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Análise: Filme 'Sempre em Frente' é um dos grandes injustiçados do Oscar

Longa com Joaquin Phoenix não recebeu nenhuma indicação ao prêmio

18 fev 2022 - 16h30
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Bíblia do showbiz nos EUA, Variety estabeleceu uma lista de 22 filmes que a revista considera injustamente esquecidos no Oscar deste ano. Começa com A Crônica Francesa, de Wes Anderson - que o crítico Peter Debruge considerou o segundo melhor filme de 2021 - e posiciona Sempre em Frente em 11º. C'Mon C'Mon estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta, 17. É o primeiro filme de Joaquin Phoenix desde o prêmio da Academia que recebeu por Coringa, há dois anos. É escrito e dirigido por Mike Mills, que anteriormente recebeu indicações pelos roteiros de Beginners e 20th Century Women.

Phoenix faz um jornalista que percorre os EUA entrevistando crianças e adolescentes. Colhe deles testemunhos sobre o estado do mundo e as possibilidades futuras. Família meio ambiente, (in)tolerâsncia. Phoenix atravessa um momento muio específico - e difícil - de sua vida. Foi abandonado perla mulher, a mãe morreu e a irmã lhe pede para cuidar do sobrinho para que ela possa assistir o marido instável, que sofreu um surto e precisou ser internado. O garoto acompanha Phoenix em suas andanças.

Há um lado, digamos assim, técnico em Sempre em Frente, quando o garoto aprende a gravar os sons da natureza e da cidade, não apenas as palavras. Phoenix e ele estabelecem uma relação que poderia ser de pai e filho e que Mills coloca na tela para expressar as próprias inseguranças em relação à paternidade. O filme é lindamente fotografado em preto e branco. No passado, a Academia possuía categorias diferentes para P&B e cores. Agora existe apenas um prêmio de fotografia. Há um filme P&B concorrendo com quatro coloridos este ano. Bruno Delbonel fez um trabalho incrível em A Tragédia de Macbeth, de Joel Coen, mas também poderiam ter sido selecionados Haris Zambarloukos, por Belfast, de Kenneth Branagh - outro filme do ator-diretor em cartaz nos cinemas, Morte no Nilo, começa P&B -, e Robbie Ryan, por seu suntuoso trabalho no Mike Mills.

O Artista foi a última produção em preto e branco a triunfar na Academia - filme, direção, ator, trilha e figurino -, há dez anos, mas nem o longa do francês Michel Hazanavicius venceu o prêmio de fotografia, por mais brilhante que fosse o trabalho de Guillaume Schiffman. No conceito da indústria, o P&B já categoriza o filme num segmento, o de arte. São obras de prestígio, mas menos rentáveis. Sempre em Frente é exemplar. Além da foto, a trilha é de clássicos - Clair de Lune, de Debussy. São imagens e sons que enchem os olhos, os ouvidos, o coração. Pois o filme, como indica o título - Sempre em Frente -, responde à crise com esperança no futuro.

O garoto - Woody Norman - é a chave do filme. Joaquin Phoenix cria um personagem sob medida para ele. Confuso, atormentado, é impossível, para quem não é Atlas, carregar nas costas o peso do mundo. Phoenix não só carrega, como faz questão de demonstrá-lo. Dependendo de quem vê pode ser aborrecido. Às dúvidas do tio, Jesse, o menino, responde com sinceridade e autenticidade. É o adulto da história. Há 43 anos, em Muito Além do Jardim, Hal Ashby já mostrou o homem mais poderoso da Terra - o presidente dos EUA - confrontado com a inocência de um sujeitinho que sempre viveu recluso e aprendeu a ver o mundo midiatizado pela TV. Peter Sellers fazia o papel daquele homem-criança, o videota. Jesse não precisa da TV para ser sábio.

Fantasia ou realidade, a criança tem sido o avatar dos que não abrem mão do sonho. Basta ver e ouvir o que dizem os entrevistados de Sempre em Frente. Não seria melhor um documentário? Num outro contexto, num outro tipo de filme, Jesse dialoga com O Último Mestre do Ar. Mike Mills talvez seja um M. Night Shyamalan que não precisa de efeitos para sonhar.

Estadão
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