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Aprimoramento das cenas de ação se destaca na TV

24 abr 2009 - 13h33
(atualizado às 13h57)
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Tiroteios, explosões, perseguições, lutas e imagens eletrizantes. As cenas de ação tão comuns no cinema têm dividido cada vez mais a atenção na teledramaturgia com dramas e romances.

Apesar de exigirem um crescente investimento em equipamentos de ponta para realizar com qualidade os efeitos especiais, essas tomadas têm atraído o interesse de diretores de TV pela curiosidade que despertam no público.

Caso de tramas como Vidas Opostas - que registrou crescentes números de audiência -, assim como Chamas da Vida, A Lei e o Crime e Poder Paralelo, todas da Record. A emissora percebeu que este filão também seria uma forma de despertar a atenção do público masculino.

Foi justamente pensando nesse grupo que, nesta semana, a Globo estreou Força-tarefa sob a direção de José Alvarenga, que começou a trabalhar na Globo justamente à frente do seriado de ação A Justiceira, em 1997.

"A produção de cenas de ação exige um investimento muito alto, em torno de 200% a mais que as cenas comuns. Mas é necessário bons roteiristas, como o Marcílio Moraes, que está na Record, para que o investimento compense", avalia Alvarenga.

Marcílio tem se especializado no gênero. Depois de Vidas Opostas, novela que retratava com uma lente de aumento a marginalidade no Rio, o autor arriscou discutir com mais profundidade temas polêmicos, como milícias e tráfico de drogas nas favelas cariocas em A Lei e o Crime, trama impulsionada por consecutivas cenas de ação relevantes na história.

"Não existe uma espetacularização das cenas de ação. O tratamento é sempre realista", acredita Ângelo Paes Leme, que vive o protagonista Nando no seriado. "As pessoas acreditam que produções de ação policiais são masculinas, que não agradam mulherzinhas. Mas os filmes de ação americanos rendem bilheteria de ambos os sexos. Mas acho que dificilmente faria algo parecido na Globo", analisa Marcílio.

Jorge Só, diretor de ação e dublê da Record, sentiu literalmente na pele a queda de investimento da Globo em cenas de ação nos últimos anos. Após ter trabalhado na emissora por 23 anos - estreou como dublê no seriado Armação Ilimitada, em 1985 -, há quatro anos Jorge comanda todas as explosões e tiroteios na Record.

De tanto apostar em tomadas de aventura, Jorge atualmente tem autonomia até para sugerir alguns "takes" para os diretores. Um de seus maiores orgulhos é descrever o passo-a-passo de uma das tomadas de maior impacto de Poder Paralelo: a explosão de um carro gravada com uma câmara "high speed", um dos equipamentos de ponta recém-chegados de Los Angeles para a emissora - o aparelho permite registrar com alta definição cada detalhe de uma explosão em câmara lenta.

"Trago o que há de mais novo nos filmes em Hollywood. Uso cabos de aço puxando dublês, como no filme 'Matrix', e até usei o cinto que fazia o Homem-Aranha voar em 'Os Mutantes'", orgulha-se Jorge. "Esse tem sido o grande diferencial na Record: dar condições dos diretores trabalharem com uma alta tecnologia", elogia Ignácio Coqueiro, diretor de Poder Paralelo.

Menos entusiasmada com tramas policiais e impactantes tiroteios, a Globo tem voltado a produzir cenas de ação em suas produções através de aventuras. Em Negócio da China, por exemplo, a emissora apostou em tomadas de lutas e perseguições, como a cena em que Liu, personagem de Jui Huang, era perseguido por mais de 30 dublês chineses em cenas repletas de golpes de kung fu. Isso sem falar nas acrobáticas manobras de Flor de Liz, vivida por Bruna Marquezine, que muitas vezes levitava nas cenas de ação. "Sou apaixonado por filmes de lutas e amo kung fu.

Achei curioso levar esse universo 'Kill Bill' para o horário das seis", anima-se Miguel Falabella, autor da trama, referindo-se ao filme do diretor Quentin Tarantino.

Força-tarefa, de Fernando Bonassi e Marçal Aquino, é voltado para o público adulto. As cenas de ação têm uma grande preocupação em atrair pelo impacto visual e foram inspiradas nos seriados policiais americanos. "Não é fácil gravar uma cena que chega a levar uma hora e meia para ser gravada. A execução é mais complicada, trabalhosa. Mas, se der certo, podemos pensar numa segunda temporada", avisa Marçal. "Espero que emplaque porque sou viciado em produções de ação. Estou feliz com essa retomada da Globo", torce Murilo Benício, que vive o Tenente Wilson, protagonista do seriado.

Garantia de êxito

Acidentes de trabalho não devem fazer parte das cenas de ação. Por isso, o cuidado com a segurança dos dublês e a salubridade dos atores é primordial nas tomadas mais violentas. Em Chamas da Vida, da Record, durante as gravações de um incêndio seguido de explosão, houve muita cautela para que não houvesse riscos que estilhaços e chamas atingissem os profissionais.

A maior tensão foi a explosão de uma janela e o alcance dos estilhaços de vidro. Nesses casos, a equipe de cenografia trabalha em parceria. Por isso, cobriu as paredes com painéis de proteção, além de trocar o vidro grosso por um bem fino, o que não comprometeria o efeito da explosão. "Hoje em dia, só trabalho com 100% de segurança para minha equipe e os atores. Vasculhamos todas as possibilidades de erros para fazer um trabalho seguro", assegura o dublê e diretor de ação Jorge Só.

Em tomadas que os atores tambémcontracenam com os efeitos da natureza, os cuidados precisam ser ainda maiores. Na trama Três Irmãs, da Globo, Dennis Carvalho teve de usar dublês surfistas nas cenas de grandes ondas gravadas em Bali com manobras radicais. Para registrar as tomadas embaixo da água, a equipe da novela contou com a ajuda do surfista e cinegrafista Gustavo Marcolini, renomado em imagens de surfe.

"Temos sempre de aliar emoção com segurança. Para fazer essas cenas, nos programamos de acordo com a natureza. O roteiro foi alterado conforme o tamanho das ondas", explica Dennis.

Instantâneas

# As cenas de ação com guerras e lutas na minissérie A Casa das Sete Mulheres, da Globo, chegavam a contar com mais de 100 figurantes.

# Em Armação Ilimitada, seriado da Globo, Kadu Moliterno levou um grande susto ao gravar uma das cenas de ação em uma lancha que explodia. Ao serem resgatados por um helicóptero no mar, Kadu, que vivia Juba, e Lula, de André di Biase, não conseguiam se agarrar na aeronave e caíram na água de uma altura de um prédio de 12 metros.

# Carlos Lombardi é um dos autores da Globo que mais aposta em cenas de ação em suas novelas. "Tinha dias que eu despencava de um precipício, no outro batia com o carro e depois pulava no mar", lembra Marcos Pasquim, que vivia o sarado Esteban em Kubanacan.

# Alexandre Avancini, diretor de A Lei e o Crime, da Record, assume que se baseia em filmes de ação americanos para as cenas da produção.

'Poder Paralelo' produziu cena de explosão de helicóptero
'Poder Paralelo' produziu cena de explosão de helicóptero
Foto: Rede Record / Divulgação
Fonte: TV Press
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