Crise? Com ótima audiência, TV resiste à ameaça da internet
Jornalismo ágil, boa teledramaturgia e polêmicos reality shows mantêm força da televisão
Quando a TV foi lançada no Brasil, em 1950, o sucesso imediato assustou a então inabalável indústria do rádio. Até disseram que o veículo baseado na voz seria extinto diante da força das imagens da televisão.
Quase sete décadas depois, o rádio continua relevante. O surgimento da internet – com variadas possibilidades de consumir música e notícias – impôs novo abalo, mas não o ameaçou de desaparecer da vida de milhões de brasileiros.
O mesmo fantasma rondou a televisão quando a web expandiu de maneira colossal. Mas, neste momento, as principais redes de TV continuam com boa audiência e faturamento crescente, apesar da concorrência da internet e da arrastada crise econômica.
A TV pode perder parte de seu público, porém continuará a ter importância. O Brasil ama a televisão. O aparelho está incorporado ao estilo de vida da maior parte das pessoas.
Chegar em casa e imediatamente ligar a TV é um hábito mais do que consolidado. Às vezes a sala está vazia, ninguém assistindo, cada morador da casa conectado em seu celular ou dedicado a outra atividade, mas a telinha está ali, transmitindo.
O jornalismo tem dado significativa contribuição para o (re)fortalecimento da televisão no País. Desde o início de 2014, quando foi deflagrada a Operação Lava Jato e, pouco depois, começou a crise político-partidária com a reeleição de Dilma Rousseff, o noticiário atraiu mais público e fez os telejornais alcançarem recordes no Ibope.
A teledramaturgia, que nos últimos anos sofreu um baque com produções problemáticas ou esquecíveis, vive agora uma fase vigorosa.
As atuais novelas da Globo elevaram os índices e as da Record, SBT e Band têm número relevante de telespectadores.
Reality shows como ‘Big Brother Brasil’ e ‘A Fazenda’ – do tipo ‘ame ou odeie –, já tiveram a morte prevista tantas vezes, contudo, permanecem no ar, devido à audiência satisfatória e ao lucro gerado aos canais.
Já talent shows como ‘MasterChef Brasil’ e o ‘Dancing Brasil’ mostram que é possível oxigenar o veículo com lufadas de criatividade. São conteúdos interessantes que se destacam em meio às mesmices e ao tosco.
E, aos poucos, num ritmo mais lento do que o necessário, as emissoras executam estratégias para aproveitar a internet, ao invés de, inutilmente, lutar contra o mundo virtual.
Dona televisão é uma sessentona enxuta, com seu smartphone em mãos, e que ainda tem vida longa.