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Analistas recomendam cautela com ações de estatais

Volatilidade causada pelas pesquisas de intenções de votos é inevitável, dizem especialistas

23 jun 2018 - 04h04
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Em ano de eleições presidenciais, a recomendação generalizada dos analistas para os pequenos investidores é de cautela com as ações das estatais. A volatilidade é inevitável, conforme são publicadas pesquisas de intenções de votos.

No caso da Petrobrás, o debate em torno dos efeitos das eleições sobre a empresa foi antecipado pela greve dos caminhoneiros, com o governo federal tomando medidas em relação aos preços dos combustíveis. O analista da Planner, Mário Roberto Mariante, lembra que as discussões sobre a cessão onerosa no Congresso também têm afetado os papéis.

Já as ações da Eletrobrás têm oscilado conforme a discussão em Brasília sobre a venda das distribuidoras da companhia e seu processo de privatização. "O cenário político está dominando a cena", diz Mariante.

A equipe de análise do Santander diz que é natural que as ações de estatais permaneçam voláteis nos últimos meses que antecedem uma eleição presidencial. "Embora a Lei das Estatais tenha introduzido uma série de medidas com o objetivo de profissionalizar a gestão destas empresas, ainda há certo receio por parte dos investidores de que a ingerência estatal possa prejudicar o desempenho econômico delas. Deste modo, recomendamos manter uma exposição reduzida em ações de companhias estatais até o término das eleições, com um porcentual entre 10% e 20% do capital alocado numa carteira de ações", escreve o time do banco.

Para as ações da Petrobrás, a visão é de cautela, pois devem permanecer pressionadas ao menos até que haja uma definição em torno da nova política de preços.

Mas, dentro da categoria de "empresas estatais", é necessário distinguir companhias que estejam mais ou menos expostas ao ciclo eleitoral. As instituições financeiras Banco do Brasil e do Banrisul, por exemplo, apresentaram resultados recentemente que corroboram com a expectativa dos analistas do Santander de melhora gradual do ambiente de crédito e inadimplência.

Vitor Suzaki, analista da Lerosa, lembra que, em função dos riscos, as ações das estatais são negociadas com desconto em relação a concorrentes dos seus respectivos setores. "Das empresas vinculadas à União, a tendência é negativa para as ações da Eletrobrás, com a dificuldade em seu processo de privatização, como pôde ser observado nesta semana com o adiamento da votação do projeto que permitiria a venda de suas distribuidoras deficitárias", diz Suzaki.

Por sua vez, o Banco do Brasil tem sido, neste atual governo, menos afetado, na comparação com os anteriores, e tem recuperado rentabilidade, explica Suzaki. "Já Petrobrás teve sua credibilidade manchada com a greve dos caminhoneiros, cujo resultado principal ficou por conta da demissão de Pedro Parente e do aumento do nível de desconfiança dos investidores em relação ao grau da interferência governamental, que custou tão caro nos governos anteriores", diz.

Sergio Goldman, analista da Magliano, explica que, a longo prazo, a expectativa é de que as estatais apresentem ganhos de eficiência e melhores práticas de governança corporativa. "A cereja do bolo é a privatização, mas, obviamente, isso irá depender de quem será eleito, tanto na eleição presidencial quanto em alguns Estados relevantes tais como São Paulo, Minas Gerais e Paraná", afirma.

Estadão
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