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Bloomsday: Por que ler 'Ulysses', obra-prima de James Joyce?

Comemora-se em 16 de junho um dos mais importantes (e desafiadores) títulos da literatura moderna

16 jun 2025 - 13h24
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Em 16 de junho de 1904, Leopold Bloom sai de sua casa pela manhã, em Dublin, vive sua saga, e volta - uma história de um único dia contada em cerca de 800 páginas em Ulysses, de James Joyce. Publicado em 1922, o livro é um dos mais importantes da literatura moderna, mas também considerado uma leitura desafiadora. Neste Bloomsday, celebrado em 16 de junho, entenda por que ler a obra-prima de Joyce.

Ao Estadão, no Bloomsday de 2023, três especialistas responderam por que vale mergulhar em Ulysses.

Caetano W. Galindo, o mais recente tradutor de Joyce, descreve o livro como "trabalhoso", mas oferece argumentos convincentes: "Talvez a mais profunda e (acima de tudo) mais divertida exploração da consciência humana, em suas esquisitices, dores, verdades e mentiras. Além, claro, de ser uma viagem sem tamanho em termos de invenção formal", disse.

De acordo com Galindo, acima de tudo, o leitor encontrará um melhor amigo no protagonista Leopold Bloom.

Marcelo Tápia, poeta que organiza as comemorações do Bloomsday em São Paulo desde 1992, pensa que Ulysses "propicia ao leitor uma vivência intensa: é um livro que parece conter tudo sobre o ser humano, a vida e a morte, embora se passe num único dia".

Para Tápia, a obra traz a representação de grandes elementos da existência, o que suscita emoções e reflexões como "amor, traição, sexo, preconceitos, estigmas, fantasia, perversão, delírio, amizade, sofrimento, prazer...", cita ele.

Estudiosa da obra de Joyce e tradutora de outros textos do autor, Dirce Waltrick do Amarante nota que a obra tem muitos romances em um só. "De modo que em cada nova leitura temos um livro novo, novas conexões se formam, outras se desfazem... O leitor vai encontrar o que lhe interessar. Toda a leitura é autobiográfica", reflete.

A professora oferece um caminho: "Quanto mais informações [o leitor] tiver sobre Joyce, a Irlanda, literatura, filosofia etc. melhor, mas isso não significa que não se possa ou não se deva ler sem todas essas informações prévias. Aliás, essa regra serve para tudo: quanto mais repertório temos, mais conexões conseguimos fazer", disse ao Estadão.

Dirce também traça um paralelo entre a ambientação da história e o Brasil. "Ulisses tem muito a dizer a nós, brasileiros. Ulisses fala de um país periférico, a Irlanda, e de uma família que representa não só a periférica Irlanda, colônia britânica, mas também os judeus, os bodes expiatórios, e outras minorias. Essa família representa as minorias contra as quais o imperialismo investe". Essas minorias, porém, são personagens complexas que também deixam transparecer seus preconceitos, ressalta a professora.

O que significa Bloomsday

Instituído a princípio na Irlanda, o Bloomsday foi criado para homenagear Leopold Bloom, protagonista de Ulysses, no dia correspondente à trama - que se desenrola em 16 de junho.

A primeira vez que se ouviu o nome Bloomsday foi em 1924. Em uma carta enviada à sua mecenas Harriet Weaver, o próprio Joyce comentou sobre um grupo de pessoas que tinha se reunido em Dublin

A maior festa da data acontece mesmo na capital irlandesa, onde fãs se fantasiam e passeiam pelos cenários do romance, tomam cerveja no centenário Davy Byrnes Pub e fazem leituras da obra. Em São Paulo ele é celebrado desde 1988, por iniciativa de Haroldo de Campos, mas há celebrações também em outros lugares, como Florianópolis.

Estadão
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