Os crossovers de TV mais estranhos de todos os tempos, segundo a Rolling Stone
Misturas malucas trazem personagens de comédias em episódios de drama, animações em live-actions e super-heróis interagindo com histórias comuns
Seria fácil chamar a colaboração desta entre os seriados Abbott Elementary e It's Always Sunny in Philadelphia — respectivamente, uma comédia leve de família sobre professores bondosos e uma comédia adulta e cínica sobre cinco das piores pessoas já retratadas na televisão — de "o crossover mais estranho da história da TV". Mas isso ignoraria quantas outras misturas esquisitas a televisão já nos proporcionou ao longo dos anos. Selecionamos uma dúzia de encontros improváveis de gêneros, desde os primórdios do meio até os anos 2020.
St. Elsewhere + Cheers
O aclamado drama médico St. Elsewhere adorava crossovers inusitados. Com frequência, trazia atores reprisando pequenos papéis de séries mais antigas como The Bob Newhart Show e The White Shadow e, para aumentar a confusão, os colocava contracenando com antigos colegas de elenco que agora interpretavam personagens diferentes no hospital. Mas, de longe, o cruzamento mais estranho entre séries aconteceu no final da terceira temporada, quando os médicos veteranos Westphall, Auschlander e Craig passaram no bar da famosa sitcom Cheers para relaxar após um longo dia, trocando piadas com a mal-humorada garçonete Carla e os frequentadores Norm e Cliff — os personagens de Cheers fazendo piadas, desta vez, sem trilha de risadas.
Arquivo X + Cops
Em um episódio de Arquivo X de 2000, escrito pelo futuro criador de Breaking Bad, Vince Gilligan, Mulder e Scully investigam um monstro que se alimenta do medo — enquanto tudo o que fazem é filmado pela equipe de documentário do programa Cops, com direito à música-tema e tudo. E acontece que essa não foi a única aventura incomum dos agentes do FBI...
Os Simpsons + Arquivo X
Um episódio de Os Simpsons de 1997 reduz Mulder e Scully a duas dimensões quando eles chegam para investigar relatos de Homer sobre uma criatura alienígena vagando pela floresta nos arredores da cidade. "The Springfield Files" trata seus personagens convidados com relativa seriedade, entendendo que apenas mostrar suas reações à vida com Homer e sua turma já seria engraçado o suficiente. E a explicação para o que Homer viu não parece tão distante do que poderia ter aparecido em um episódio real de Arquivo X daquela época.
Bones + Uma Família da Pesada
Para um procedimento criminal relativamente direto, Bones tomou alguns caminhos inesperados ao longo dos anos. Houve um crossover em duas partes com Sleepy Hollow — uma série de fantasia envolvendo um Ichabod Crane deslocado no tempo e várias criaturas demoníacas — além de um episódio de 2009 em que Booth começa a ter alucinações e conversa com o bebê Stewie, de Family Guy. Mais estranho ainda, as aparições de Stewie são explicadas como um efeito colateral de um tumor cerebral que Booth desenvolve.
Archer + Bob's Burgers
As duas comédias animadas de H. Jon Benjamin — uma repleta de piadas sexuais, a outra voltada para pais assistirem com seus filhos — se cruzaram em um episódio de Archer de 2013, no qual um Sterling de bigode e amnésico se vê trabalhando em uma hamburgueria com uma esposa e filhos que se parecem muito com Linda, Tina, Gene e Louise.
Arrested Development: Caindo na Real + Law & Order: SVU
Sinceramente, daria para fazer uma lista inteira só com as séries em que Richard Belzer interpretou o Detetive John Munch — um personagem que surgiu em Homicide: Life on the Street e acabou aparecendo em 10 programas diferentes, espalhados por cinco emissoras e canais a cabo. Mas vamos nos concentrar neste momento específico: Munch — que, na época, estava no meio de uma participação de 15 temporadas como coadjuvante em Law & Order: SVU — fingindo ser professor para enganar Tobias Fünke e fazê-lo entregar provas incriminadoras contra a família Bluth.
Alice + Os Gatões
Os Gatões não era o drama mais sério de todos, já que praticamente todos os episódios eram uma engenharia reversa a partir da questão de qual objeto os garotos poderiam saltar sobre seu Dodge Charger personalizado. Ainda assim, em 1983, não era comum ver personagens de dramas aparecerem em sitcoms. E este foi um caso particularmente extenso, com o Chefe Hogg e o Delegado Enos viajando do Condado de Hazzard, na zona rural da Geórgia, até Phoenix, Arizona, na tentativa de enganar Mel para que vendesse seu restaurante por US$ 1. A justificativa da série para isso: o Chefe Hogg era primo distante da garçonete Jolene, de Alice .
Cougar Town + Community
Esse crossover pode ter se concretizado mais rapidamente do que qualquer outro da lista. Community já havia estabelecido que Abed, viciado em cultura pop, adorava a sitcom da ABC Cougar Town. Então, quando um episódio foi escrito como uma paródia do cultuado filme dos anos 80 Meu Jantar com André, os roteiristas de Community acharam que seria engraçado incluir um monólogo de Abed sobre sua desastrosa participação como figurante em um episódio de Cougar Town. Como as duas séries tinham uma relação amigável, os produtores de Community mandaram uma mensagem de texto para os colegas de Cougar Town perguntando se Danny Pudi poderia realmente aparecer ao fundo de uma cena da série — e, no fim das contas, tanto o monólogo em Community quanto a participação especial em Cougar Town foram filmados no mesmo dia em que o discurso foi escrito. (Como forma de retribuição, os atores Busy Philipps e Dan Byrd, de Cougar Town, aparecem brevemente no episódio de paintball daquela temporada de Community. Eles estão interpretando a si mesmos? Estudantes aleatórios de Greendale? Outra coisa? Só Abed pode dizer com certeza.)
Eu Adoro Lucy + As Aventuras do Super-Homem
Esse é o primeiro crossover notável da televisão, e o nível de estranheza depende de uma pergunta que o episódio faz de tudo para não responder. A excêntrica heroína de Eu Adoro Lucy, Lucy Ricardo, está determinada a conseguir que o Superman apareça na festa de aniversário do pequeno Ricky e, quando todas as tentativas falham, ela veste uma fantasia (com direito a capacete de futebol americano, por algum motivo) para se passar pelo herói. No fim das contas, ela acaba presa em uma beirada de janela — e quem aparece para salvá-la é ninguém menos que o Homem de Aço em pessoa, interpretado por George Reeves, astro de As Aventuras do Super-Homem. Mas será que o ator está interpretando o Superman de verdade ou está interpretando George Reeves interpretando o Superman, já que Lucy e Ricky costumavam receber muitas celebridades como amigos? Reeves não foi creditado no episódio, e seu nome nunca é mencionado, porque Lucille Ball e sua equipe queriam manter a mágica para os telespectadores mais jovens. Por outro lado, o "Superman" também não faz nada que exija superpoderes (ele apenas empurra um piano — e considerando que Reeves era um cara forte e pianos costumam ter rodinhas, isso não prova muito). Ou seja, cabe ao espectador decidir quem realmente salva o dia — e se isso significa que a família Ricardo vive em um mundo com super-heróis de verdade.
Mr. Robot + Alf, O ETeimoso
Embora, em geral, tenhamos excluído episódios em que personagens de uma série apenas sonham que estão interagindo com personagens de outra, abrimos uma exceção para este — que era simplesmente estranho demais para ficar de fora. Mr. Robot, como você deve se lembrar, era um intenso thriller cyberpunk sobre um homem mentalmente instável tentando derrubar a corporação que ele acreditava estar determinada a destruir o mundo. Então, como exatamente o alienígena peludo e com cara de fantoche Alf (nome verdadeiro: Gordon Shumway) se encaixa nesse cenário? Acontece que, enquanto Elliot está apanhando brutalmente no mundo real, sua mente recua para um programa que ele amava quando criança — só para descobrir que até o próprio Alf agora está tingido pelas memórias da infância abusiva de Elliot. Olha, fez sentido na hora em que assistimos, tá?
Star Trek: Strange New Worlds + Star Trek: Lower Decks
Este episódio de Strange New Worlds não só traz personagens animados (os desajeitados Boimler e a imprudente Mariner de Lower Decks) para um show live-action, mas também os transporta de uma comédia para um (principalmente) drama, além de brincar com os tons da série, já que Lower Decks é voltada para um público um pouco mais velho do que Strange New Worlds. Não deveria funcionar, mas, de algum jeito, funciona.
Ally McBeal: Minha Vida de Solteira + O Desafio
Durante uma longa carreira na TV, que passou de L.A. Law nos anos 80 até sucessos mais recentes como Big Little Lies e Acima de Qualquer Suspeita, David E. Kelley nunca teve um ano melhor do que 1998, quando fez história no Emmy ao ganhar nas categorias de Melhor Série de Comédia e Melhor Série de Drama, respectivamente, por Ally McBeal e The Practice. Alguns meses antes dessa façanha inigualada, Kelley juntou as duas séries — a primeira uma comédia excêntrica e carregada de fantasia, com pausas ocasionais para discussões legais, e a segunda uma história mais séria e sombria sobre advogados que se importam demais — para uma trama onde os respectivos escritórios de advocacia de Boston se unem para defender uma acusada de assassinato que acreditava ser Lizzy Borden em uma vida passada. De alguma forma, os tons das duas séries se mostraram flexíveis o suficiente para funcionar juntos. No final daquele ano, Kelley fez um segundo crossover mais discreto, onde Lara Flynn Boyle apareceu em Ally McBeal como sua personagem de O Desafio, Helen Gamble. Sem nenhum contexto, Helen e Ally (Calista Flockhart) se encontram perto de um elevador e — em um comentário sobre como as duas atrizes eram constantemente zombadas por serem magras demais — Helen sarcasticamente diz para Ally: "Talvez você possa comer um biscoito", e Ally responde com amargura: "Talvez a gente possa dividir."
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