Cantor sertanejo da era de ouro do rádio morre aos 79 anos
Morreu na manhã deste sábado (27) em Bauru, no interior de São Paulo, o cantor sertanejo Leonel, da dupla com Leôncio, considerados ícones da época de ouro do rádio no Brasil. No auge da carreira, na década de 60, a dupla chegou a gravar e lançar 3 LPs em apenas um ano.
Leonel, estava internado há cerca de 15 dias no Hospital de Base de Bauru onde foi submetido a duas pontes de safena. Logo depois da cirurgia no coração ele teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e permaneceu internado até a manhã deste sábado, onde morreu por volta das 7h.
De acordo com o filho Laudecir Leonel de Souza, o cantor será velado na Câmara Municipal de Bariri (SP), município onde vivem a família e os amigos. O enterro está marcado para as 8h deste domingo (28), no Cemitério Municipal da cidade.
Leôncio e Leonel eram irmãos e nasceram em Itaju (SP). Leonel foi batizado como Guido de Souza e o irmão como Benedito Leonel. Curiosamente, apesar de serem irmãos, o integrante da dupla com o nome artístico de Leonel não tem esse sobrenome, ao contrário de Leôncio.
Passaram a infância e a adolescência em Arealva, Itapuí e Bariri, onde Leonel morava atualmente. Foi em Bariri que os dois deram início à carreira artística, no começo da década de 1950. A primeira apresentação foi na rádio Cultura de Pederneiras (SP). Poucos anos depois, incentivados por fãs e amigos, os irmãos seguiram para a capital onde conheceram seus maiores ídolos, Tonico e Tinoco - o nome artístico Leôncio e Leonel, adotado pela dupla a partir de então, foi sugestão de Tonico.
O primeiro disco veio em 1957 pela gravadora RCA Victor, do Rio de Janeiro, considerada a maior da época. O sucesso foi imediato com músicas como Casinha de aço, Namoro invejoso, Vai de roda, Condenado por amor e Boi fumaça.
Nas décadas de 1960 e 1970, a dupla Leôncio e Leonel viveu o ápice da carreira artística tendo suas músicas massivamente tocadas nas principais rádios de São Paulo como Tupi Nacional (hoje Globo), Capital, Record, Nove de Julho, entre outras. Nessa época, os irmãos gravaram sucessos que marcaram a carreira como as músicas Pitoco, A menina do bolo e Bom de bico. Ainda na capital paulista eles também trabalharam na rádio Bandeirantes e por cinco anos na Rádio Auriverde de Londrina (PR).
Fora dos palcos, já na década de 90, Leonel se dedicou às rádios Bariri Rádio Clube e Rádio Cultura apresentando programas de música caipira raiz, emissoras onde os filhos trabalhavam. Em 2002. a morte de Leôncio silenciou a dupla. Leonel deixou de lado a viola caipira, que passou a ser usada apenas em reuniões familiares no rancho onde ele morava em Bariri, às margens do rio Tietê.
Ao longo de toda a carreira, Leôncio e Leonel gravaram 27 discos 78rpm, 3 compactos, 22 LPs e 2 CDs de lançamento.
Em uma das últimas vezes em que subiu ao palco, Leonel cantou e foi homenageado em um show dedicado à dupla caipira realizado pela prefeitura do município, em junho de 2012. Milhares de pessoas estiveram na praça da Matriz de Nossa Senhora das Dores onde o evento foi realizado. Nesta mesma praça os irmãos caipiras são lembrados em duas estátuas de cimento, banhadas em bronze, onde aparecem segurando suas violas.