIM E FEZ O REEMBOLSO
KKKKKKKKKKKKKKKKK NÃO TO ACREDITANDO pic.twitter.com/ASe4ZYJNIa
— caca • blossom (@mooncjisu) August 14, 2025
O criminoso achou a resposta engraçada e decidiu devolver o dinheiro. "Vou devolver seu dinheiro, no limite do seu cartão. Para de comprar coisa barata na internet, que é tudo golpe", disse. Ele ainda afirmou que comprar no Mercado Livre era "mais seguro", porque estava "rebentando" na Amazon.
O que diz a Amazon?
A Amazon afirmou, em nota enviada ao Estadão, que a segurança dos clientes é prioridade desde a fundação da empresa e que proteger a privacidade das informações dos consumidores é de "suma importância".
"Estamos investigando o tema, mas, até o momento, não temos evidências de nenhum evento contra a segurança dos sistemas da Amazon", declarou a companhia. "Mantemos medidas de proteção físicas, eletrônicas e processuais relacionadas à coleta, armazenamento e gestão de informações pessoais."
A Amazon reforçou que não solicita taxas ou pagamentos fora de sua plataforma. "Caso o cliente receba um link solicitando dinheiro ou informações pessoais, a recomendação é não selecionar e não fornecer nenhuma informação. Para mais detalhes do pedido, o consumidor pode acessar diretamente a sua conta da Amazon", informou.
A empresa acrescentou que colabora com autoridades brasileiras e órgãos de defesa do consumidor para prevenir fraudes e que envia alertas sobre golpes por canais oficiais, inclusive WhatsApp, sem solicitar informações pessoais nem repassar links suspeitos.
Quais os direitos do consumidor?
O advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em direito do consumidor, explica que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante ao cliente direito à informação adequada, à segurança e à reparação de eventuais danos.
No caso dos marketplaces - plataformas que reúnem diversos vendedores e preços em um mesmo site ou aplicativo, como Amazon, Mercado Livre e Shopee -, Ferri afirma que a responsabilidade depende de onde a fraude ocorreu.
"Se a transação foi realizada dentro da plataforma, com pagamento pelo sistema oficial, há responsabilidade solidária, e o consumidor pode acionar a Garantia A-a-Z da Amazon", aponta. "Mas, se a fraude ocorreu fora da plataforma - por exemplo, quando o golpista direciona a conversa para o WhatsApp e pede um Pix -, o entendimento majoritário do Judiciário é de que a plataforma não responde, porque o golpe se deu fora do seu ambiente seguro."
O advogado recomenda que, ao identificar o golpe, o cliente interrompa imediatamente o contato com o criminoso e registre um boletim de ocorrência - procedimento que pode ser feito pela internet, no site da Polícia Civil do seu Estado. O número do WhatsApp usado pelo golpista também deve ser denunciado à Meta.
Caso já tenha sido feita alguma transferência via Pix, é essencial entrar em contato com o banco e solicitar a devolução por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED). Ferri orienta ainda que o consumidor guarde todas as provas - como prints do anúncio, da confirmação do pedido e da troca de mensagens - e abra reclamações tanto na Garantia A-a-Z da Amazon quanto no Consumidor.gov, plataforma do governo federal que permite contato direto com as empresas.
Para se proteger, a recomendação é nunca concluir pagamentos fora do site ou aplicativo e consultar informações sobre pedidos apenas no menu oficial da plataforma. "É importante optar por meios de pagamento cobertos pelo marketplace, checar a reputação do vendedor e, quando possível, escolher a logística oficial", completa Ferri.