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Confira os destaques do cinema deste fim de semana

'Você Nunca Esteve Realmente Aqui', de Lynne Ramsay, mostra um Joaquim Phoenix atormentado

9 ago 2018 - 06h11
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Você Nunca Esteve Realmente Aqui

(Reino Unido-Fr.-EUA/2017, 90 min.) Dir. Lynne Ramsay. Com Joaquin Phoenix, Ekaterina Samsonov

Joaquin Phoenix tem feito filmes para o prazer dos cinéfilos - belos, convulsivos. No ano passado ele foi melhor ator no Festival de Cannes por seu papel em Você Nunca Esteve Realmente Aqui, de Lynne Ramsay. Para simplificar, os críticos cravaram - Joaquin criou o Travis do século 21.

Você se lembra do personagem emblemático de Robert De Niro em Motorista de Táxi, diante daquele espelho. "Are you talkin to me?", Está falando comigo? As semelhanças e reminiscências são claras, mas não mais que a trama que remete ao clássico À Beira do Abismo, de Howard Hawks, com Humphrey Bogart, de 1946. E na verdade Lynne não deve nada a ninguém porque Joe/Joaquin, com seus nervos à flor da pele, é um personagem típico de seu cinema.

Joe é barbado, parece sujo - talvez seja -, e vive atormentado por lembranças do passado. Violência, talvez abuso infantil. Joe trabalha como faz-tudo para um detetive que agora foi contratado para resgatar a filha de um político, que foi sequestrada não por um traficante de drogas, mas um traficante de sexo. O caso, obviamente, mexe com Joe, que vai rachando contra o explorador sexual. Sujeito solitário, perturbado, resgata garota prostituída (ou quase) - mesmo contra a vontade dela. Tudo lembra Travis e a garota Jodie Foster, mas o filme (de Lynne Ramsay) tem identidade própria.

Em nenhum momento ela sentimentaliza Joe, mesmo nas cenas em que ele cuida da velha mãe doente. O mesmo homem capaz desses gestos ternos usa um porrete - um martelo - para arrebentar as cabeças dos oponentes. E dê-lhe pau. Joaquin Phoenix é bom encarnando a fúria. Mereceu seu prêmio em Cannes. Muita gente - críticos - reclama que Lynne Ramsay é uma das diretoras queridinhas de Cannes. Tudo o que ela faz vai parar no maior festival de cinema do mundo. Thierry Frémaux, que faz a seleção, dá de ombros - se ela está na Croisette é por merecimento próprio, não por indicação de quem quer que seja.

Família tem de pagar resgate em 'Tesnota'

Tesnota

(Rússia/2017, 118 min.) Dir. Kantemir Balagov. Com Darya Zhovner, Veniamin Kats, Olga Dragunova

Luiz Zanin Oricchio

A história de Tesnota, de Kantemir Balagov, se passa na comunidade judaica do norte do Cáucaso. O foco Está em Ilana, moça de 24 anos que ajuda o pai na oficina mecânica. Seu irmão mais novo, David, fica noivo e a família prepara uma festa. A comemoração termina de modo dramático, pois os noivos são sequestrados e um resgate exorbitante é exigido. São tempos da guerra com a Chechênia e atrocidades são mostradas ao vivo, pela TV. A situação é apavorante. A narrativa é claustrofóbica. Uma opção do diretor, a de filmar em inusual janela estreita intensifica a sensação de sufoco. Brilhante.

Road movie mapeia biroscas e prostíbulos

Os Incontestáveis

(Brasil/2017, 83 min.)Dir. Alexandre Serafini. Com Fabio Mozine, Will Just, Tonico Pereira

Há algo de primitivo, que evoca o cinema norte-americano indie dos anos 1970, os filmes de Billy Jack, realizados pelo ator e diretor T.C. Frank, pseudônimo de Tom Laughlin. Dois irmãos caem na estrada. Querem reaver o antigo Maverick do pai, mas descobrem que ele foi passando de mão em mão até chegar a um coronel prepotente, que está na mira dos sem-terra. O social invade a ficção, mas até chegar ao desfecho os irmãos Bel e Mauricio, interpretados por Fábio Mozine e Will Just, ambos vindos do universo da música, aprontam todas em biroscas e prostíbulos. Um filme meio na contracorrente, sobre machos, mas muito interessante. / L.C.M.

'A Aparição' investiga jovem religiosa

A Aparição

(França/2017, 137 min.)Dir. Xavier Giannoli. Com Vincent Lindon, Galatea Bellugi

Em A Aparição, Jacques (Vincent Lindon) é um repórter que recebe estranho convite do Vaticano. Garota de um vilarejo na França alega ter visto a Virgem Maria e uma multidão de peregrinos começa a perturbar a paz local. E a preocupar a Igreja. O jornalista tem que verificar o que está acontecendo. A força do filme reside no fato de Jacques ser um personagem perturbado - acaba de perder seu melhor amigo, ferido na zona de guerra. Além disso, Anna (Galatea Bellugi), a jovem religiosa que garante ter visto a Virgem, é bastante perturbadora. O ponto fraco é o filme não ser suficientemente crítico em relação ao seu tema. / L.Z.O.

'Para Sempre Chape', euforia e perda

Para Sempre Chape

(Brasil/2018, 74 min.) Dir. Luis Ara Hermida. Com Jakson Follmann, Neto, Alan Ruschel

O diretor uruguaio Luís Ara enfrentou 1001 problemas para conseguir exibir seu filme sobre a Chapecoense. Clube, familiares, a própria produtora criaram problemas. Para Sempre Chape reconstitui a breve e exitosa trajetória do time até a tragédia - o desastre de avião que matou quase todo o time. O filme entrevista sobreviventes, revisita manchetes de jornais. Tem uma dimensão épica - sobre como a Chape, em pouco tempo, evoluiu da série D para a A. O sucesso, a dor da perda. Você quer saber se vai chorar? Vai, mas o curioso é o partido da direção, que nunca mostra o que, afinal, fez a glória da Chape, seu futebol alegre. / L.C.M.

'O Animal Cordial' une terror e crítica social

O Animal Cordial

(Brasil/2018, 96 min.) Dir. Gabriela Amaral Almeida. Com Murilo Benício, Luciana Paes, Irandhir Santos

Inácio (Murilo Benício) é o exigente dono de um restaurante assaltado. Em O Animal Cordial, Gabriela Amaral Almeida une terror sangrento a crítica social, blend pouco usual no cinema brasileiro. Acrescente-se uma pitada de humor negro e teremos aí uma obra visceral das mais originais. / L.Z.O.

'Vidas à Deriva' flagra luta pela sobrevivência

Vidas à Deriva

(Estados Unidos/2018, 96 min.) Dir. Baltasar Kormákur. Com Shailene Woodley, Sam Claflin

Tami Oldham e Richard Sharp velejam pelo Taiti quando são atingidos por uma tempestade e ficam à deriva em alto-mar. Passada a tormenta, ela se vê na embarcação em ruínas e tenta encontrar uma maneira de salvar a própria vida e a do parceiro. Filme é inspirado em história real.

'Acrimônia' ou tudo pela vingança

Acrimônia

(Estados Unidos/2018, 120 min.) Dir. Tyler Perry. Com Taraji P. Henson, Danielle Nicolet

Pouco depois de Melinda (Taraji P. Henson) se divorciar do marido, e perder a casa da família nesse processo, ela descobre que ele ficou rico e está noivo de outra mulher. Sentindo que ele deve a ela todo o tempo e dinheiro que ela investiu nele quando estavam juntos, ela vai atrás de vingança.

Violência e sangue, muito sangue

Virgens Acorrentadas

(Estados Unidos-Brasil/2017, 94 min.) Dir. Paulo Biscaia Filho. Com Elizabeth Maxwell

Realidade e ficção se mesclam a muito improviso nessa trama sobre equipe que vai a um orfanato abandonado para rodar longa de terror de baixo orçamento. Lá eles descobrem que cruéis assassinos reescreveram o roteiro, tornando tudo verdadeiramente sanguinolento e violento.

Segredos de Fátima e o futuro da humanidade

Fátima - O Último Mistério

(Espanha/2017, 80 min.) Dir. Andrés Garrigó

Mónica é uma editora que recebe uma proposta para montar um documentário sobre as aparições de Nossa Senhora de Fátima. Com base em opiniões de especialistas, filme reforça que os segredos de Fátima têm reflexos diretos na nossa realidade e que, se receberem atenção, poderiam mudar o futuro da humanidade.

Um alerta em defesa do Cerrado de Goiás

Ser Tão Velho Cerrado

(Brasil/2018, 96 min.)

Dir. André D'Elia

Diante dos desmatamentos recordes do Cerrado em Goiás, moradores da Chapada dos Veadeiros buscam novas formas de desenvolver a região sem agredir a natureza. A ideia é abrir diálogo entre a comunidade científica, agricultores familiares, grandes proprietários de terra e defensores do meio ambiente.

Estadão
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