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MITA Festival, em sua 2ª edição, fica vulnerável a pontos altos e baixos do Anhangabaú

Com shows lotados de Lana Del Rey e Florence + The Machine, evento recebeu críticas pela falta de visibilidade do palco e elogios pela facilidade de acesso

5 jun 2023 - 00h56
(atualizado às 02h26)
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Com um show dançante e enérgico do Florence + The Machine, o MITA Festival encerrou sua segunda edição na noite de domingo, 4, dividido entre erros e acertos da sua estreia no Vale do Anhangabaú. Com as críticas que pipocaram do público no centro de São Paulo e nas redes sociais, a produção do espetáculo afirma que buscou "adaptar o espaço da melhor forma possível", admite que precisa fazer melhorias, mas defende alguns problemas como "típicos de eventos desse porte" e com saldo final de "sucesso"

Após a Virada Cultural, o MITA foi mais um teste de fogo do novo espaço, que reabriu em 2021 e desde o fim daquele ano é administrado pelo consórcio Viva o Vale. O objetivo é que o local se torne referência para megaeventos na capital paulista, mas espetáculos com atrações internacionais capazes de movimentar multidões e trazer turistas de outros Estados ainda eram inéditos até este fim de semana.

Festival Mita, no Vale do Anhangabaú, foi planejado pelos organizadores para receber 30 mil pessoas
Festival Mita, no Vale do Anhangabaú, foi planejado pelos organizadores para receber 30 mil pessoas
Foto: Reproudção / Twitter @MitaFestival / Estadão

A ideia de levar o conceito da pista premium para um festival, além de uma novidade para o formato no Brasil, foi uma das principais queixas do público que só teve acesso à pista comum, especialmente pelos desafios que a própria estrutura do Vale do Anhangabaú impõe. "Tinha muita gente na frente e o palco principal ficou muito afastado, com o telão também muito longe", conta Rany Souza, que foi acompanhada da amiga Amanda Padarelli nos dois dias do MITA.

O preço do ingresso para a pista comum de onde as duas jovens de 26 anos tentaram ver o show foi de R$ 350 (meia-entrada) e R$ 700 (inteira). Elas dizem, entretanto, que só conseguiram ver trechos da apresentação de Lana Del Rey, a headliner do sábado, 3, quando se espremia, para encontrar alguma fresta de onde pudessem assistir ao telão. "O palco deveria ser mais alto", sugere Amanda.

O técnico de seguros Darcy Souza, 29 anos, elogia a estrutura geral do evento, a facilidade de acesso ao local e a organização dos banheiros, comidas e filas, mas repete a queixa das meninas: "Gostei, mas o palco é pequeno. Para quem está muito atrás, não dá para ver o show, principalmente porque tem muitas árvores e postes".

Seu amigo Jean Cavalcanti, de 31 anos, contrapõe que achou a primeira edição do MITA, no Spark Arena, mais organizada, apesar de a atual ter "nomes mais conhecidos" no lineup. Eles concordam, entretanto, em um ponto: "A visão da pista comum podia melhorar. O que acho legal de festival é não ter essa divisão, porque aí quem é fã pode chegar cedo e ficar mais perto do palco", diz.

As duas atrações principais do MITA 2023 foram a britânica Florence Welch, líder da banda Florence + The Machine, e a musa do pop indie Lana Del Rey. Com carreiras que superam a marca de uma década, ambas conquistaram bases fiéis de fãs que já peregrinaram e lotaram shows anteriores no Rio de Janeiro e em São Paulo.

No Rock In Rio, último festival em que Florence se apresentou por aqui, em 2013, a área privilegiada onde ficam celebridades e convidados é composta por camarotes patrocinados ou próprios do evento, que se diferenciam apenas pela distância do palco. Nenhum deles, entretanto, chega a bloquear a visão de quem pagou o ingresso comum. Entre o público e o artista, o único espaço é o chamado "fosso" para fotógrafos, cinegrafistas e outros poucos VIPs privilegiados.

O Lollapalooza, que recebeu o último show de Lana Del Rey no Brasil, em 2018, também não enfrenta o mesmo problema do MITA por ser realizado no Autódromo de Interlagos, onde o relevo da área posiciona o público que está mais distante em uma altura acima do palco, que mesmo de longe continua visível.

No Vale do Anhangabaú, a própria estrutura verticalizada impossibilita que isso aconteça, além de demandar quantidade excessiva de fios cobertos por rampas de isolamento que se espalhavam pelo chão e atrapalham o fluxo.

"O desenho do Vale é exatamente como um grande corredor, e sempre foi assim que recebeu diversos eventos", diz Luiz Guilherme Niemeyer, sócio de Luiz Oscar Niemeyer na Bonus Track, empresa que produz o MITA Festival com a 30e. "Em um festival, realmente muitas pessoas ficam afastadas do palco e por isso temos telões verticais nos dois palcos, para facilitar a visibilidade, e focamos na qualidade do som."

Segundo produtor do MITA, falta de bancos e espaços para descansar durante o festival é 'ponto que realmente pode melhorar'; na foto, público do domingo, 4, espera show do Florence + The Machine sentando no chão do Vale do Anhangabaú
Segundo produtor do MITA, falta de bancos e espaços para descansar durante o festival é 'ponto que realmente pode melhorar'; na foto, público do domingo, 4, espera show do Florence + The Machine sentando no chão do Vale do Anhangabaú
Foto: Joao Ker/Estadão / Estadão

'Podemos melhorar'

Niemeyer diz que o MITA foi dimensionado para o limite de 30 mil pessoas do Vale, cuja área total de 58 mil metros quadrados também era ocupada por estandes de ativação das marcas patrocinadoras, quiosques de comida, bebida e toda a estrutura de um festival. "Em qualquer evento desse porte existe a necessidade de torres de som e de iluminação, que são instaladas ao longo da área."

"Temos um local de show que é o centro da cidade de São Paulo, e muito da estrutura não pode ser mudada. Buscamos adaptar o espaço da melhor forma possível", afirma. A falta de espaços para o público sentar e descansar entre um show e outro, entretanto, ele admite: "É realmente um ponto que podemos melhorar".

Um dos alívios e elogios do público do MITA foi a estrutura de segurança montada no trajeto entre as estações Anhangabaú e São Bento do Metrô e o local do festival. Na última edição da Virada Cultural, realizada uma semana antes, o reforço no policiamento já havia se mostrado eficaz, como o Estadão mostrou, mas a sensação de insegurança no centro da cidade permanece, tanto que o público do evento anterior foi menor do que o habitual.

Entre erros e acertos, Niemeyer não descarta, mas também não confirma que uma próxima edição do MITA volte ao Anhangabaú: "Estamos nesse momento fechando a edição de 2023 e temos certeza que o evento no coração da cidade foi um sucesso. No próximo mês começamos a pensar no evento de 2024?.

Estadão
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