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Erupção de vulcão no Alasca 'congelou' Roma de Júlio César

Mudança brusca na temperatura influenciou em queda da República

26 jun 2020 - 17h26
(atualizado às 17h59)
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A erupção do vulcão Okmok, no Alasca, causou graves problemas na Roma de Júlio César e pode ter contribuído decisivamente para a queda da República Romana da época. Por conta da explosão, houve um frio intenso, que devastou plantações e causou fome, desordens e doenças.

Queda de Júlio César teve um fator inesperado: a erupção de um vulcão que mudou a temperatura e o clima na Europa
Queda de Júlio César teve um fator inesperado: a erupção de um vulcão que mudou a temperatura e o clima na Europa
Foto: WikimediaCommons / Ansa - Brasil

A descoberta foi publicada nesta semana na revista da Academia Americana de Ciências (Pnas) em pesquisa liderada pelo norte-americano Joe McConnell, do Desert Research Institute. Os pesquisadores descobriram que, por volta do ano 44 a.C., fontes locais descreveram um período de clima "insolitamente frio", que causou desordens e doenças em toda a região mediterrânea.

Os efeitos do frio fora de época também ajudaram, segundo os historiadores, a derrubar outro reino, o Ptolemaico, no Egito. Existiam já hipóteses de que uma erupção vulcânica tivesse ajudado na mudança do clima à época, mas até hoje não se sabia qual delas teria causado tamanho problema.

A descoberta ocorreu por acaso quando os pesquisadores, no ano passado, se debruçaram em um extrato bem conservado de cinza vulcânica em um núcleo de gelo e decidiram investigar.

Confrontando os dados encontrados com outras cinzas localizadas em extratos congelados provenientes da Groenlândia e da Rússia, os estudiosos identificaram uma erupção ocorrida no início do ano 43 a.C., com efeitos nos dois anos seguintes.

A análise geoquímica das amostras de cinzas presentes no gelo mostravam que elas pertenciam ao vulcão Okmok, no Alasca. Para compreender os efeitos daquela erupção sobre o clima, os analistas então fizeram uma simulação e descobriram que os dois anos seguintes à erupção foram os mais frios no hemisfério norte dos últimos 2,5 mil anos. A década seguinte à explosão é a quarta mais fria da história.

As temperaturas médias chegaram a cair 7ºC durante o verão e o outono seguintes. As chuvas de verão aumentaram entre 50% e 120% em todo o sul da Europa, enquanto as precipitações no outono subiram 400%.

Segundo o historiador Joe Manning, da Universidade de Yale, "os efeitos no clima foram um grave choque para uma sociedade já estressada em um momento crucial da história".

Ansa - Brasil   
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