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Amazon amplia operação própria e bate de frente com gigantes do varejo no País

Empresa americana alugou centro de distribuição em Cajamar para fazer distribuição própria de 120 mil produtos, como fraldas, eletrônicos e itens de beleza

22 jan 2019 - 05h11
(atualizado às 08h48)
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Fraldas, ferramentas, produtos de limpeza, de beleza e aparelhos para a casa se espalham pelos 40 mil m² do primeiro centro de distribuição da Amazon no Brasil. O espaço, equivalente a seis campos de futebol, é o símbolo de um aguardado movimento da gigante global de e-commerce no País. Passados mais de seis anos de sua chegada ao Brasil, a Amazon finalmente começa nesta terça-feira, 22, a trabalhar com estoque próprio de 120 mil produtos e a vender diretamente ao consumidor final.

Desde 2017, a gigante americana só vendia esses itens por market place, ou seja, de forma terceirizada. A única operação própria era de livros. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente da varejista no País, Alex Szapiro, diz que o centro de distribuição próprio é uma "evolução" da operação brasileira da companhia.

A notícia sobre o movimento da Amazon rumo a uma operação própria afetou os papéis das principais varejistas online do País. A B2W (dona de Submarino e Americanas.com) teve queda de 3,26%, para R$ 44,40, enquanto Magazine Luiza recuou 4,13%, para R$ 167. "Uma plataforma como essa é uma concorrência direta. É um alerta, acende uma luz vermelha", diz Louise Barsi, analista da Elite Corretora.

Logo da Amazon em centro logístico da empresa na França
Logo da Amazon em centro logístico da empresa na França
Foto: Pascal Rossignol / Reuters

O BTG Pactual, em relatório, relativizou a questão: "Apesar do sucesso da Amazon em mercados como Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos e da forte posição da empresa na Índia e no Japão, esperamos que no Brasil a companhia continue enfrentando competição por parte de empresas bem estabelecidas." Segundo Pedro Guasti, presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomércio-SP, o movimento da Amazon aproxima a operação brasileira do padrão internacional em quantidade de itens ofertados e prazos de entrega. Para ele, é uma evolução "ainda tímida, mas consciente".

A Amazon não revela valores investidos no centro de distribuição de Cajamar, região metropolitana de São Paulo. O espaço alugado pertence à operadora de galpões Prologis. O processo de empacotamento é majoritariamente manual, com auxílio de máquinas. Segundo a Amazon, há etapas do processo que são mais eficazes quando feitas por seres humanos.

Apesar de, por enquanto, não trabalhar com alimentos, a Amazon vai entrar em produtos vendidos em supermercados, como itens de limpeza. Essa estratégia é adotada também pelo Magazine Luiza desde 2017. Segundo especialistas, esses produtos garantem fidelidade e alta frequência de compra. Nos EUA, o avanço da Amazon nessa área motivou a aquisição dos supermercados Whole Foods.

Por aqui, a Amazon mantém sigilo dos planos. "Mais que concorrer com A ou B, queremos ter certeza que, desde a hora em que o cliente acorda até a hora em que ele vai dormir, tenhamos disponíveis os produtos do seu consumo", diz Szapiro.

Frete

A proposta da Amazon é oferecer frete grátis para compras acima de R$ 149, no caso de entregas padrão, de até uma semana. Para capitais do Sul e do Sudeste, existe a entrega rápida em até um dia, que é cobrada. Simulação feita pela reportagem para a capital paulista mostrou uma taxa de R$ 10,90.

O centro de distribuição da Amazon vai atender apenas os produtos da empresa. Por enquanto, a gigante não vai prestar serviços de armazenamento e entrega a seus vendedores de market place, o chamado Fulfillment by Amazon. Segundo Guasti, esse seria um passo natural para a empresa no Brasil. Questionado, Szapiro não quis comentar o assunto.

Três perguntas para Alex Szapiro, presidente da Amazon no Brasil

1. Por que, depois de tantos anos, a companhia decidiu operar numa forma mais tradicional de varejo, comprando e estocando mercadorias?

Houve uma evolução. É um caminho, não vamos parar por aqui. Tem muita coisa que vamos olhar nos próximos anos.

2. Há chance de a empresa oferecer entregas em duas horas no País, como faz em NY e Londres?

Nosso sonho é fechar os olhos e ter absolutamente tudo o que você está procurando na Amazon. Aqui, estamos falando de um momento diferente. Seis anos no Brasil é uma história curta. Quando se pensa em longo prazo, temos muita coisa para trazer. O Prime Now, esse serviço que permite as entregas em uma ou duas horas, não existe aqui. Mas digo o seguinte: fiquem sintonizados. Tenho certeza que, não só em 2019 como nos próximos anos, muita coisa vai acontecer.

3. Como será a política de preços para os itens de estoque próprio?

Estamos sempre preocupados em trazer uma boa oferta ao consumidor. Mas não adianta preço se o produto acabou no inventário e demora para voltar. Ou se você compra e, em vez de receber no prazo, leva mais tempo. Para surpreender de uma forma positiva o cliente, preço é importante, mas é só um dos componentes.

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