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Alceu Valença: “Sou como um espelho do meu povo”

Cantor faz show em São Paulo nesta sexta (4); em entrevista ao Terra, fala sobre a influência da tradição nordestina em sua música

4 out 2019 - 13h57
(atualizado às 13h58)
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Com quase 50 anos de carreira, Alceu Valença não só é um dos maiores nomes da música popular brasileira, como também um representante da cultura do Nordeste como um todo. Com músicas que tratam a temática do sertão e passam pelo baião, frevo, maracatu e diversos outros ritmos, o cantor mantém uma ativa agenda de shows no auge de seus 73 anos e, além dos fãs cativos, vem conquistando um público cada vez mais jovem.

Alceu Valença se apresenta nesta sexta (4) em São Paulo.
Alceu Valença se apresenta nesta sexta (4) em São Paulo.
Foto: Divulgação

Antes de ser músico profissional, formou-se em Direito e chegou a trabalhar como correspondente para o Jornal do Brasil, mas a música falou mais alto. Participou de festivais de música, e em 1974 emplacou um disco de ouro com seu primeiro trabalho solo, “Molhado de Suor”. 

Atualmente em turnê com vários tipos de shows, incluindo o “Grande Encontro” com Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, Alceu Valença desembarca em São Paulo com o show “Forró Lunar”, com seu repertório de xotes, forrós, baiões, toadas e emboladas. O Terra conversou com o cantor sobre a longevidade de sua carreira e a influência da cultura nordestina em sua formação musical. A entrevista você confere a seguir.

Como surgiu a ideia de fazer um show que homenageia as tradições nordestinas?

Tenho vários tipos de show. Nunca fui tradicionalista, mas preservo algumas tradições. No período de festas juninas canto somente aqueles gêneros desenvolvidos no agreste e no sertão que ajudaram a consolidar o forró como o gênero principal do São João, na linha de Gonzaga, Jackson, Dominguinhos e tantos outros. E tome baião, forró, coco, xote, rojão, embolada, martelos e toadas. Do mesmo modo no carnaval canto apenas os ritmos primordiais que caracterizam o carnaval do nordeste, como frevo, maracatu, ciranda e caboclinhos, desenvolvidos sobretudo no litoral e na zona da mata de Pernambuco(...) É como sempre digo: sou como um espelho do meu povo. Eu me reconheço nele e ele se reconhece em mim.

Você concorda com o título de “música regional” que muitas vezes é atribuído à música tradicional nordestina?

Enquanto existirem fronteiras, serei agrestino, pernambucano, nordestino, brasileiro, sul-americano. Minha música é absolutamente carregada de elementos da música nordestina porque esta é a minha formação, a base da minha identidade. De algum modo toda identidade é regional. Por outro lado, rotular de regional a música que não é essencialmente mercadológica é uma maneira de estigmatizar um determinado segmento. Eu sempre transitei entre a identidade e o contemporâneo, minha música é pop porque é essencialmente popular. 

O quanto a música do agreste influenciou a sua estética para composição? Quem você costumava ouvir em sua infância?

Eu nasci e passei a infância em São Bento do Una, no agreste de Pernambuco. Uma cidade que tinha cinco mil habitantes, dois cinemas, um grupo de teatro, uma banda de música. A cultura era algo absolutamente natural entre os habitantes da cidade. E havia também a cultura popular, dos cantadores, cordelistas, violeiros, dos aboiadores que tangiam o gado com seus cantos de influência mourisca. Havia os sanfoneiros de oito baixos, os versejadores, coquistas, emboladores. Meu avô promovia saraus em sua fazenda. Ele tocava violão e bombardino, e tinha uma dupla informal com um tio meu, chamada Patativa e Azulão. Então, eu cresci em contato com todos os elementos, que são na essência os elementos que Luiz Gonzaga utilizou para criar o baião, tudo isso é parte do universo do forró. Posso dizer que minha ancestralidade é a mesma e isso está presente em toda a minha obra.

Aos 50 anos de carreira, você ainda se mantém atual entre as novas gerações. Qual o segredo para a longevidade da carreira?

O meu segredo é ser amigo da arte, buscar sua identidade e não imitar ninguém. Porque quem imita vira carne de segunda. Não acredito na Madonna brasileira, no Michael Jackson brasileiro, na Lady Gaga brasileira. É ótimo admirar o trabalho de outro artista, mas jamais tentar seguir os passos de outra pessoa. Cada um tem seu jeito, sua identidade, sua história. Eu não canto rock como o Mick Jagger, mas ele também nunca cantará forró ou frevo como eu. Cada um na sua. Nunca tentei imitar ninguém porque nunca me senti menor que qualquer outro artista. Conheço bem o meu tamanho. Meu público tem rejuvenescido bastante na era da internet. Há alguns anos, gravei um DVD só com as minhas músicas da década de 70, redescobertas por uma nova geração na casa dos vinte anos de idade. E são músicas difíceis, com letras metafóricas (risos). De um tempo pra cá, as crianças também descobriram a minha música. 

Serviço: Tropicana com Alceu Valença

Data: 4 de outubro (sexta-feira)

Abertura da casa: 22h00

Classificação: 18 Anos

Local: Audio

Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 694 - Barra Funda - São Paulo - SP

Ingressos: De R$80,00 (meia entrada para pista) a R$200,00 (entrada inteira para mezanino) pela bilheteria ou no Ticket360.

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Fonte: Redação Terra
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