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Balaclava Fest chega à 10.ª edição com Elza Soares, Kelela e Battles

Line-up variado confirma vocação do festival em atrair gêneros e públicos diversos para o mesmo espaço; evento é no domingo, dia 13, em São Paulo

12 out 2019 - 09h11
(atualizado às 13h59)
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"Quando alguém fala que o Battles é uma banda de math rock, eu já sei que não entendeu nada do nosso som" — diz o vocalista do experimental duo americano, Ian Williams, em entrevista ao Estado. A banda é uma das atrações da 10.ª edição do Balaclava Fest, evento que consolidou a pequena gravadora paulistana no coração do indie nacional e que já trouxe ao Brasil grupos adorados do indie global, como Ride, Mac DeMarco, Slowdive, Warpaint e Deerhunter.

O 10.º Balaclava Fest ocorre neste domingo, 13, e além do Battles, traz aos palcos da Áudio o primeiro show em São Paulo do disco novo de Elza Soares, Planeta Fome, depois da estreia do Rock in Rio; o R&B ultraprogressivo e contemporâneo de Kelela, cantora e compositora americana autora de Take Me Apart, um dos discos mais elogiados de 2017; o folk do também americano Ryley Walker, uma espécie de Dave Matthews Band indie; o Papa M, projeto solo do ícone do rock alternativo americano David Pajo, fundador do Slint e ex-membro ou músico de bandas como Yeah Yeah Yeahs, Interpol e Stereolab; as explorações sonoras instigantes do AIYÉ, de Larissa Conforto; o pós-punk jovem dos ingleses do Shame; e as viagens psicodélicas do Boogarins, que volta a São Paulo depois de turnê pela Europa com o novo disco Sombrou Dúvida.

Ainda há ingressos disponíveis, a partir de R$ 105. A casa abre às 16h.

É a primeira vez no Battles no Brasil em 12 anos — desde a última visita do grupo em 2007, muita coisa mudou, a começar pela formação: Ian Williams (teclados, guitarras e eletrônicos) e John Stanier (bateria) são os membros remanescentes, e banda chega no Brasil prestes a lançar um novo disco, o primeiro em quatro anos (Juice B Crypts sai no dia 18 de outubro). Pelos singles já lançados, é possível esperar um Battles mais pop do que aquele do início da carreira.

Foi em 2007 que a banda, na ativa desde 2002, lançou seu primeiro disco, Mirrored, que fez a Pitchfork apontá-los como os novos estandartes do "rock biônico" mundial, "a ideia de uma banda de carne e osso enfatizada pela tecnologia de computador". De lá para cá foram outros dois discos e a consolidação de uma trajetória no campo alternativo da música americana que coloca a banda entre as mais interessantes de sua geração.

O interesse no grupo pode ser facilmente ilustrado por um dos novos singles, A Loop So Nice They Played It Twice (um loop tão legal que eles tocaram duas vezes, numa tradução simples), em que os loops — repetições de padrões rítmicos gravados ao vivo, seja com guitarra, bateria ou beats sintetizados — formam a espinha dorsal de canções que não fogem do escopo do que sempre se chamou de rock.

Do Peru, onde diz ter comido um ceviche no dia anterior, por telefone, Williams demonstra entusiasmo com o novo trabalho. "O que fazemos está sempre mudando, e não acho que estejam faltando peças", diz, referindo-se ao fato de tocar como um duo no último ano. "Os loops e as cascatas de som permanecem lá, tanto no show quanto no novo disco. Ainda são muitas coisas que estamos manipulando e nos divertindo com elas." Para ele, foi uma oportunidade interessante tocar apenas com mais um parceiro. "Criar movimento em direção a esse espaço diferente, gerar uma coisa nova: isso é razão suficiente para fazer um novo disco."

Para ele, apesar de ser um consenso de que a tecnologia passa por uma fase de questionamentos no geral, não é possível voltar atrás em seu uso na arte. "Não vamos voltar a tocar apenas violão e fazer pinturas nas paredes. Fazer isso é apenas nostalgia, para mim. Entendo usar essas ferramentas mais como um comentário sobre o nosso tempo do que outra coisa. Elas são o que o esse momento do mundo é", explica. "Os humanos podem dar uma direção moral para as máquinas, para fazer o bem ou o mal. Então é preciso ver o contexto geral."

O músico considera existirem dois níveis de criticismo em relação ao som complexo da banda. "As pessoas usam essas palavras (math rock) para nos definir, mas eu não acho que somos desse gênero. Eu posso falar a partir dessa definição que as pessoas não entendem nossa música", afirma. O math rock é um subgênero do indie influenciado pelo rock progressivo de bandas como o King Crimson, e o Don Caballero, antiga banda de Williams, é apontada como um de seus expoentes.

"Mas às vezes as pessoas acertam e quebram nosso código", ri. "Mas geralmente ninguém entende." Embora, para ele, esse seja um fator secundário para curtir a banda. "Um dos objetivos do nosso novo disco foi fazer algo acessível, mas que ainda seja interessante, que misture coisas das quais eu gosto. O truque não é fazer música complicada, mas sim fazer algo interessante e o mais acessível possível."

Balaclava Fest chega à 10.ª edição com fino espírito alternativo

O Bala Fest — como é conhecido o festival da gravadora paulistana de Fernando Dotta e Rafael Farah — chega à sua 10.º edição em apenas cinco anos por conta do empenho da dupla em diversificar o line-up dos festivais de música alternativa no Brasil. Já passaram pelo palco bandas como Ride, Mac DeMarco, Slowdive, Swervedriver, Deerhunter, Mercury Rev, e Mac McCaughan, do Superchunk, muitas delas pela primeira vez no País.

Além de um sem número de bandas brasileiras movimentadas pelo selo, como Mahmed, Terno Rei, Séculos Apaixonados, Boogarins — e a própria Elza, headliner dessa 10.ª edição. O objetivo, segundo Dotta, é sempre misturar públicos e gêneros dentro da mesma edição.

A própria gravadora está prestes a completar 10 anos de atividade, e o festival com duas edições por ano surgiu "meio por acaso", como explica Dotta. "É uma mistura de muitas variáveis. Do que gostamos e achamos relevante com um mínimo termômetro do que pode ter potencial de vendas. Gostamos muito quando a galera reconhece que são bandas que dificilmente alguém traria." Ele usa David Parro e Shame — um roqueiro veterano que nunca veio ao Brasil e uma banda britânica que acabou de estourar no circuito — como exemplos. "É esse lance revival e ineditismo. Tentamos equilibrar para pegar esses dois públicos."

Tornar os eventos financeiramente viáveis é também um desafio. Para isso, a Balaclava usa de outros artifícios, como arranjar turnês pela América do Sul para viabilizar a vinda de alguns artistas (foi o caso do Battles nesta ocasião). Além de side shows e apresentações secretas, por exemplo.

"Vai muito além de simplesmente escolher um artista e dizer que quero", explica Dotta. "Fico orgulhoso porque cresceu muito. No começo, a gente não sabia muito bem como fazer, e com o tempo fomos ganhando muita experiência, não só pelos festivais, mas também pelas turnês. Não perdemos a mão da intenção original."

Para ele, o sonho é o trazer o My Bloody Valentine e completar a coleção particular da Balaclava de grandes bandas do shoegaze dos anos 1990.

SERVIÇO — 10.º BALACLAVA FEST

Audio - Av. Francisco Matarazzo, 694 - Barra Funda - São Paulo - SP. 13/10/2019. Abertura da casa: 16h. A partir de R$ 105.

Venda Ingressos: Bilheteria Audio (de segunda a sábado das 13h às 20h)

Site ou aplicativo Ticket360 - www.ticket360.com.br

Ouça uma música de cada atração do 10.º Balaclava Fest

Elza Soares

Shame

Kelela

Ryley Walker

Battles

ÁIYÉ

Boogarins

Papa M

Estadão
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