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BC reforça necessidade de cautela e flexibilidade na próxima reunião do Copom de junho

Segundo BC, resiliência da atividade econômica e força do mercado de trabalho são vetores negativos para colocar a inflação abaixo do teto da meta; novo crédito consignado privado também foi avaliado

13 mai 2025 - 08h28
(atualizado às 09h40)
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BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na ata da sua última reunião, que o cenário de "elevada incerteza" exige cautela adicional e flexibilidade para calibrar a taxa Selic no seu próximo encontro, dos dias 17 e 18 de junho. Na última quarta-feira, 7, o colegiado aumentou a taxa Selic de 14,25% para 14,75% ao ano, o maior nível desde julho de 2006.

"Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação", diz a ata publicada nesta terça-feira, repetindo um trecho do comunicado da semana passada.

Na discussão sobre o tema das expectativas de inflação, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê, conforme o parágrafo 13 da ata, foi o de que, em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma "restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado".

Na sua última reunião, o colegiado abandonou o forward guidance - que vinha sendo renovado desde dezembro, quando o Copom aumentou a Selic em 1 ponto porcentual e sinalizou mais duas elevações da mesma magnitude, em janeiro e março - e deixou os seus próximos passos em aberto.

Na semana passada, Copom, do BC, elevou juros para 14,75% ao ano
Na semana passada, Copom, do BC, elevou juros para 14,75% ao ano
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão

O Copom repetiu ainda as projeções de inflação que já haviam sido divulgadas no comunicado: de 4,8% para o fim de 2025 e de 3,6% para o fim de 2026, este último sendo o horizonte relevante da política monetária. A estimativa para o ano que vem está acima do centro da meta, de 3%, e considera altas de 3,4% para os preços livres e de 4,0% para os administrados.

A projeção para 2025 está acima do teto da meta, de 4,50%, e considera altas de 5,3% e 3,5% para livres e administrados, nesta ordem.

A ata traz que, para as próximas reuniões, o Comitê seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços. Também acompanhará de perto o repasse do câmbio para a inflação, após um processo de maior volatilidade na cotação do dólar frente ao real.

"Enfatizou-se que os vetores inflacionários seguem adversos, como a resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, expectativas de inflação desancoradas e projeções de inflação elevadas", enumerou.

Crédito consignado privado

O Copom também analisou o mercado de crédito sobre o impacto da nova modalidade de empréstimo - o consignado para o setor privado - para a economia. De acordo com a autoridade monetária, ainda há muita incerteza sobre efeito total desse tipo de financiamento, mas parte de seus reflexos já foi contemplada na decisão do colegiado de elevar a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano na semana passada.

A cúpula do BC explicou que incorporou em seu cenário-base "algum impacto" das alterações no consignado privado sobre o crescimento, mas majoritariamente por meio de uma elevação de renda disponível a partir da troca de dívidas. Isso, conforme o documento, tem efeito mais comedido sobre a projeção agregada.

"Ainda há muita incerteza sobre qual será o efeito total do programa, que ainda se encontra em período inicial, então o Comitê acompanhará os dados atentamente para refinar os impactos estimados sobre o mercado de crédito e sobre a atividade", considerou.

Tal medida, conforme a diretoria do BC, não deve ser interpretada como medida cíclica e representa, possivelmente, uma alteração estrutural no mercado. "De todo modo, na condução de política monetária, tais medidas serão devidamente incorporadas para a determinação apropriada da restrição monetária necessária para a convergência da inflação à meta", adiantou.

O colegiado voltou a dizer, no parágrafo 11, que o mercado de crédito se manteve-se pujante nos últimos trimestres em função do dinamismo do mercado de trabalho e da atividade econômica, contribuindo para o dinamismo da atividade.

"Recentemente, condizente com o cenário atual de aperto de condições financeiras e elevação de prêmio de risco, o crédito bancário tem apresentado inflexão, com elevação de taxa de juros, menor apetite ao risco na oferta de crédito e redução no ritmo das concessões de crédito."

Guerra comercial

A cúpula do Banco Central analisou ainda que o Brasil parece menos afetado pelas novas tarifas comerciais dos Estados Unidos do que outros países, mas que o País ainda sente o impacto da medida em função do cenário global adverso. Por isso, o Copom destacou que focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa para a inflação, cujos desafios estão "muito maiores" agora.

"O cenário externo mostra-se adverso e particularmente incerto. O choque de tarifas e o choque de incerteza, apesar de todas as tentativas de mensuração, ainda são de impacto bastante incerto", enfatizou o colegiado, acrescentando que as camadas de incerteza envolvem a própria determinação da política tarifária americana, a resposta tarifária dos demais países a essa política e a reação das empresas políticas. Esse conjunto de fatores deve levar a possíveis impactos em cadeias globais de produção, e a resposta dos consumidores às mudanças de preços.

Pela demonstração da cúpula do BC, o cenário atual se apresenta com incerteza "muito maior", o que já tem provocado mudanças nas decisões de investimento e consumo. "Ainda é cedo para concluir qual será a magnitude do impacto sobre a economia doméstica, que, por um lado, parece menos afetada pelas recentes tarifas do que outros países, mas, por outro lado, é impactada por um cenário global adverso", ponderou.

Além disso, a ata cita que as condições financeiras globais que prevalecerão serão particularmente importantes, em ambiente com incertezas econômicas e geopolíticas amplificadas. O documento explica que o cenário-base do Comitê nas últimas reuniões já contemplava dois eixos: um aumento da incerteza e uma deterioração do cenário de crescimento global, com desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana. "Ambos os vértices se deterioraram e se aprofundaram", concluiu.

Estadão
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