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Dominguinhos e Mestre Camarão contam histórias de Luiz Gonzaga

20 mar 2009 - 12h35
(atualizado às 12h41)
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Luiz Gonzaga era chegado ao lado B. Chegou a ameaçar não dar entrevistas se achasse que o papo iria se limitar à sua Satisfaction. Quem conta é um de seus discípulos e fiel escudeiro de banda, Dominguinhos.

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"A gente se apresentava em rádios e o Gonzagão logo se adiantava em dizer: 'se for para falar só de Asa Branca não quero! Tenho mais de 2 mil músicas e vocês só falam de Asa Branca', lembra, no restaurante do hotel em Juazeiro, onde encontrou outro antigo integrante do grupo do Rei do Baião, Mestre Camarão.

Os dois sanfoneiros participam do primeiro Festival Internacional da Sanfona, que acontece na cidade baiana até sábado. Juntos, recordaram histórias e fizeram questão de divulgar um lado de Luiz Gonzaga nem sempre divulgado. O lado B de Gonzagão.

"Ele era cantor, compositor, sanfoneiro e também político", define Camarão. "A grandeza de sua obra musical ofuscou um pouco esse aspecto de sua trajetória. Com o dinheiro que ganhava com o forró, comprava comida para quem não tinha. Se ele não tivesse morrido, o Nordeste estaria melhor ainda hoje em dia".

Os sanfoneiros, ambos com 68 anos, contam que Luiz Gonzaga usava seu prestígio e sucesso na música para obter influência política. Convenceu governadores a abrir estradas, como a Rodovia Asa Branca, que liga Pernambuco ao Ceará, e foi o pacificador da Guerra do Exu, sua cidade Natal, a 688 quilômetros do Recife.

"O combate começou em 1949 e durou mais de 30 anos", conta Camarão. "Foi a briga de duas famílias pelo controle político da região e ele fez os dois líderes darem as mãos e selarem a paz".

Lançador de talentos

Dominguinhos destaca que Luiz Gonzaga o acolheu e o lançou no meio musical, assim como fazia com diversos outros talentos promissores que cruzaram seu caminho. Neném, como era carinhosamente chamado por Gonzagão quando o impressionou tocando sanfona com apenas oito anos, ganhou dinheiro de seu padrinho musical e o convite para levar seu talento ao Rio.

"Meu pai guardou o dinheiro e só fez uso dele quando eu estava um pouco mais velho, com 13 anos. Fomos de pau-de-arara até sua casa, em Nilópolis. Ao 17 anos engravidei minha primeira mulher e tive que casar com ela, o que o deixou furioso. Disse: 'isso é idade de se casar?'. E me mandou embora de sua casa. Ele não era mestre só no baião, mas também era mestre em esculhambação. Acabou sendo padrinho, do casamento e do meu filho!".

Camarão só aponta um ponto fraco na carreira do mestre: ao se enveredar na produção musical.

"No fim dos anos 60, Gonzagão foi convidado a ser diretor artístico da antiga gravadora RCA Victor. Eu fui sua primeira contratação. Lancei o disco A banda do Camarão, volume 1, mas não ficou bem acabado. Ele não tinha tempo para acompanhar as produções com a grande demanda para shows pelo Brasil inteiro. Foi a única atividade em que Gonzagão não foi brilhante. Logo seria afastado do cargo".

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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