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'As Noivas de Copacabana' completa 20 anos de estreia

7 jul 2012 - 14h43
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Mariana Trigo

Duas décadas atrás, estreou uma das minisséries de maior suspense da teledramaturgia: As Noivas de Copacabana. Assinada por Dias Gomes, Geraldo Carneiro e Marcílio Moraes, a trama da TV Globo foi baseada em uma história real. Certo dia, Dias Gomes, morto em 1999, soube de um misterioso serial killer que atuava em Niterói, no Estado do Rio. Era Heraldo Madureira, que assassinava mulheres vestidas de noiva. Isso bastou para que o novelista criasse o personagem Donato, um psicopata vivido por Miguel Falabella. Na trama de 16 capítulos, dirigida por Roberto Farias, Donato é um insuspeito restaurador de obras de arte com uma conduta aparentemente irrepreensível. No entanto, por ter sido traído e abandonado por sua noiva no passado, às vésperas do casamento, o personagem começou a se vingar de mulheres vestidas de noiva. Sua estratégia era procurar nos classificados a venda dos vestidos. Ao chegar para comprá-los, Donato seduzia as vítimas e, enquanto transava com elas, as matava no momento em que chegava ao orgasmo.

"Nos últimos anos tenho atuado mais como autor. Minha veia autoral anda cada vez mais forte. Mas gostaria de interpretar textos de outras pessoas se voltarem a me dar personagens com a qualidade do Donato. Ele me deu muito prestígio como ator", destaca Falabella.

A trama policial, recheada de suspense psicológico, mostrou a série de assassinatos cometidas pelo maníaco nas ruas de Copacabana. O bairro, um dos cartões postais da cidade, foi usado como cenário para gravar 50% das cenas da trama, o que ajudou com que a minissérie fosse vendida para mais de 20 países. No Brasil, além de 1992, a história foi reprisada na TV Globo em 1995 e em 1998, ambas já compactadas para oito capítulos. "O fato de o bairro ser uma espécie de personagem da trama deu autenticidade à história. Foi um trabalho que adorei dirigir", lembra Roberto Farias.

Logo no primeiro capítulo da produção, o assassino, investigado pelo detetive França, vivido por Reginaldo Faria - com a ajuda do delegado Adroaldo, personagem de Hugo Carvana -, atacou Maryrose, personagem de Patrícia Novaes. A vítima morreu estrangulada em uma assustadora praia deserta, pouco depois de se vestir de noiva. Mesmo com seu comportamento letal, Donato não despertava as suspeitas de sua noiva Cinara, interpretada por Patrícia Pillar, com quem não mantinha relações sexuais. Muito menos provocava qualquer desconfiança em sua tia Eulália, de Yara Lins, com quem mostrava ter uma relação bastante carinhosa.

"O interessante dessa minissérie é que a história foi mostrada com cumplicidade com o público, que sabia quem era o assassino. O telespectador acompanhava toda a tensão que antecedia os crimes", frisa Marcílio Moraes, um dos autores da trama.

No decorrer da produção, o assassino tirou a vida de diversas personagens de classes sociais distintas. Dentre as vítimas, Marilene, de Tássia Camargo, se destacava como uma professora suburbana. Ana Beatriz Nogueira vivia Fátima, filha de um pastor protestante. Já Christianne Torloni interpretou Kátia, uma socialite carioca que também foi morta por Donato. Já na mira do detetive França, o assassino finalmente caiu na armadilha do policial. O detetive pediu que a namorada Leiloca, interpretada por Branca de Camargo - uma hiponga que vendia artesanato na Praia de Copacabana -, colocasse um anúncio de vestido de noiva. Ao farejar a nova vítima, o personagem de Falabella finalmente foi preso em flagrante ao tentar matar Leiloca. "Tentei fazer esse detetive da forma mais real possível, fugindo do estereótipo. Mostrando uma forma natural de lidar com a profissão dele", avalia Reginaldo.

No entanto, no final da versão brasileira da história, Donato é solto por falta de provas e aparece no último capítulo assinalando mais um anúncio de classificados de venda de vestido de noiva. Já na versão vendida para o exterior, a minissérie termina com a prisão de Donato, o que mostraria ao mundo uma visão de que a Justiça brasileira seria eficaz e precisa. "Foi importante o público ver que um homem bonito e bem-sucedido poderia ser um assassino. Esse trabalho mostrou além das misérias humanas. Trouxe veracidade à teledramaturgia", analisa Marcílio.

Na minissérie, Miguel Falabella vivia um serial killer
Na minissérie, Miguel Falabella vivia um serial killer
Foto: TV Globo / Divulgação
Fonte: TV Press
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