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Brasil caminha para a segunda década perdida em 40 anos, diz Goldman Sachs

O banco estima que entre 1981 e 2020, o crescimento real do PIB per capita deve ficar, na média, perto de 0,8%

3 mai 2019 - 18h05
(atualizado às 18h23)
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O crescimento econômico do Brasil tem sido uma sucessão de "decepções" e o País caminha para a segunda década perdida em 40 anos, avaliou o banco norte-americano Goldman Sachs nesta sexta-feira, 3. Assim como ocorreu nos anos 80, a renda real pode fechar a década atual com nova queda. "A economia estagnou nesta década até agora", observa a instituição, alertando que se o governo não fizer o ajuste fiscal e as reformas estruturais na economia, a próxima década também corre o risco de ser perdida.

"A realidade marcante e desconfortável é que o crescimento da renda real per capita do Brasil desapontou durante as últimas quatro décadas", ressalta o economista-chefe para América Latina do Goldman, Alberto Ramos. Ele observa ainda que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi uma decepção em 2017 e 2018 e a recessão de 2015 e 2016 registrou a maior contração da atividade em mais de 100 anos.

O banco estima que entre 1981 e 2020, o crescimento real do PIB per capita deve ficar, na média, perto de 0,8%. Nesse ritmo, vai demorar 87 anos para dobrar a renda per capita real dos brasileiros. Entre 1981 e 1990, a renda real encolheu 0,5% em média. Entre 2011 e 2018 recuou 0,3%. Nos últimos 40 anos, o melhor desempenho ficou no período 2001 a 2010, quando cresceu 2,5%.

A fraca recuperação da economia após a recente recessão, confirmada nesta sexta pela forte queda da produção industrial em março, de 1,3% ante fevereiro, pode refletir "danos estruturais aos principais motores de crescimento" da atividade, ressalta Ramos.

Enquanto a piora do PIB nos anos 80 foi em parte reflexo da crise da dívida externa brasileira e ampliada por choques internacionais, a atual década reflete uma sucessão de erros de política econômica e falta de reformas, ressalta o banco americano. O cenário externo, ao contrário dos anos 80, permanece no geral favorável ao Brasil, tanto em termos de liquidez internacional como em relação aos preços das commodities.

Infraestrutura

Agora, alerta o Goldman, mais do que fatores conjunturais, a fraqueza da economia brasileira pode estar mais ligada a questões estruturais e, neste ambiente, o envelhecimento da população brasileira vai ser um desafio adicional. Na próxima década, o País vai ter de investir e crescer enquanto o setor público encolhe, por causa da necessidade de ajuste fiscal, ressalta o relatório.

Comparado a outros países pares, o crescimento do PIB do Brasil no período 2011 a 2018 foi bem pior que durante os anos 80, destaca o relatório do Goldman.

"Se o país fracassar em resolver as crescentes questões da solvência fiscal no médio prazo e completar este movimento com amplas reformas estruturais para abrir a economia, aumentar o baixo estoque de capital físico e melhorar a produtividade/eficiência, a próxima década pode também ser perdida", ressalta Ramos, destacando que se isso ocorrer, o Brasil pode registrar 50 anos de estagnação.

Estadão
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