Tiago Iorc pode ficar emocionalmente abalado após revelação da mãe, explica psiquiatra
Revelação sobre gestação abala Tiago Iorc; psiquiatra explica como notícia pode afetar autoestima, vínculos afetivos e desencadear sofrimento emocional.
A declaração de Tiago Iorc de que sua mãe considerou interromper a gestação reacendeu um debate sobre o impacto psicológico desse tipo de descoberta. Segundo o médico especialista em saúde mental Iago Fernandes, relatos assim costumam atingir diretamente a noção de valor pessoal.
"A existência fica em xeque": impacto imediato na autoestima
Fernandes explica que, ao saber que quase não nasceu, a pessoa é tomada por perguntas difíceis: "Por que eu deveria existir?". Esse choque emocional pode vir acompanhado de tristeza, confusão e medo de rejeição.
Mesmo quando o vínculo atual com a mãe é positivo, a revelação pode despertar sensações antigas de insegurança, como se, em algum momento, o amor tivesse sido instável. Para pessoas mais sensíveis, ou com histórico de ansiedade e depressão, o efeito pode ser ainda mais intenso, reacendendo sintomas que estavam controlados.
No caso de Tiago, há um elemento extra: a repercussão midiática. Além de lidar com a dor íntima, ele precisa encarar opiniões, julgamentos e a repetição do assunto na imprensa. Essa dupla pressão, segundo o especialista, amplifica o sofrimento e exige uma rede de apoio sólida para evitar que o impacto emocional se torne avassalador.
Trauma relacional
O psiquiatra destaca que não é preciso haver violência física para que exista trauma. Aqui, trata-se de um trauma existencial, capaz de abalar a sensação de segurança básica.
O corpo pode reagir com:
- hipervigilância
- dificuldade para dormir
- pensamentos intrusivos
- medo persistente de abandono
Quando já houve experiências de rejeição ou perda, o risco emocional é maior. Mesmo sem histórico, a pessoa pode desenvolver crenças distorcidas, como achar que não é digna de amor, o que afeta autoestima, intimidade e relações afetivas.
Entre as consequências mais comuns estão insegurança, queda de autoestima, ansiedade, depressão, raiva misturada com culpa e insônia. Mas há possibilidade de reconstrução.
"Quando existe espaço para diálogo, acolhimento e compreensão do contexto, a verdade dolorosa pode ser ressignificada", afirma Fernandes.
A psicoterapia ajuda a reorganizar a narrativa interna e a separar a história da gravidez das percepções atuais de valor pessoal. Conversas familiares empáticas também permitem reparar afetos que ficaram confusos.
Rede de apoio é essencial no curto e médio prazo
Para o especialista, os passos mais importantes agora incluem:
- acolhimento sem minimizar a dor
- acompanhamento psicológico
- conversas familiares seguras e mediadas
- limites claros sobre exposição pública
- apoio de amigos e pessoas de confiança
No fim, Fernandes destaca que a ferida provocada por esse tipo de revelação é profunda, mas tratável.
Com suporte adequado, a dor pode dar lugar a clareza emocional e fortalecimento.