"Quem gosta de pobreza é intelectual", diz cantor Seu Jorge
- Kamille Viola
Além do vozeirão, uma das características que mais chamam atenção em Seu Jorge é como o cantor é naturalmente engraçado. Enquanto mostra no iPod as canções de seu novo disco, Músicas para Churrasco Volume 1, previsto para ser lançado no dia 15 de julho, ele gesticula, interpreta a letra. Todos em volta riem, encantados ao mesmo tempo pela veia humorística do artista e por ouvir em primeira mão vários candidatos fortes a futuros hits.
Ouça Seu Jorge grátis no Sonora
Nascido e criado em Belford Roxo, Seu Jorge celebra suas origens na primeira parte de uma trilogia com canções sobre personagens suburbanos, pessoas que moram na mesma rua e se reúnem para fazer um churrasco. A primeira faixa de trabalho, A Doida, já será lançada na próxima sexta-feira (10). "Ela é meio inspirada nessas personagens da Deborah Secco: é gostosa, bebe na conta dos caras e no fim da noite vai para casa, de metrô", explicou.
São dez músicas, com produção de Mario Caldato Jr. "É a oportunidade de levar meu som para a galera da massa, que ouve rádio. O cara me reconhece, acha parecido com Belo, Alexandre Pires, vê que é oriundo do mesmo lugar", contou Seu Jorge, que vai rodar o Brasil a partir de agosto com a nova turnê.
Ele também planeja transformar a história em um filme, Rua X. "Quero mostrar a história da perspectiva do universo de onde vim. É uma comédia, mas eles passam por alguns dramas. A ideia é mostrar superação", contou.
Um universo bem próximo do menino que achava que ia ser cobrador de ônibus, mas distante do homem de 41 anos que tirou a família do bairro pobre, aprendeu espanhol, francês, inglês e italiano, tem um Porsche novo na garagem, apartamento em Los Angeles - para onde pretende se mudar -, estúdio em Paris e vai alugar uma casa na região da Bretanha, na França. "Quem gosta de pobreza é intelectual", diz.
E a agenda segue cheia: morando em São Paulo, ele passa 75% do ano fora de casa. Fez turnê com o Almaz, projeto com músicos da Nação Zumbi, e cria a trilha do próximo filme do ator francês Vincent Cassel. Bem na fita no exterior, Seu Jorge considera marcantes os elogios de Bono, do U2, que o chamou para o palco num show da banda, e do cineasta espanhol Pedro Almodóvar: "tava acabando de chegar no pagode e o cara, com anos de Sundown, diz que eu sou um ator explosivo!".