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Com acervo de álbuns, projeto ajuda a conservar a história do rap nacional

Arquivo nasceu em semana de comemorações para o rap nacional e a cultura hip-hop

19 ago 2025 - 20h12
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No último dia 6, a designer e comunicadora Giovanna Venancio lançou o Arquivo Nacional do Rap, projeto dedicado a documentar a diversidade do rap brasileiro. O site é um espaço pensado para preservar a história do rap nacional, por meio de um acervo de álbuns lançados em cada estado.

Arquivo faz curadoria de lançamentos recentes do gênero
Arquivo faz curadoria de lançamentos recentes do gênero
Foto: Giovanna Venancio/Divulgação / Estadão

O trabalho é resultado de sete meses de pesquisa, e visa ajudar a fortalecer e ampliar o alcance do rap nacional, além de valorizar os pioneiros da cultura no país. A ideia central é ser um projeto coletivo, permitindo que o público sugira álbuns e projetos para somar com o acervo.

Natural de Osasco, cidade da Grande São Paulo, Giovanna mora hoje em Arthur Alvim, Zona Leste de SP. Trabalhando com comunicação, ela fala sobre rap em suas redes sociais desde 2019 e conta que a ideia do arquivo surgiu ao sentir falta de uma documentação com maior abrangência sobre o gênero.

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Segundo a designer, os holofotes do rap ainda são muito centrados no eixo SP-Rio. "Quando falamos de acervos de rap, a gente tá muito voltado para a cena paulista e carioca e acaba esquecendo de outros estados. Temos artistas muito grandes e importantes no Nordeste do país, por exemplo. Senti a necessidade de uma curadoria específica a nível nacional", diz.

O site é estruturado em três partes: a primeira é a "conheça", que apresenta um mapa do Brasil com lançamentos recentes do gênero em cada estado. Ao clicar em um álbum, o visitante é levado para um vídeo no Instagram de Giovanna contando mais sobre aquele lançamento e também para a página da obra no Spotify ou no YouTube.

A designer produziu o projeto inteiro de forma independente, fazendo o trabalho de pesquisa praticamente sozinha, com algumas ajudas pontuais. "Eu tive apoio de um produtor musical e DJ do Piauí, o DJ Viana. Ele é muito aprofundado na cena musical no âmbito do Nordeste e me deu esse feeling de olhar mais para lá", conta.

Giovanna conta que a falta de mídia especializada em rap e os registros escassos foram as maiores dificuldades para encontrar artistas em regiões em que a cultura ganhou força mais tarde. "As mídias desses lugares não falam sobre esses artistas e a cena do rap acaba quase não existindo. Só que eu pensei: 'Existe e precisa estar em algum lugar'", completa.

Através do Arquivo, é possível ver como o rap foi se tornou um movimento nacional com o passar dos anos. Enquanto o primeiro registro em São Paulo é de 1988, com o álbum Hip Hop Cultura de Rua, da dupla Thaíde e DJ Hum, no Rio Grande do Norte, por exemplo, o primeiro é de 2010: com Ragga Shot, do artista MC Priguissa.

A criadora do projeto também destaca a diferença nos estilos de rap de cada região. "É muito legal ter essa pesquisa para entender as particularidades de cada estado. Na Bahia, por exemplo, os rappers nesses dois últimos anos estão usando muito Pagodão Baiano, que é um gênero muito forte lá", conta.

Presença feminina

Historicamente, o rap é um estilo musical masculinizado, com artistas femininas recebendo pouco destaque, principalmente nos primeiros anos em que a cultura se estabeleceu no país.

Giovanna diz que, assim como a evolução regional, é possível ver o número de rappers femininas crescendo com o passar do tempo. "No começo, ali em 1990, a gente vê uma cena naturalmente masculina. Aí aparecem personagens importantes como a Negra Li e Sharylaine, essas figuras vão vindo com o tempo. A gente chega em 2025 e vê mais artistas mulheres no underground", explica.

A designer conta que o único limite imposto para a entrada de artistas no acervo foi o histórico de violência contra a mulher, como denúncias de agressão, por exemplo.

"Eu sou mulher. É uma cena que muitos artistas, até mesmo grandes, tem algumas questões polêmicas. Essa foi a única coisa que eu não me senti confortável de abordar no site. Vão ter alguns artistas, principalmente do underground, que não vão entrar justamente por isso", diz Giovanna.

Mês de celebrações

O projeto ganha o mundo em uma semana de comemorações para o hip-hop. O arquivo foi lançado no dia 6 de agosto, data em que, desde 2009, se comemora o Dia do Rap Nacional.

Já no dia 11 de agosto é comemorado o nascimento da cultura Hip-Hop. A data celebra o aniversário de uma festa organizada em 1973 pelo DJ Kool Herc e sua irmã Cindy Campbell, no bairro do Bronx, em Nova Iorque. A festa é considerada o marco zero e o início do que mais tarde se tornaria uma das culturas mais populares do mundo.

Giovanna vê o projeto como um agradecimento à cultura do rap. "O rap é a minha vida. Formou o meu caráter quando eu era mais nova, me fez conhecer pessoas e trabalhar junto também. Vejo o Arquivo Nacional do Rap como uma contribuição para a cena que me acolheu. Eu dou esse presente de volta para o rap para que seja veiculado e propagado para todo o Brasil", relata.

A designer conta que não chama o Arquivo de site, justamente por enxergar novas possibilidades para o futuro. "Tenho vontade de fazer ele como aplicativo, introduzir uma bio para cada artista, colocar outras plataformas de streaming. Documentário também é uma vontade minha desde sempre. Existem muitos documentários sobre rap, mas nada tão focado na cena nacional", conclui.

Estadão
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