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O que aconteceu com Rubens Paiva? Essa e outras perguntas que o filme não responde - respondidas

'Ainda Estou Aqui' concorre em três categorias do Oscar, incluindo a de Melhor Filme; história da família Paiva tem detalhes que, pelo tempo de tela e objetivo do filme, não são retratados

2 mar 2025 - 03h11
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Ainda Estou Aqui conta, já com muita sensibilidade e riqueza de detalhes, a história da família Paiva e do deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar. O filme entrou para a história do cinema brasileiro e, no domingo, 2, concorre ao Oscar 2025 em três categorias, incluindo a de Melhor Filme.

Fernanda Torres está na disputa pelo prêmio de Melhor Atriz pelo papel de Eunice Paiva (1929-2018). O filme começa em 1971, quando Rubens é preso, e termina com Eunice interpretada por Fernanda Montenegro.

O filme tem causado comoção em todos os lugares em que é exibido. Trata-se de uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e que faz um recorte de uma história real contada, com mais profundidade na obra, pelo filho de Rubens Paiva e de Eunice.

Marcelo aparece criança e depois adulto, em uma cadeira de rodas. O espectador menos familiarizado com a história do escritor pode desconhecer o drama que ele sofreu aos 21 anos. O filme não precisava abordar isso e não aborda. Tudo gira em torno do desaparecimento do ex-deputado e da luta de Eunice por respostas e por criar sua família.

Além disso, por que Ainda Estou Aqui? E o que aconteceu com Rubens Paiva depois que ele se despediu da mulher na porta da casa da família, no Leblon? Como ele foi assassinado durante a ditadura militar?

5 perguntas e respostas sobre 'Ainda Estou Aqui' e seus personagens

'Ainda Estou Aqui' concorre a três categorias no Oscar.
'Ainda Estou Aqui' concorre a três categorias no Oscar.
Foto: Alile Dara Onawale/Divulgação / Estadão

1. Por que 'Ainda Estou Aqui' tem esse nome?

A referência do nome do filme vem do livro escrito por Marcelo Rubens Paiva. Em Ainda Estou Aqui (Alfaguara), Marcelo conta que a mãe, já em estágio avançado do Alzheimer, repetia: "Ainda estou aqui".

Além do sentido mais direto narrado no livro, o título também ganha diversas conotações poéticas que se ligam ao desaparecimento de Rubens, cujo corpo nunca foi encontrado, à ditadura militar e à busca de Eunice por justiça.

2. O que aconteceu com Rubens Paiva depois que ele foi levado para depor?

O filme mostra a invasão dos agentes do Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (CISA) no dia 20 de janeiro de 1971. No mesmo dia, duas mulheres - uma delas que, inclusive, trazia um bilhete para Rubens - também foram detidas no Aeroporto do Galeão, no Rio. Elas voltavam do Chile e haviam se encontrado com exilados políticos.

Primeiro, o deputado foi levado para uma repartição da Aeronáutica e, depois, foi entregue ao Destacamento de Operações de Informações (DOI), do 1.º Exército.

Lá, foi torturado até a morte, o que foi confirmado por depoimentos de oficiais envolvidos no caso ao MPF e às Comissões da Verdade. Os militares também promoveram uma farsa para justificar o desaparecimento de Rubens, simulando um resgate por "subversivos". Entenda mais sobre o caso

3. Quem era o general da época? E quem matou Rubens Paiva?

A época da prisão e da morte do Rubens é o período mais duro da ditadura militar. O País estava sob o comando do general Emílio Garrastazu Médici, o terceiro governo da ditadura.

O caso da morte do deputado ainda continua em julgamento. Os militares acusados são: José Antônio Nogueira Belham, Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos, Jurandir Ochsendorf e Souza, Jacy Ochsendorf e Souza, Luiz Mário Valle Correia Lima, Luiz Timótheo de Lima, Roberto Augusto de Mattos Duque Estrada, Dulene Aleixo Garcez dos Reis e Valter da Costa Jacarandá. O médico legista Harry Shibata também integra a lista de denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF).

4. O que aconteceu com Eliana Paiva na prisão?

O filme retrata que Eunice e sua segunda filha mais velha, Eliana, foram presas após a prisão de Rubens. O longa mostra o que aconteceu com Eunice, mas deixa em aberto o que Eliana, que tinha 15 anos na época, passou.

A filha de Eunice e Rubens detalhou pela primeira vez o que aconteceu no Destacamento de Operações de Informações (DOI) em entrevista ao jornal O Globo em 2012. Segundo Eliana, ela foi separada da mãe e revistada por um homem.

Fernanda Torres e Luiza Kosovski em 'Ainda Estou Aqui'.
Fernanda Torres e Luiza Kosovski em 'Ainda Estou Aqui'.
Foto: Sony Pictures/Divulgação / Estadão

Depois, ela foi colocada em uma espécie de "corredor polonês" e chegou a tomar choques na cabeça. Alguns guardas também a chamavam de "comunista" ou tentavam abusar dela.

Eliana chegou a ouvir os gritos das torturas que aconteciam no local, que descreveu serem "cada vez mais violentos". Em seu primeiro interrogatório, os policiais a perguntaram sobre um trabalho que ela havia feito no primeiro colegial sobre a Primavera de Praga, questionando se Eliana era "comunista".

A filha de Eunice só encontrou a mãe uma vez na prisão e foi para casa antes dela. Na entrevista, ela contou que os policiais entregaram para ela a bolsa de Eunice. Eliana também disse que foi na prisão que teve a sensação de que o pai havia morrido.

"A sensação de que papai tinha morrido foi ficando cada vez mais forte, porque uns guardinhas falaram que houve alguma coisa durante a noite. De manhã, parece que foi transportado. Eu ouvia pedaços do que eles conseguiam colocar. Bom, foi uma cena muito ruim", contou.

5. Por que Marcelo Rubens Paiva usa cadeira de rodas?

Com 21 anos, Marcelo Rubens Paiva, que foi colunista do Estadão, sofreu um acidente que o deixou paraplégico. À época, o escritor estudava Engenharia Agrícola na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Em uma festa, Marcelo fraturou a quinta vértebra da coluna cervical ao tentar dar um mergulho em um lago, que era raso. Ele chegou a ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a contrair infecções e pneumonia.

Foi também no período que ele começou a escrever Feliz Ano Velho (1982), em que relata o acidente. "Não sabia se eu ia voltar a andar nem sequer como ia sair fisicamente daquilo. Só sabia que a minha vida tinha mudado radicalmente. Era difícil pensar no futuro, então pensava no meu presente", descreveu ele em um relato ao Estadão em 2013.

Estadão
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