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Tuca Andrada luta para se destacar como Téo em 'Poder Paralelo'

31 out 2009 - 17h51
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Mariana Trigo

Tuca Andrada é uma espécie de "cabra da peste". Nascido em Recife, o ator demonstra uma maturidade serena ao esmiuçar sua trajetória. Mesmo assim, quase teve de usar "peixeiras" para poder se destacar na tevê. No início da carreira, chegou a se desdobrar em vários empregos para sobreviver, até que conseguiu se sobressair como o vilão Ladislau em Dono do Mundo, pouco depois de sua estreia na televisão.

Após diversos personagens perversos, entremeados por parcos mocinhos em seus 19 anos de carreira na tevê, Tuca se orgulha de viver o correto policial Téo em Poder Paralelo, na Record. Como delegado da trama de Lauro César Muniz, o ator de 45 anos acredita que passou uma borracha em sua imagem de vilão na tevê para começar uma nova fase de personagens mais humanizados. "O Téo limpou minha imagem de vilão. Mesmo fazendo alguns mocinhos, foi essa a imagem que ficou marcada em mim. Por isso, esse trabalho tem tamanha importância na minha carreira. É um personagem denso, completo, apaixonado", derrama-se.

Você sempre se destacou em vilões na tevê. Que avaliação você faz do Téo nesta reta final da trama, um mocinho que é um policial incorruptível numa trama recheada de vilões mafiosos?

Ele é um tipo muito raro e um papel diferente mesmo na minha carreira. O Téo faz parte da polícia e conseguiu não se corromper. É a banda boa da polícia, a minoria. Um cara honesto, íntegro, completamente apaixonado pela mulher Marília (vivida pela Maria Ribeiro). Mas, atualmente, vive uma fase muito difícil. Está sendo abandonado pela mulher. A Marília impôs que eles deveriam ficar juntos se ele se desligasse das investigações da máfia e da amizade com o Tony, do Gabriel (Braga Nunes). Mas isso atrapalha os planos dele, principalmente agora, que já está bem infiltrado na máfia. Ele é denso demais, vive um conflito grande: a mulher que ama ou o trabalho? Mas ele é otimista, acha que tudo vai dar certo, que vai conseguir prender essa quadrilha que conseguiu localizar quase que por acaso. É um cara que tem um lado muito sensível, é músico. Isso dá um contraponto muito bom para o personagem. Não é só o durão, o policial. Mesmo como policial, ele não é tão severo, consegue negociar, só usa a violência em último caso. É um personagem difícil de fazer hoje em dia.

Por quê?

A polícia é sempre retratada como corrupta e até é em sua maioria. Não tive contato com policiais e nem procurei ninguém da polícia para esse trabalho porque acho que a ficção e a realidade não se misturam. O texto do Lauro já me traz os subsídios necessários, é bem montado. Não houve necessidade de fazer algum laboratório. Penso dessa forma como ator. Quando o texto me dá o que necessito, relaxo.

Mas ele toca clarinete. Você não chegou a fazer aulas para dublar o instrumento?

Fiz. Na verdade, essa foi minha única dedicação externa com esse personagem. Aprendi como manejar, como montar o instrumento, tinha de ter uma noção básica para poder iludir. Sou dublado. De fato, não toco. Precisaria de muitas aulas treinando, mas não tenho tempo e nem aptidão.

Você compôs seu personagens de forma aparentemente muito simples. Não pensou em se aprofundar com a história da máfia no início da trama?

Fui criando o Téo à medida que fui gravando. Tive pouco tempo para prepará-lo. Havia acabado de sair de Caminhos do Coração e, três semanas depois, já estava gravando na Itália. Foi muito intuitivo. Li o livro Gomorra, de Roberto Saviano, e assisti a muitos filmes sobre a máfia, porém apenas como uma ilustração. Os personagens do Lauro são bem definidos desde a sinopse. Tanto que nem sempre é preciso mais pesquisas. Não assisto filmes para me influenciar para o personagem, mas apenas para entrar naquele clima específico.

Você já assumiu outras vezes que tem uma afinidade específica com o texto do Lauro César Muniz. Já protagonizou outra trama dele, Cidadão Brasileiro, sua estreia na Record. De que forma essa intimidade com o texto e essa parceria tem conduzido sua carreira?

Vim para a Record por causa dele. Queria fazer Cidadão Brasileiro. Viramos uma parceria. Ele sabe exatamente o que quer dos atores. Isso é muito legal. Ele já escreve pensando no ator específico. Desde Cidadão, eu e o Gabriel (Braga Nunes), criamos muita cumplicidade cênica. Sabia que agora também iríamos contracenar. Não é à toa que essa novela é cheia de embates entre o Téo e o personagem do Gabriel. O Lauro sabe que a gente vai dar exatamente o que ele quer. Tomara que essa parceria com os dois continue por muitos anos. Me identifico com o estilo de ambos.

O Lauro sempre fez novelas contando grandes sagas, como O Casarão. Esse é o tipo de história que mais o atrai?

Atrai muito. Adoro essas grandes sagas dele, a abordagem mais sutil das questões do dia a dia. Mesmo assim, não tem jeito. Em todas as novelas, a história é recontada várias vezes, faz parte do gênero. Não fiz nenhuma trama até hoje que não ficasse pelo menos alguns meses falando a mesma coisa, reclamando da mesma coisa. Essa característica está na maioria das novelas. O personagem se separa da mocinha, depois só volta no final. É sempre assim.

Como fica a relação do personagem Téo com a Marília? Vai ter essa previsibilidade do final feliz?

Ele continua atrás dela, é apaixonado por ela. Esse homem faz tudo o que pode para reconquistá-la. Na verdade, ele não a perdeu. Ela se afastou porque não concorda com a conduta do Téo. Não consegue entender que ele está na máfia apenas infiltrado. A Marília acredita que ele está se envolvendo demais naquela lama, que ele vai acabar sendo corrompido. Mas ele não se corrompe. Ele tem uma ética e um senso de honestidade muito forte. O Tony deu uma grana para o Téo para tê-lo nas mãos e o Téo foi obrigado a gastar esse dinheiro com a cirurgia que salvou a mãe da Marília. Muitas coisas vão acontecendo na vida dele. Dessa forma, cada vez mais ele está na mão do Tony. Mas não sabemos ainda se o Tony é mafioso. Isso é intencional. O Téo sente que aquele cara é um agente americano, da DEA, que é o departamento anti-drogas dos Estados Unidos, mas ele não tem certeza. Isso faz com que ele balance. O plano dele e o que vai acontecer é que o Téo usa o Tony para chegar na máfia inteira e entregá-la para a polícia. É um personagem que eu queria fazer há muito tempo, bem diferente daquela linha fantasiosa de Caminhos do Coração.

Mas foi com o Eric, de Caminhos do Coração, que você teve maior retorno do público com um personagem. Como você lida com essas disparidades?

Realmente foi o papel que tive maior popularidade na minha carreira. Não estou jogando confete em mim. Eu era muito assediado. Cheguei a ter de sair de um shopping em Recife com seguranças. Mas gosto mesmo de papéis que possa elaborar. Isso é o que me instiga. O que não me instiga e não me dá tesão, não acho muita graça. A trama realmente era bem diferente, não teve parâmetros com nada que já fiz na tevê até hoje. Mas era quadrinhos, filme de ação, bangue-bangue, uma brincadeira. Qualquer coisa cabia ali. Aquilo poderia continuar durante anos e virar uma série como de tevê americana. Mas me incomodaria ficar estigmatizado como o vilão infantil. De um modo geral, evito aceitar os vilões e o papel do Téo na minha vida é esse: acabar com minha cara de vilão, trazer o novo, me diferenciar.

Determinação sagaz

Tuca Andrada não abre mão de sua autonomia. Sempre com contrato curto nas emissoras em que trabalha, o ator prefere não fazer planos a longo prazo, principalmente com sua carreira. Afinal, se acostumou às intempéries da profissão ainda em Recife, onde nasceu.

Decidido a ser ator desde a infância, Tuca só deixou Pernambuco aos 21 anos, quando acreditou que iria se sobressair como ator no Rio. Chegou a cursar aulas de interpretação na CAL - Casa das Artes de Laranjeiras -, fez a peça Pequenino Grão de Areia, de João Falcão, até começar a ficar conhecido como ator de teatro. "Quando atuei no musical A Estrela Dalva, não parei mais. Comecei a conhecer pessoas da tevê, fazer testes. Quando você faz tevê e emplaca, tudo muda", avalia.

A identificação com os musicais foi imediata, tanto que Tuca já atuou em sete projetos do gênero, como O Beijo da Mulher Aranha, Rocky Horror Show, Crioula e como o personagem-título de Orlando Silva - O Cantor das Multidões, entre outros. "Sempre faço cursos de voz e de dança. Já fiz aulas com a coreógrafa Deborah Colker. Cuido muito do meu físico, corro, nado, faço musculação. Estou sempre em forma", afirma.

Vilão inesquecível

Um dos papéis mais marcantes da carreira de Tuca Andrada na tevê foi quando interpretou o maquiavélico Kaike. Mau-caráter, o personagem fazia um triângulo amoroso com Bárbara, de Giovanna Antonelli, e Paco, o mocinho interpretado por Reynaldo Gianecchini em Da Cor do Pecado, de João Emanuel Carneiro. "Esse marginal foi um dos melhores papéis da minha carreira. Fiz muito sucesso e aprendi muito a lidar com o público com esse trabalho", lembra Tuca.

Trajetória Televisiva

Tuca Andrada acredita que passou uma borracha em sua imagem de vilão na tevê para começar uma nova fase de personagens mais humanizados
Tuca Andrada acredita que passou uma borracha em sua imagem de vilão na tevê para começar uma nova fase de personagens mais humanizados
Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / TV Press

Mico Preto (Globo, 1990) - participação.

O Dono do Mundo (Globo, 1991) - Ladislau.

Anos Rebeldes (Globo, 1992) - Ubaldo.

Fera Ferida (Globo, 1993) - Carlos.

As Pupilas do Senhor Reitor (SBT, 1995) - Pedro.

Vira Lata (Globo, 1996) - Toco.

O Amor Está no Ar (Globo, 1997) - Vicente.

Era Uma Vez... (Globo, 1998) - Danilo.

Suave Veneno (Globo, 1999) - Rubem.

Sãos & Salvos (TV Cultura, 2000) - Kiko.

Porto dos Milagres (Globo, 2001) - Leôncio.

As Filhas da Mãe (Globo, 2001) - Nicolau.

Sabor da Paixão (Globo, 2002) - José Carlos.

Da Cor do Pecado (Globo, 2004) - Kaike.

Cidadão Brasileiro (Record, 2006) - Homero.

Caminhos do Coração (Record, 2007) - Eric.

Poder Paralelo (Record, 2009) - Téo.

Fonte: TV Press
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