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De bomba a suicídio: o que pe. Marcelo Rossi revela em livro

Nova obra do presbítero, 'Batismo de Fogo' tem forte caráter biográfico e revela situações difíceis mescladas à superação por meio da fé

30 set 2020 - 10h00
(atualizado às 11h02)
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Padre Marcelo Rossi abriu sua vida pessoal e deu detalhes de fatos já conhecidos pelo público em sua nova obra, Batismo de Fogo, recém-publicada pela Editora Planeta. No livro, o líder católico revela histórias de sua juventude, que incluem o uso de anabolizantes quando estudava educação física, as dores da forte depressão que enfrentou e como a certeza na fé nunca o fez pensar em suicídio. Para católicos, cristãos ou céticos, o livro é uma boa reflexão – ou desabafo – sobre os males contemporâneos. 

Padre Marcelo Rossi lança novo livro e abre detalhes difíceis da sua vida
Padre Marcelo Rossi lança novo livro e abre detalhes difíceis da sua vida
Foto: Divulgação

"Conto isso, infelizmente, com propriedade, pois meu avô, pai da minha mãe, tirou a própria vida, e ela não consegue até hoje, passadas décadas do ocorrido, contar a história sem chorar. Também digo isso com base na Palavra de Deus e na doutrina Católica, das quais compartilho e que deixam claro que nós, cristãos, defendemos a vida em todas as suas fases, desde a concepção até a morte natural. [...] Mesmo nos momentos mais difíceis que passei, nunca cheguei a pensar em suicídio. Deus sempre esteve ao meu lado, e a doença me trouxe empatia para aconselhar meus irmãos que a enfrentam", detalha Marcelo Rossi, no capítulo "Suicídio", que conta com dados da Organização Mundial da Saúde para respaldar seu discurso de fé.

Padre Marcelo Rossi foi derrubado de uma altura de mais de dois metros após uma mulher invadir palco da Canção Nova, em Cachoeira Paulista
Padre Marcelo Rossi foi derrubado de uma altura de mais de dois metros após uma mulher invadir palco da Canção Nova, em Cachoeira Paulista
Foto: Reprodução

A história do padre é o que conduz a narrativa, também regada a ensinamentos cristãos e um de seus pilares mais fortes: a oração. Mas o gatilho para que a obra efetivamente ganhasse corpo foi o empurrão que Marcelo Rossi sofreu em 2019. Em 14 de julho daquele ano, o líder religioso celebrava uma missa especial em Cachoeira Paulista para mais de 100 mil pessoas quando uma mulher driblou a segurança e atirou-o de cima do palco. A queda, além de repentina, foi de uma altura de mais de dois metros. 

"Deus tem seus planos porque, na verdade, eu não pensava em fazer o livro. Com o empurrão sairam duas músicas: Maria passa à frente, que gravei com Gustavo Lima, e uma outra que eu gravei com o Jocélio. Mas não tinha caído a ficha da importância que seria esse livro. Sabe quando você para e precisa escrever sobre uma experiência? A minha era de 25 anos de padre. Compreendi que era o começo do novo. Estava tudo pronto e aí veio a pandemia. E aí vem a graça de Deus e experiência divina. Eu tive que fazer algumas referências para pontuar, mas 97% já estava pronto. Eu vi o amor que Deus tem por mim e o amor de Maria. Eu redescobri esse amor mais forte com isso o que estamos vivendo", disse o padre, em entrevista ao Terra.

Padre, você disse que perdoou a pessoa que te deu o empurrão e conta que ao invés de fazer um Boletim de Ocorrência faria outro B.O: bíblia e oração. Acredita que essa ferramenta é aplicável a outras situações?

Eu tenho um amigo que só trabalha com causas como essas e se as pessoas se acertassem com o perdão a pessoa perdia o emprego. São casos tão pequenos que a bíblia e a oração, o perdão resolveriam. Toda a situação.

Finalizar o livro em meio à pandemia te trouxe um significado diferente?

Várias pessoas me dão testemunho. Eu não te escutava, eu não via a missa. Vários jovens que não iam à igreja e começaram a acompanhar a missa. Deus fechou a igreja por um período, mas abriu a igreja doméstica. Deus tira do mal o bem. E o livro tem aproximado algumas pessoas, que compartilham experiências parecidas a partir do meu testemunho.

Agora, com o considerado "novo normal", como se sente celebrando missas vazias?

Você não tem noção do impacto. Eu tive que fazer alguma coisa e aí enchemos os bancos de fotografias das pessoas. Foram cinco meses que misericórdia. Deus me deu uma força… Com sabedoria estamos abrindo gradualmente até a vacina. É o novo normal. Eu nunca vi nada parecido na história da igreja, na história do mundo, nessa proporção pandêmica. Mas tem que ser. É gente. Um ser humano que perde uma vida é um ser humano.

Você teme viver a experiência da depressão, falada tão abertamente em Batismo de Fogo, mais uma vez?

A vida com sentido, a depressão não tem poder sobre você. A cada dia basta o seu cuidado. Essa é uma enfermidade que você não pode brincar. No livro, eu ensino como o inimigo vai sabotando a nossa mente. Se você sabe que uma pessoa é diabética, tem que tomar alguns cuidados. A gente precisa fazer uma reeducação, né? A gente não pode abusar. Eu já sei que pensamentos negativos vão me levar à depressão. Então eu evito que eles ganhem espaço, assim como um diabético precisa evitar a ingestão de açúcar. Já sei também que eu não sou o salvador, o salvador é Jesus.

Como tem um público seguidor muito jovem, você usa muito as redes sociais. Teme pelo chamado "cancelamento" ao expor alguma opinião considerada, talvez, impopular?

Eu vou falar que a rede social é uma bênção desde que você saiba usá-la. Uma faca na mão de um médico salva. Uma faca na mão de criança é um perigo. Na mão de um assassino... Misericórdia! Nós estamos em um mundo que quantifica o que você possui. A rede social acaba sendo uma ostentação. Isso gera inveja e ao mesmo tempo a pessoa se perde. Não estou dizendo que tudo é isso. Ao mesmo tempo eu procuro usar da rede para levar a pessoa do amor de Deus. Eu tenho que saber que a minha liberdade vai até onde começa a do outro. O mundo está muito polarizado. Um perigo muito grande está no fanatismo e na ideologia. Minha opinião está sempre embasada no amor que eu tenho e no amor que eu tenho na igreja. Eu tenho que respeitar os outros e não posso usar a rede para atacar os outros.

Padre, o que você pensa a respeito da espetacularização de suas missas pela TV e sobre os livros que publica? Acha que pode confundir os fiéis entre ser o instrumento de Cristo e ser o próprio Cristo? 

Vou colocar aqui um grande perigo. No reconhecimento do Vaticano [ com o título de Evangelizador do novo milênio pelo Papa Bento XVI, em 2010], eu achei que a minha missão tinha terminado. Aquilo não me fez bem. Por incrível que pareça, foi uma coisa positiva. Mas a força do mal foi sabotando. Eu fiquei colocando na minha cabeça que eu fazia as coisas. Mas eu era só um instrumento. 

Fonte: Redação Terra
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