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Roteirista de "Família Soprano" vê produções "mais interessantes" na TV

19 mai 2017 - 18h58
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Alicia G. Arribas.

Redação Central, 19 mai (EFE). - Roteirista de famosas séries de TV como "Família Soprano" e "Boardwalk Empire: O Império do Contrabando", Terence Winter afirmou nesta sexta-feira, em entrevista à Agência Efe, que atualmente "o melhor trabalho, e o mais interessante, está sendo feito para a TV".

"Infelizmente, nos últimos 30, 40 anos, os autores tiveram que fazer 'blockbusters' que devem gerar lucros de milhões de dólares no mundo, e para isso se dobram ao menor denominador comum: super-heróis, histórias de amor ou de robôs. É muito triste ter que reduzir tudo a isso. As sutilezas da linguagem já não mais necessárias. O que faz sucesso é filme de ação, isso sim. Felizmente, temos a TV, que nos permite contar histórias mais longas", disse o roteirista, de 56 anos.

O nova-iorquino, que esteve em Madri para dar uma palestra a convite do Sindicato dos Roteiristas ALMA, acredita que escrever séries como "Família Soprano" e "Boardwalk Empire: O Império do Contrabando" é um pouco como fazer novela épica.

"São 50, 80 horas. Você fica com os personagens durante anos, explora sua história, sua família, seus sentimentos. Sem dúvida a TV é muito melhor", argumentou.

Apesar de ter sido indicado ao Oscar de melhor roteiro por "O Lobo de Wall Street" (2013), ele acredita que televisão permite trabalhos de mais qualidade.

"Existem histórias que ficam melhores para a televisão, precisam de mais tempo. Em 'Boardwalk Empire', por exemplo, nós só conhecíamos coisas muito básicas de Al Capone. Eu tive 56 horas para vê-lo crescer e se tornar esse personagem tão poderoso", explicou.

Ele revelou que o mais difícil em um roteiro é "criar o argumento" e que sua maneira de trabalho é diferente dos escritores "que deixam o roteiro voar sem saber como acabará".

"Para eles talvez seja bom assim, eu faço diferente. Eu preciso saber aonde vou. É como se eu entrasse em um carro para ir a Barcelona sem mapa. É mais trabalhoso. Mas se eu sei para onde vou, sei como vou fazer", disse.

Vencedor de vários Emmys, o principal prêmio da TV americana, ele defendeu que para fazer uma grande série, ou um bom filme, é preciso "seguir o instinto e confiar em si mesmo".

Ele revelou que gostaria de ter participado de "Mad Men: Inventando Verdades" e disse que se considera sortudo por estar cercado de pessoas talentosas, apesar de ter todos os ingredientes não ser garantia de sucesso, como aconteceu com a série "Vinyl", uma das mais esperadas de 2016 e na qual tinha como colegas na equipe nomes como Martin Scorsese e Mick Jagger.

"O problema foi a forma como foi apresentada e como foi programada, As críticas eram boas, mas fomos colocados antes de 'The Walking Dead'. Ninguém viu Vinyl". Foi um desastre, mas não pela série. Foi falta de sorte", sustentou.

Mesmo amando a TV, para ele "o cinema deve ser eterno".

"Não existe nada melhor do que entrar em uma sala de cinema e ter aquela experiência coletiva, mas o mundo está mudando, assim como a tecnologia e os modelos de negócio. Só espero que mantenhamos a qualidade", advertiu.

O próximo passo é escrever um livro de memórias. São tantas que precisaria começar agora.

Atualmente, ele está terminando uma adaptação para o cinema de um livro de gângsteres dos anos 80, "Murder Machine", e um filme biográfico para o cinema sobre o pintor Andy Warhol que será interpretado por Jared Leto.

Sobre a TV, ele deixa um suspense no ar.

"Não sei se vou conseguir fazer, mas quero voltar à comédia, como comecei. Talvez com capítulos de meia hora", afirmou.

aga/cdr/id

EFE   
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