PUBLICIDADE

Trio Elétrico: um sessentão arretado

29 jan 2010 - 09h17
(atualizado em 3/8/2018 às 10h15)
Compartilhar

Era fim de tarde no domingo de carnaval de 1950, quando os compositores Adolfo Antônio Nascimento e Osmar Álvares de Macêdo (os famosos, Dodô e Osmar) tiveram a ideia de tirar um Ford 1929 da garagem, e, dentro dele, instalar seus "paus elétricos" (guitarras) plugados em alto-falantes.

Neste dia, Salvador conheceu seu primeiro trio elétrico, que saiu às ruas do centro da cidade, levando um bando de gente na sua cola. A invenção só foi batizada de "trio elétrico" no ano seguinte, quando Dodô e Osmar convidaram o músico/amigo Temístocles Aragão para integrar o ousado projeto, quando deram origem também à guitarra baiana, que diferente da guitarra tradicional é composta por cinco cordas no lugar das seis tradicionais.

No Carnaval de 1951, o novo trio substitui o "Fordeco" por uma picape Chrysler, modelo Fargo, que era carinhosamente chamada de "Fobica". Nas laterais do portentoso veículo, os músicos penduraram duas placas com o nome Trio Elétrico.

Na configuração do trio, Osmar tocava a famosa guitarra baiana, de som agudo, Dodô era responsável pelo violão-pau-elétrico, de som grave, e, Aragão, pelo triolim, como era conhecido o violão tenor, de som médio.

Depois dos pioneiros Dodô e Osmar, os trios elétricos pegaram fogo na década de 60, quando a cada ano surgia mais um novo trio, quase que profetizando o atual momento epidêmico de trios. Nessa toada, os blocos de rua foram dando espaço aos trios elétricos, que se apresentavam cada vez maiores e potentes.

A Invenção mudou os rumos da Música Brasileira

Na década de 60, Dodô e Osmar deram um gás à sua invenção e começaram a arrastar um público curioso pelas ruas de Salvador, quando ainda nem pensava na existência de cordas e na vendas de abadás.

Dodô e Osmar faziam questão de colocar no repertório Moto Perpétuo, de Paganini, ou da Marcha Turca, de Mozart, ou, ainda, canções como Eleanor Rigby de Lennon/McCartney, sempre instrumental, enlouquecendo os acordes com suas invenções agudas.

Na década de 70, a criação do Trio Elétrico saiu das ruas de Salvador e começou timidamente a formar público na Europa. E mesmo com o falecimento de Dodô, em 1978, Osmar seguiu com a difusão da invenção para Roma e Toulosse, excursionando pela região até o final da década de 80.

Foi assim, que os inventores da grande máquina de fazer alegria, conseguiram chegar nas primeiras páginas dos grandes jornais do País e no mundo. Com tamanha atenção voltada para Dodô e Osmar, compositores e artistas de várias partes do mundo somaram-se à invenção. Foi quando Caetano Veloso, Gilberto Gil e os Novos Baianos assumiram os ritmos e eletrizaram a música nordestina.Um tempo que não voltmais

Depois que Dodô faleceu aos 64 anos (em 15 de junho 1978) e Dodô 19 anos depois, aos 74 anos (no dia 30 de junho de 1997), quem segurou os fios elétricos que sustentam a história da criação dos Trios Elétricos foi Armandinho, filho de Osmar e ex-integrante do grupo A Cor do Som . É ele quem mantém viva a sonoridade da guitarra baiana com sua virtuose até os dias de hoje, saindo inclusive nos Trios Elétricos e deixando clara sua inquietação em relação ao esquecimento de seu pai.

Além de Armandinho, os dois compositores inventivos, deixaram no mundo vários filhos que seguem a tradição da música. Dodô teve onze filhos e Osmar sete, parte deles formada por músicos.

Outros filhos de Osmar, André, Aroldo e Betinho, também tomaram a força criativa e inovadora que originou o trio elétrico e seguem até hoje tocando.Acompanhe a cronologia do Trio Elétrico1942: Nasce a pau elétrico, Dodô e Osmar foram cine Guarany em Salvador e assistiram a uma apresentação do violonista Benedito Chaves, que tocou um violão elétrico e criaram o pau elétrico, uma guitarra elétrica baiana feita com 5 cordas e amplificada por caixas.

1949:O carnaval começa a ser dividido em classes sociais, criando-se dois, os blocos dos menos favorecidos , Filhos de Ghandy, Vai levando e deixa a vida de quelé, já a classe mais favorecida brincavam nos clubes tipo,Fantoches, Iate, Espanhol, Associação Atlética, Sirio-libanes e outros.

1950: Apresentou-se em Salvador o grupo de frevo Vassourinha, que encantou DODÔ E OSMAR, aí tiveram a idéia de pegar um picape velha Ford T 1929,colocaram duas cornetas uma na frente e outra no fundo e a dupla tocando dois paus elétricos, atrás vinha um grupo de músicos tocando surdo, bumbo,caixa, pandeiro e prato, e na lateral uma faixa inscrito Dupla Elétrica

1951: Os dois saem na picape chrysrler modelo fargo com quatro cornetas e um gerador a gasolina e convidam o músico Temistocles Aragão para tocar um terceiro instrumento, passando a chamar-se de TRIO ELÉTRICO.

1952:A fóbica saiu sem Temistocles Aragão, mais o nome ficou.

1957: ORLANDO CAMPOS era presidente do clube flamenguinho e tomou um toco de uma trio elétrico contratado para animar os sócios então resolveu fazer um trio.

1958: Nasce o trio Elétrico Tapajós.

1960: Entra Orlando Campos no lugar dos inventores e expande a criação dos trios pelo Brasil, entrando pela década de 70.

1972: Nasce a Caetanave, uma homenagem de Orlando Campos e Caetano Veloso, que voltava do exílio, o Trio Tapajós foi o primeiro a gravar um LP e tocar em programas de TV e no exterior. Morais Moreira é o primeiro cantor de Trio Elétrico.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade