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Com produção refinada, Pin Ups lança primeiro disco inédito em 20 anos

'Long Time No See' é produzido por Zé Antônio Algodoal, guitarrista e fundador da banda, e Adriano Cintra, na sua primeira gravação com o grupo; Alê Briganti e Flávio Cavichioli completam a escalação

14 jun 2019 - 03h10
(atualizado em 17/6/2019 às 11h28)
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O Pin Ups está de volta. Elemento central do "indie brasileiro" - o movimento inspirado pelo shoegaze britânico e pelo rock alternativo americano dos anos 1990 - o grupo do ABC passou 20 anos sem um disco de inéditas, mas o espaço agora está preenchido com Long Time No See, lançado pelos selos Fliting Music e Midsummer Madness. A banda apresenta as novas músicas neste sábado, 15, no Sesc Pompeia, em São Paulo.

Nos primeiros acordes do disco, o ouvinte descobre que está em um campo "novo" para o Pin Ups, banda criada numa época em que recursos e conhecimentos para gravação e produção eram escassos. A maturidade e a experiência trouxeram para Zé Antônio Algodoal (guitarrista e compositor, fundador da banda) e Adriano Cintra (roqueiro experimentado, ex-Cansei de Ser Sexy, aqui na sua primeira gravação com o Pin Ups) habilidades de produção que eles aplicam, como nunca, num disco da banda. Se as guitarras ainda são o carro-chefe, a produção cristalina - sem perder de vista a parede de som erguida pela banda desde os primeiros trabalhos - faz de Long Time No See, nas palavras da vocalista Alê Briganti, "sem discurso, sacou?, definitivamente o melhor álbum do Pin Ups".

A verdade é que o grupo fez um show "de despedida" no mesmo Sesc Pompeia, em 2015: a recepção e a química entre banda e audiência (muito jovem) foram tão positivas que a vontade de fazer um novo trabalho de inéditas se sobrepôs ao desejo de parar. Uma parceria com o Estúdio Aurora, onde o álbum foi gravado com calma e espaçadamente durante o último ano, permitiu ao Pin Ups "finalmente fazer um disco do jeito que a gente queria", diz Zé Antonio.

"Não somos as mesmas pessoas. Tocamos de maneira diferente, ouvimos coisas diferentes, passamos por outras bandas. E no passado sempre tivemos uma série de limitações. Quando antes falavam que a gente tinha 40 horas de estúdio, eu pensava que era muito, mas na hora, não dava. Quase todos os discos foram 'meio' pensados. Aqui, pela primeira vez na vida, conseguimos pensar em arranjos, desistir de uma guitarra para poder gravar outra, etc, isso aqui virou nossa casa", conta, em uma entrevista no Aurora, na zona oeste de São Paulo. "As antigas referências continuam, o Jim (Wilbur, guitarrista do Superchunk) toca em uma faixa, mas nesses 20 anos, muita coisa mudou", concorda Alê.

Todos eles se mantiveram ativos na cena musical durante esses anos, inclusive o baterista Flávio Cavichioli, que tocou por uma década no Forgotten Boys.

Long Time No See tem ainda uma presença constante de instrumentos de teclas - os teclados foram gravados por Pedro Pelotas (Cachorro Grande) e serão tocados ao vivo pelo músico britânico Charly Coombes - como na faixa de abertura, You Can Have Anything You Want e em Ballad For Samuel And Tobias. Portraits Of Lust (com guitarras de Eliane Testone, ex-guitarrista da banda, que hoje vive em Londres) e Separate Ways lembram os trabalhos mais diretos do grupo, bem como Mexican Tale - a faixa com a participação de Wilbur. Spinning, escolhida como o primeiro single, é um power pop sem medo de abrir espaço para sua melodia vocal tão acessível quanto particular.

Também contribuíram com vocais no disco Amanda Buttler (da banda Sky Down) e o duo paulistano Antiprisma (Elisa Moreira e Victor José).

Se o talento dos Pin Ups nunca foi colocado em questão na história de 30 anos dessa parcela do rock nacional, esse talento agora é melhor tratado em estúdio. "O Zé fez muita direção musical nesses anos, se aprimorou muito, o Adriano já era um baita produtor, foi uma junção muito positiva", diz Alê. "Por mais que eu tenha ajudado, a expertise que o Adriano trouxe foi muito importante. Entender e ajustar os timbres, nos colocar 'para cima', extraindo e trabalhando ideias que tivemos, nos informando quando estávamos no caminho certo. É isso o que um bom produtor faz", completa Zé Antonio. "Foi fácil", comenta Cintra, em deferência aos companheiros de banda.

"A gente nunca teve a intenção de ser uma banda mainstream, sempre soubemos qual era o nosso lugar no rock alternativo", comenta Alê. Agora, com o novo disco, o Pin Ups está à vontade. "Estamos abertos para convites." Zé Antonio confirma: "Prefiro não fazer planos. A gente se colocou muito nesse disco, então, o que vier, para a gente, está bom".

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PIN UPS no Sesc Pompeia

Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700. 6ª (15/6), 21h30. R$ 20. R$ 10 e R$ 6

Estadão
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