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"Paul está morto": um passeio pelas insólitas e selvagens lendas do rock

20 nov 2014 - 10h14
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Como seria o rock sem as lendas de que Elvis Presley está vivo, que Paul McCartney morreu em 1966 e que "Stairway to Heaven" tocada ao contrário é uma música satânica? Talvez algo menos divertido, disse Héctor Sánchez, que em "Paul está muerto" passeia pelas lendas mais obscuras, curiosas e selvagens do rock.

"Acho que um dos encantamentos que o rock tem é o mundo que surge ao seu redor, toda a bola de neve criada e todo o telefone escangalhado", explicou em entrevista à Agência Efe o escritor estreante.

O livro, editado pela Errata Naturae e sem previsão de edição em português, aproveita o mistério e a riquíssima mitologia que envolvem o rock, repleto de figuras fascinantes e fatos surpreendentes que continuam a deslumbrar o público, embora muitas dessas histórias sejam autênticas mentiras.

Ao escrever "Paul McCartney" no Google, o primeiro resultado, antes de "Beatles" ou "canções", é "Paul McCartney morto", em referência à lenda urbana que diz que o músico dos Beatles morreu em um acidente de trânsito nos anos 60 e foi substituído por um sósia.

"O rock tem sua própria história, mas ao mesmo tempo esta é uma história paralela que muitas vezes é inclusive mais surpreendente que a própria história real", conta Sánchez sobre um mundo no qual se enredam mitos, fanatismos e fatos verídicos que ele relata com humor e ironia, inclusive nos temas mais escabrosos.

Porque no livro há lendas de todas as cores, como a que "ressuscita" Jim Morrison, do The Doors, a que garante que o fantasma de Janis Joplin continua preso no hotel em que ela morreu e a que afirma que o Eagles escondeu uma mensagem demoníaca em "Hotel Califórnia".

Segundo o escritor, "o caráter selvagem" do rock faz deste estilo um terreno "propenso às lendas urbanas". "Depois, se associarmos o tópico do sexo e das drogas, temos uma combinação explosiva que ao mesmo tempo funciona", acrescentou.

O famoso incidente sexual com um tubarão do Led Zeppelin ou a noite que Keith Moon, baterista do The Who, estacionou um carro em uma piscina, são outras lendas que alimentam a imagem do rock como um mundo de excessos e, ao mesmo tempo, puro sonho.

"Sobretudo me interessava que parte de realidade havia nessas lendas, tentar desmenti-las, mas ao mesmo tempo seguir criando alguma dúvida. Que cada um fique com a parte que mais lhe interessa", comentou Sánchez.

O autor da reunião desses relatos em espanhol não sabe dizer qual é sua preferida, mas admitiu certa fraqueza pela lenda que afirma que o disco "Dark Side of The Moon", de Pink Floyd, é uma trilha sonora feita para encaixar perfeitamente no filme "O mágico de Oz".

A mais "cruel", em sua opinião, é a que sustenta que Mama Cass, do Mamas & The Papas, que tinha problemas de obesidade, morreu engasgada enquanto comia um sanduíche.

O livro tem ilustrações de David Sánchez, que acompanha cada lenda com sua visão particular, e que, segundo o escritor, fez um trabalho "muito bom", como "um passo além na hora de interpretar os relatos de 'Paul está muerto'".

Héctor Sánchez lembrou que o poço de lendas é inesgotável e que a internet é uma plataforma muito boa para estender as mentiras sobre o rock.

E se o leitor não ficou convencido com as histórias contadas por Sánchez, sempre resta a opinião de Keith Richards, um habitual protagonista destas histórias: "O curioso destas lendas urbanas é que as pessoas não se esquecem, apesar de se ver claramente que elas estão erradas, talvez porque a ideia seja tão descabida ou tão cruel ou tão lasciva que parece inconcebível que seja uma invenção".

EFE   
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