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Jove é chocho, capenga, anêmico, frágil e inconsistente

Personagem de 'Pantanal' representa o esquerdomacho tóxico e o nem-nem sem papel relevante

18 jun 2022 - 12h06
(atualizado às 12h07)
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Jove não conquistou a torcida da maioria dos telespectadores
Jove não conquistou a torcida da maioria dos telespectadores
Foto: Divulgação

Lembra do meme com Renata Vasconcellos, no qual a âncora do ‘Jornal Nacional’ lê uma resposta exótica contra uma denúncia: “chocha, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente”?

Pois essa definição se aplica a Jove (Jesuíta Barbosa), um dos protagonistas de ‘Pantanal’. Ele consegue ser pior do que o ‘mocinho’ da novela anterior, o mentiroso e manipulador Christian (Cauã Reymond) de ‘Um Lugar ao Sol’.

Os 32 anos que separam a primeira versão de ‘Pantanal’, exibida na extinta TV Manchete, da versão atual na Globo, fizeram mal ao personagem. Hoje, ele personifica comportamentos danosos à sociedade e que devem ser duramente combatidos por todos.

A poesia do início do romance com Juma (Alanis Guillen), com o rapaz urbano encantado pela moça-onça, foi levada pelo rio. Sobrou uma relação nociva.

Ele quer sempre impor suas vontades e trata a roceira como propriedade a serviço de seu bel-prazer – lembra o colonizador europeu que chegou ao Brasil e se achou dono das índias.

Jove cresceu no Rio beneficiado por privilégios proporcionados pela mesada generosa do pai, José Leôncio (Marcos Palmeira). Um padrão de vida ostentatório e, ao mesmo tempo, vazio de sentido.

Não terminou a faculdade, nunca buscou um emprego, um sujeito perdido. Chegou a demonstrar culpa pela vida improdutiva, porém, jamais fez algo para romper o comodismo.

Na fazenda do pai, ele decidiu ser peão. Menos por vocação e mais para não ser ofuscado pelos meios-irmãos. Diante dos nativos, Jove sempre demonstra empáfia. Um playboy egocêntrico.

Às vezes, ele lança discursos em defesa da ecologia e contra o agronegócio. Mas não abre mão da herança baseada em terras e bois, e dos pequenos luxos como ter avião particular. Um esquerdista caviar.

Nessas três décadas, o mundo mudou. O homem, sempre dominante e incensado, foi obrigado a rever seu papel, sua maneira de pensar, as atitudes, a relação com a mulher e a sociedade.

Jove permaneceu no passado. Faltou atualizar o personagem para o remake. Boa parte do público não gosta dele. O peão de araque sequer possui um verniz cômico eventual. Está sempre zangado, pedante, uma presença desagradável.

Isso explica a popularidade maior de coadjuvantes como Tadeu (José Loreto), Tibério (Guito) e Alcides (Juliano Cazarré). O jovem Joventino não faria falta se fosse engolido por uma sucuri.

Ressalte-se que Jesuíta Barbosa entrega uma atuação consistente. Faz o que o papel pede, não pode subverter a trama escrita pelo autor. Mas poderia inserir uma pitada de carisma em seu personagem. Assim o deixaria mais deglutível.

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