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Gil e Caetano homenageiam o Tropicalismo em Salvador

25 fev 2017 - 08h52
(atualizado às 08h52)
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Dois dos maiores ídolos da música brasileira, os cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil, atraíram uma multidão ao Centro Histórico de Salvador, na noite de hoje (24), terceiro dia de Carnaval de Salvador. Com o tema 50 Anos do Tropicalismo, o Carnaval do Pelourinho teve investimento do governo da Bahia. Um dos protagonistas do movimento cultural da década de 1960, Gilberto Gil, subiu ao palco por volta das 20h40, ao lado do também integrante do Tropicalismo, o músico e parceiro, Capinam.

Show de Gilberto Gil e Caetano Veloso no Circuito Batatinha, Pelourinho, Centro Histórico de Salvador (BA), nesta sexta-feira (24)
Show de Gilberto Gil e Caetano Veloso no Circuito Batatinha, Pelourinho, Centro Histórico de Salvador (BA), nesta sexta-feira (24)
Foto: Adilton Venegeroles/A Tarde/Futura Press

Companheiro de Gil e também personagem do Tropicalismo, o cantor Caetano Veloso não estava programado, oficialmente, para a noite, por "não gostar de tocar no Carnaval". Apesar disso, Caetano esteve no local e fez uma participação no show que abriu a noite - antes de Gilberto Gil - ao lado dos músicos Alexandre Leão, Cláudia Cunha e Moreno Veloso - filho de Caetano. O cantor tropicalista arrancou aplausos do público ao cantar Alegria Alegria, uma das músicas mais conhecidas da sua carreira e que marcou o início do Tropicalismo, em 1967.

"Eu agradeço muito pela parte que me toca, nem me organizei para tocar, mas vim. Dei uma passadinha porque eu adoro Carnaval e tenho orgulho do Tropicalismo. Meu filho vai tocar e Gil vai cantar e pronto, tá perfeito", disse Caetano, antes de subir ao palco.

Gilberto Gil também foi ovacionado pelo público baiano e visitantes de todo o mundo no maior ponto turístico de Salvador. Gil abriu o show lembrando a importância de celebrar o Tropicalismo e a tradição musical, puxando, em seguida, a canção Soy Loco Por Ti America, fruto da parceria Gil/Capinam e interpretada, primeiramente por Caetano Veloso. Dando continuidade ao repertório, Gil apresentou outras músicas, como Marginália II, Domingo no Parque e Toda Menina Baiana.

"Gil é um ícone da música popular brasileira, um dos mais extraordinários músicos e, inclusive, é do interior da Bahia e filho de conquistenses, como eu. A Tropicália foi muito importante na abertura da música para novos elementos. Desde a adolescência que Caetano e Gil são referências na minha casa", diz o autônomo de Vitória da Conquista (BA), Élvio Magalhães.

Após a participação de Gil, Moreno Veloso deu continuidade à apresentação, executando, ao lado de Cláudia Cunha, músicas em homenagem ao Olodum e ao Ilê Aiyê.

O secretário de Cultura do Estado da Bahia, Jorge Portugal, esteve no Pelourinho para assistir às apresentações e destacou a importância do Tropicalismo, recontado para os jovens de hoje em dia, em forma de Carnaval.

"Eu acho que a própria história do Brasil poderia ser contada pela história da cultura do Brasil, não apenas com datas e figuras públicas. Ensinar o Tropicalismo e todo aquele movimento de 68, com a resistência estudantil, é muito mais palpitante e eu digo isso porque fiz isso a vida inteira como professor de Literatura, quando tinha atenção redobrada dos alunos", disse. "No ponto de vista do Carnaval, os tropicalistas se alimentaram do Carnaval e, depois, o movimento tropicalista passou a alimentar o Carnaval. O axé music, as tendências contemporâneas todas são filhas do tropicalismo".

Ainda sobre o destaque do Tropicalismo no Carnaval do Pelourinho e a importância do movimento para a cultura brasileira, sobretudo na Bahia, Caetano Veloso também admitiu uma influência recíproca entre o Carnaval e o movimento da Tropicália.

"Houve estímulo de muitas coisas no Carnaval baiano, pelo ato dos tropicalistas. Mas não haveria tropicalismo se não houvesse o trio elétrico. A canção Atrás do Trio Elétrico, que é uma das primeiras canções tropicalistas, foi feita por causa do Carnaval da Bahia e encorajou o uso da guitarra elétrica fora e dentro do Carnaval", disse Caetano, ao ser questionado sobre a influência do tropicalismo no Carnaval de Salvador.

O restante da noite foi recheado de cultura e uma rápida chuva, ao som de projetos e bandas, entre elas, Carnaval Sinfônico, Orquestra Popular de Maragojipe, Retrofolia, Compassos & Serpentinas, Banda Marcato, Walmir Lima, Mestre Nélito e os Vendavais.

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Agência Brasil Agência Brasil
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