Casacor 2025: Confira, cômodo a cômodo, as tendências de design de interiores e paisagismo

Quem visita hoje o Parque Fernando Costa, mais conhecido como Parque da Água Branca, dificilmente poderia supor que, à época de sua fundação, em 1929, a atual Avenida Francisco Matarazzo - sua principal via de acesso e uma das mais movimentadas da capital - não havia sido sequer asfaltada. Ainda assim, a ampla área verde, com cerca de 137 mil m², implantada pelo governo estadual para abrigar um recinto de exposições e um centro avançado de pesquisas zootécnicas, cedo se converteu em um ponto de interesse para a sociedade da época.

Muito, por certo, em função das concorridas feiras e exposições de animais que ainda acontecem em suas dependências, mas, igualmente, por sua paisagem rural e bucólica, capaz de reunir espécies da Mata Atlântica, nascentes, lagos e pomares. Animais silvestres e domésticos. Um portal de entrada adornado por vitrais com motivos rurais, criado pelo pintor Antônio Gonçalves Gomide, no estilo Art Déco. E, espalhados por todo o parque, um robusto conjunto de edifícios e pavilhões, projetados e construídos pelo engenheiro paulistano Mário Whately, em estilo normando.

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"Trata-se de uma situação muito favorável. Além da arquitetura, que, na maioria dos espaços, oferece pé-direito duplo e amplas aberturas, existe uma vegetação exuberante, que envolve e acaba interagindo com os interiores", explica Cristina Ferraz, que, ao lado de Livia Pedreira e Pedro Ariel Santana, assina a curadoria da 38ª edição da Casacor São Paulo - a maior mostra de design de interiores e paisagismo residencial do País -, que abre suas portas nesta terça, 27, apresentando 73 projetos, entre espaços residenciais, comerciais e exteriores, tendo como sede dois edifícios do tradicional parque paulistano.

Uma quase volta às raízes - se considerados os anos de realização em locações eminentemente urbanas, como o Jóquei Clube e o Conjunto Nacional -, e que se pretende, antes de tudo, em total sintonia com seu atual endereço. Tombado pelo Condephaat, em 1996, como patrimônio cultural, histórico, turístico, arquitetônico, tecnológico e paisagístico - e, em 2004, pelo Conpresp, também pelo seu valor paisagístico-ambiental -, o Parque da Água Branca tem se notabilizado, nas últimas décadas, por seus eventos culturais e educativos, voltados, sobretudo, para a sustentabilidade e o meio ambiente.

Também tombadas, segundo os organizadores da mostra paulistana, as árvores locais não sofreram nenhum tipo de poda. As intervenções nos jardins existentes se limitaram à vegetação rasteira. As espécies nativas introduzidas poderão, ou não, permanecer como doações, enquanto as não nativas foram dispostas em vasos para eventual remoção. As poucas construções externas são removíveis e, nos edifícios sede, as alterações definitivas tiveram como objetivo a melhoria do patrimônio, incluindo, além da limpeza, a instalação de elevadores para fins de acessibilidade, a reforma hidráulica e a recuperação de pisos.

Casacor 2025

Favorecidos por uma arquitetura generosa e uma paisagem rara - capaz de sugerir ao visitante, a depender da sua localização, a experiência de percorrer uma casa no campo, na praia ou na serra -, o trabalho dos arquitetos, designers de interiores e paisagistas ganhou ainda maior relevância e autenticidade, resgatando a herança cultural de um significativo conjunto arquitetônico da cidade e revelando alguns aspectos essenciais ao morar contemporâneo. Como você confere agora, ambiente por ambiente:

Salas

Projetadas para atender às mais diversas funções, as salas da Casacor apontam para uma abordagem mais abrangente, orientada prioritariamente para o bem-estar de seus ocupantes. Nesse sentido, o vínculo com a natureza e a preocupação com o conforto psicológico - expressos pelo uso de materiais ecológicos e por móveis em formatos orgânicos - ganham ainda mais destaque. Assim como a busca por elementos capazes de personalizar os espaços, como papéis de parede vibrantes e tapetes ousados.

Dormitórios

Seja de uso individual ou compartilhado, o desenho do quarto, na edição de 2025, investe em soluções capazes de promover tranquilidade mental e maior equilíbrio entre o natural e o tecnológico. A opção por uma paleta de cores mais rebaixada se mantém, mas o resultado, em nenhum momento, conduz ao banal ou ao indiferenciado. Pelo contrário. Repleto de peças artesanais, agradáveis ao toque, e móveis vintage, o ambiente mais resguardado da casa raramente se mostrou tão acolhedor e romântico.

Cozinhas

A madeira, celebrada pelo seu valor estético e pela sua capacidade de contar histórias por meio de seus detalhes e acabamentos, retorna com força ao ambiente, favorecida pela sua durabilidade e reciclabilidade. Já na arquitetura, as linhas nítidas e os cantos angulares da cozinha surgem visivelmente arredondados, dentro de um enfoque que não é apenas estético, mas também funcional: sem arestas vivas, o espaço, hoje um dos mais frequentados da casa, torna-se ainda mais convidativo e seguro.

Banheiro

Em nenhum outro espaço a interação entre design e bem-estar se torna mais evidente do que nos banheiros, banhos e lavabos apresentados pela Casacor 2025. Autênticas áreas de recuperação física e sensorial, que se mostram mais singulares do que nunca, com seus pavimentos, paredes e tetos tomados pelos profissionais como verdadeiras telas, nas quais a criatividade não tem limites. Com direito a azulejos exclusivos e cerâmicas coloridas, em perfeito contraste com outros materiais, sobretudo tecnológicos.

Áreas externas

Vitórias-régias, palmeiras, bromélias, mas também personagens menos conhecidos, como plênio, pleomele e ravenala, além de outras tantas forrações, compõem as áreas externas, terraços e varandas da mostra de 2025. Uma autêntica ode à tropicalidade e à vida ao ar livre, que se manifesta também por meio de pufes, espreguiçadeiras e cadeiras, além de outros móveis para áreas externas, concebidos em materiais altamente elaborados, que exibem hoje um colorido intenso, além de condições mais do que bem-vindas de durabilidade.

Serviço - Casacor 2025

• Parque da Água Branca. Rua Dona Ana Pimentel, 37.
• Horários: Ter. a dom., 11h/20h.
• Ingressos: R$ 121. Grátis ter. e qua., a partir das 18h, com ingressos disponíveis no App Casacor.