Antes de morrer, escritora deixou quatro apartamentos para suas duas cachorras
QUAL SUA OPINIÃO? Autora consagrada da literatura nacional teve despedida marcada por escolha incomum e dividiu opiniões nas redes sociais
Mesmo três anos após sua morte, Nélida Piñon continua despertando interesse não apenas por sua obra literária, mas também por uma escolha pessoal antes de falecer. A escritora, uma das maiores referências da literatura brasileira, morreu em 17 de dezembro de 2022, em Lisboa, aos 88 anos.
Primeira mulher a ocupar a presidência da Academia Brasileira de Letras (ABL), Nélida Piñon construiu uma carreira marcada por reconhecimento internacional e títulos fundamentais, como A República dos Sonhos. No entanto, foi após sua partida que um aspecto íntimo de sua vida voltou a ganhar destaque público: ela deixou herança para suas cachorras: Suzy e Pilara.
Naquele tempo, a pinscher tinha 13 anos, enquanto a chihuahua ainda era filhote, com apenas três. Os bens incluíam quatro apartamentos localizados em um prédio na Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro. De acordo com o que foi divulgado na ocasião, os imóveis não podem ser vendidos enquanto os animais estiverem vivos, garantindo que o patrimônio permaneça vinculado à proteção delas.
A decisão chamou atenção por fugir do padrão tradicional e evidenciar a relação afetiva profunda que Nélida Piñon mantinha com seus cães. A guarda de Suzy e Pilara ficou sob responsabilidade de Karla Vasconcelos, assistente pessoal e companheira da escritora por muitos anos. A escolha reforçou a confiança construída ao longo de uma convivência próxima, que ia além da relação profissional.
Nélida Piñon morreu após complicações decorrentes de uma cirurgia na vesícula. Embora tenha apresentado melhora inicial após o procedimento, não resistiu. Seu corpo foi trazido para o Brasil e sepultado no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, no Rio. No mesmo local jogaram as cinzas de Gravetinho, cachorro da autora que morreu em 2017 e ela tratava como filho.