Paulo Mathias Jr. se entrega à paixão pelo humor: 'Gosto de fazer a vida das pessoas mais leve'
Em entrevista à CARAS Brasil, Paulo Mathias Jr., que está no teatro com a comédia Corte fatal, ainda lembra com carinho de sua passagem pelo Zorra Total, da Globo
A comédia Corte fatal chegou ao Brasil após 45 anos em cartaz nos Estados Unidos. O texto do alemão Paul Pörter, que já foi montado em 30 países, ganhou adaptação e direção de Pedro Neschling (42) e está empolgando o público que vai ao Teatro das Artes do Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. Em entrevista à CARAS Brasil, o ator e humorista Paulo Mathias Jr. (42), que está no elenco da peça ao lado de grandes nomes como Cristiana Oliveira (61) e Carmo Dalla Vecchia (53), dá detalhes sobre o projeto e ainda relembra sua passagem pela TV Globinho e Zorra Total, da TV Globo.
Adaptada para os tempos atuais, a história de Corte fatal é centrada em um salão de beleza situado no andar térreo de um pequeno prédio no bairro de Botafogo, no Rio, onde mora, no primeiro andar, uma famosa cantora reclusa. Pelo salão circulam um cabeleireiro, dono do estabelecimento, uma cliente endinheirada, esposa de um deputado, um vendedor de antiguidades, dois clientes misteriosos que chegam sem hora marcada e uma manicure - e é exatamente ela quem anuncia: "A cantora foi assassinada". A partir daí, todos se tornam suspeitos e começa a caça ao criminoso misterioso.
O espetáculo é estrelado também por Fernando Caruso (44), Douglas Silva (36) e Hylka Maria (39). "Eu faço o personagem Marcio Tomas na peça. Ele é um cara que para no salão de cabeleireiro do Tony, que é o personagem do Carmo Dalla Vecchia, para cortar o cabelo. Essa é uma peça que não pode dar tantos spoilers assim, mas vamos lá (risos). Acontece um assassinato e o meu personagem se revela, após esse assassinato. E eu faço uma dupla com o Fernando Caruso, que é o Nicolas. A gente faz uma dupla que com humor ajuda nessa interatividade, porque a peça é muito interativa. A plateia participa. A gente conduz um pouco essa interatividade com a plateia, sempre com muito humor", conta o artista.
Corte fatal - que fica em cartaz no Rio até o dia 1º de junho - atrai por essa característica diferente citada por Paulo: a interatividade. Além dos seis atores no palco, o público é transformado no "sétimo personagem" - em um determinado momento da peça, ele passa a ser um elemento atuante e ajuda a determinar o rumo da história, que pode ter vários finais diferentes. "Como é uma peça interativa, cada dia é de um jeito. A plateia ajuda a conduzir a peça, e até escolhe alguns rumos que a peça vai seguir. Como tem essa interatividade, eu e o Caruso fazemos essa ponte - todos se relacionam com a plateia, mas eu e Caruso temos mais essa incumbência de fazer essa ponte do público com a peça e com os outros personagens", ressalta o artista.
Consequentemente, tem muitos improvisos e muita diversão, garante o humorista. "Vira e mexe, a gente fala alguma coisa que não estava no roteiro. Eu falo, ou o Caruso fala ou a própria plateia fala alguma coisa que a gente não está esperando. Então, sempre tem, todo dia tem, geralmente, uma coisa diferente, coisas novas que a gente não estava esperando (risos). E já aconteceram várias vezes da gente rir ali em cena, do elenco não conseguir se segurar. Sempre tem! Teatro é assim, mas essa peça, particularmente, cada dia é uma peça diferente", frisa.
FEEDBACK DO PÚBLICO
Paulo Mathias Jr. diz que o feedback do público está sendo bastante positivo e que está achando muito interessante, e reforça: "A interação que tem na peça não é aquela interação que estamos acostumados, que a gente escolhe quem do público vai participar, ou que a gente expõe alguém do público. Não. As pessoas não precisam ter medo de ir à peça, de ficarem com receio: 'Ah, eu não gosto de peça interativa, vão me escolher, vão me sacanear (entre aspas)'. Não, não tem isso. A plateia que escolhe participar. A gente precisa que a plateia nos ajude a contar a história. Aconteceu um assassinato, tem que ter a reconstituição do crime. Os únicos que assistiram são aqueles que estão ali sentados, então eles têm que ajudar isso acontecer. Quem matou? Eles viram. Cadê? Quem foi? Então, quem quiser falar, fala".
"E a interatividade, a reação da plateia, até hoje graças a Deus (risos), tem sido maravilhosa. Eles participam muito. É impressionante! Até a gente tem que pedir: Calma! Não, peraí. Calma, cada um de uma vez. Você primeiro'. Porque tanta gente quer falar, participar, ajudar na resolução da história do crime (risos). É muito interessante o que tem acontecido nessa peça, e com o público dessa peça. Avisaram pra gente: 'Olha, a plateia participa muito'. Mas chegamos a duvidar, desculpe, uma certa hora nos ensaios. Mas cara, participam muito, muito mesmo (risos). É impressionante como eles ficam ansiosos em querer ajudar. É muito legal. O boca a boca tem sido muito bom, eles saem falando muito bem da peça. As pessoas voltam para poder perguntar outras coisas, para poder ver outro final, porque são vários finais. Eles querem ver outro final da peça. É muito interessante", emenda o ator.
Paulo tece elogios aos seus colegas da produção. "O elenco realmente é maravilhoso. Eu já conhecia alguns, de muitos anos, como o Fernando Caruso; o próprio Pedro Neschling, que é meu amigo há muito tempo; e tem outras pessoas da equipe técnica também (...) Porque a gente que trabalha há muitos anos, acaba conhecendo muita gente. O Douglas Silva, eu já conhecia. O Carmo e a Cris são amigos novos. Eles são tão amorosos, tão gentis. Realmente foi um encontro", festeja.
"Acho que o elenco todo se deu bem, é um elenco superamoroso. A inda bem (risos), porque é uma peça que vai ficar em cartaz o ano inteiro. Depois daqui do Rio de Janeiro, a gente vai ficar em cartaz em São Paulo, também vamos viajar pelo Brasil. Então, que bom que é um elenco que se gosta. E a gente se diverte muito em cena. Realmente está sendo um prazer enorme está contracenando com eles nessa peça", completa o artista.
SUCESSO NA TV GLOBINHO
Natural do Rio de Janeiro, Paulo Mathias Jr. iniciou sua carreira de ator profissional aos 9 anos. Já com dezenas de comerciais e peças no currículo, em 1997 fez seu primeiro trabalho na TV, em A Turma do Pererê, veiculado na TVE. Debutou no cinema com a comédia Teste de Elenco, em 2011. Começou a se destacar em 2009, ano em que apresentou o popular programa TV Globinho.
"Era muito divertido apresentar a TV Globinho. Eu me lembro dessa época com muito carinho. E era divertido ver como o público se dirigia a mim nas ruas, porque era como se eu fosse da família dele, era uma intimidade. E era como se eu fosse da família mesmo, porque, se parar para pensar, eu estava todo dia de manhã na casa das pessoas, acompanhando aquela rotina da manhã, do café da manhã, de ir à escola, ou de ir para o trabalho, porque não eram somente crianças que assistiam. Os adultos também gostavam de assistir. Muitas mulheres vinham falar que ficavam em casa, ajudando na casa e tal e acabavam assistindo a parte da manhã toda da Globo. Era muito interessante, muito legal ver essa resposta do público, essa relação do público comigo", agradece.
TRAJETÓRIA NO ZORRA TOTAL
Paulo também é bastante conhecido por seu trabalho no seriado humorístico Zorra (2015-2020). "Na verdade, eu cavei essa oportunidade. Eu estava em cartaz com uma peça, era um monólogo de humor chamado O Cara, e eu queria muito levar as pessoas lá para assistir, porque a gente que faz peça quer sempre que um produtor de elenco ou um diretor vá nos assistir. Como era uma peça de humor, eu queria muito que o Maurício Sherman (1931-2019) assistisse, porque ele era o diretor geral do Zorra Total na época", lembra.
"O público gostava muito, ria muito com a peça, e a peça era bacana, então, eu queria que ele assistisse para ver se eu ganhava alguma oportunidade, né? E consegui com que ele fosse. Falei com vários amigos, mandei mensagem para tentar chegar até ele. Até que ele foi assistir e gostou. Aí, escrevi um texto de um personagem para o Zorra Total. Ele curtiu e eu acabei entrando para fazer parte do elenco do programa", emenda.
O artista fala com carinho da experiência: "Foi muito legal lá no Zorra Total, de personagem mesmo, de você fazer um personagem durante muito tempo. Foi bem bacana, fiquei alguns anos ali. Depois virou Zorra, o novo Zorra, que era um programa de humor mas diferente, porque era mais sobre o cotidiano. Não era em cima de um personagem, era em cima do cotidiano. Também foi bem interessante. Tive a oportunidade de fazer vários personagens. Cada final de semana, eu aparecia em várias cenas, e cada cena com um personagem completamente diferente. Fazia um personagem, sei lá, dos anos 60; um outro, de hoje em dia; o outro, do futuro, sabe? E isso acaba nos trazendo uma experiência muito grande. Era tudo muito interessante".
O humorista também se orgulha de ter tido a oportunidade de contracenar com ícones da TV. "O que me marcou muito nesse período foi poder contracenar com gigantes da televisão, do humor principalmente, como Paulo Silvino, Agildo Ribeiro, caraca! O Roberto Guilherme, o Sargento Pincel dos Trapalhões, que eu assistia quando era criança. Demais, né? Orlando Drummond (...) Vários, vários. Estou sendo injusto com muitos que contracenei, por não estar me lembrando agora, mas foram vários ídolos. Foi muito, muito legal ter trabalhado e ter contracenado com todos eles", fala.
'GOSTO DE FAZER AS PESSOAS RIREM'
Paulo Mathias Jr. também é conhecido pelos longas Vestido Pra Casar (2014), Doidas e Santas (2016) e Os Espetaculares (2020). Seus trabalhos no teatro incluem créditos em peças como O Cara, já citado por ele, e O Último Capítulo.
Sobre o seu talento para o humor, ele reflete: "Na verdade, o humor quem me escolheu. Eu sempre fiz personagens de drama e de humor. E realmente me escalam mais para isso, talvez por eu ser, no dia a dia, mais divertido ou mais bem humorado mesmo. Então, acabam me visualizando mais nesses tipos de personagens, e eu adoro. É isso, eu gosto e está tudo certo. Realmente gosto mesmo de fazer as pessoas rirem, de fazer a vida das pessoas mais leve. Eu me identifico para os dois caminhos, mas o humor eu gosto bastante, sim. E acho que os personagens de humor que fiz acabaram marcando mais na minha carreira".
Questionado sobre quem são seus maiores ídolos, o artista entrega: "Vou falar alguns porque tem os que marcaram a minha infância, então não tem jeito, que é o Roberto Gómez Bolaños, que fazia o Chaves e o Chapolin; o Rowan Atkinson, o Mr. Bean; e os Trapalhões, né? Renato Aragão, Dedé Santana, Zacarias, Mussum e Roberto Guilherme. Aquela galera toda da infância era demais. Tem também Lima Duarte e Marília Pêra, entre outros".
PROJETOS PARA 2025
Para 2025, Paulo está focado, além da peça Corte Fatal, em dois trabalhos: a estreia de um novo programa, o humorístico Volte Sempre, no Multishow; e o filme Os Emergentes, uma comédia dirigida por Hsu Chien (57), que promete arrancar risadas e conquistar o público.
"Volte Sempre é um programa de esquetes muito, muito legal. Fiquei muito feliz de estar nesse elenco, e foi muito divertido gravar. Acho que vai ser um programa bem divertido, bem legal. Deve ir ao ar no meio do ano já. Tem também o filme Os Emergentes, que acabei de filmar e deve estrear ainda esse ano, acho que lá para o final do ano. Fora as reprises de programas que eu faço do Multishow, como o Bar do Gogó e o Vai que Cola", finaliza o ator.
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