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Em novela, gay usa rabo de cobra para funcionar com mulher

Enrustido, ‘Tigrão’ recorre a amuleto africano para transar como hétero em ‘O Outro Lado do Paraíso’

14 nov 2017 - 10h46
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Samuel, o gay que não se aceita: casamento de aparências e encontros secretos com michês
Samuel, o gay que não se aceita: casamento de aparências e encontros secretos com michês
Foto: Raquel Cunha/TV Globo

Em tempos de discussão sobre cura gay, um personagem de novela encontrou uma maneira inusitada de ‘reverter’ sua homossexualidade por uma noite.

No capítulo de segunda-feira (13) de ‘O Outro Lado do Paraíso’, o médico Samuel (Eriberto Leão) finalmente ‘compareceu’: após tentativas frustradas, ele transou pela primeira vez com a namorada Suzy (Ellen Rocche).

Remédios convencionais para disfunção erétil não haviam surtido efeito. O psiquiatra só conseguiu reagir à sedução da bela enfermeira chacoalhando um guizo de serpente dado a ele por Mãe (Zezé Motta), a sábia matriarca do quilombo de Pedra Santa.

Diante do espelho do banheiro, Samuel mexe o tal apetrecho e parece entrar numa espécie de transe: “funciona!” Ao voltar para o quarto está com expressão de um garanhão de pornochanchada.

“Nossa, que olhar é esse?”, pergunta Suzy, só de lingerie, lânguida na cama. “Parece uma cobra pronta para dar o bote.” Sem parar de agitar o guizo, o médico pula sobre a loira: “Agora você vai conhecer o bote da cascavel”.

A moça, iludida e já apaixonada, acredita que aquela fúria sexual foi provocada por suas belas curvas. Mal sabe ela que, pouco depois de deixá-la em casa, o namorado vai contratar os serviços de um garoto de programa.

O psiquiatra mantém uma garçonnière onde recebe rapazes com frequência. Durante um encontro com um moreno musculoso, usou robe feminino e passou batom vermelho.

O relacionamento de fachada com Suzy é usado para agradar a mãe, a conservadora Adnéia (Ana Lúcia Torre). A divertida hipocondríaca adora exaltar a virilidade do filho e sempre cobra um neto.

Samuel sente pânico em decepcioná-la e, por isso, ofusca sua homossexualidade a todo custo. Ele vai além: desenvolveu homofobia internalizada. Mesmo sendo psiquiatra, não consegue a autoaceitação.

“Eu odeio ser o que eu sou”, disse ao se consultar com um amigo urologista. “Não sei por que nasci assim. Tenho horror de mim, entende? Nojo de mim, nojo.”

A trama do personagem interpretado com inspiração por Eriberto Leão vai do drama à comédia.

Samuel às vezes é mostrado em cenas tensas, nas quais encara o desconforto com o próprio desejo sexual e a pressão social para ser um macho acima de qualquer suspeita.

Já nas sequências com Suzy e Adnéia, nos jantares que a mãe zelosa prepara a fim de agradar a futura nora, o ‘Tigrão’ até ri do romantismo ingênuo da enfermeira.

Os dois vão se casar em breve. O autor Walcyr Carrasco quer explicitar a realidade oculta de homens com vida dupla.

A sociedade brasileira aceita marido adúltero ou que tenha uma amante, porém, se escandaliza com a homossexualidade ou a bissexualidade.

Há milhares de Samueis por aí: sofrem para parecer o que não são e manter sob sigilo a fonte de seu verdadeiro prazer carnal.

Como escreveu o pai da Psicanálise Sigmund Freud, “é quase impossível conciliar as exigências do instinto sexual com as da civilização”.

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Fonte: Especial para Terra
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