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“Amo estar no Brasil”, diz Akram Khan sobre Festival OBND

Coreógrafo britânico, um dos mais renomados da atualidade, fala sobre sua apresentação nesta semana com Israel Galván

5 mai 2015 - 09h00
(atualizado às 10h17)
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Ele está de volta. Um dos artistas da dança mais aclamados no mundo, Akram Khan se apresenta em São Paulo (6) e no Rio de Janeiro (8) dentro da programação do Festival O Boticário na Dança (OBND). Desta vez, ele sobe ao palco acompanhado de outro grande nome, o espanhol Israel Galván.

Akram Khan acredita que para a expansão de seu trabalho é preciso misturar diferentes bagagens artísticas e culturais
Akram Khan acredita que para a expansão de seu trabalho é preciso misturar diferentes bagagens artísticas e culturais
Foto: Laurent Ziegler / Divulgação

Khan já desenvolveu peças com a atriz Juliette Binoche, a bailarina Sylvie Guillem e outro nome famoso do momento, o coreógrafo Sidi Larbi Cherkaoui. Cheio de fôlego, em 2012 também assinou um trecho da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. E, no ano seguinte, montou sua versão de “A Sagração da Primavera”, em comemoração ao centenário da obra. Agora, ele revisita “Giselle”, para o English National Ballet, com estreia em 2015.

Ao lado do produtor Farooq Chaudhry, fundou a Akram Khan Company, que se tornou um dos grupos artísticos associados do renomado Sadler’s Wells Theatre na capital britânica. E de lá, após encerrar mais um ensaio, Khan falou ao Terra sobre sua carreira, a expectativa para mais um reencontro com o público brasileiro e seus novos projetos.

Terra – Como foi o início de sua carreira? 

Khan - Comecei bem cedo. Aos sete anos, minha mãe decidiu que eu deveria aprender a cultura de nossa família [que tem como origem Bangladesh]. Ela me ensinou uma dança tradicional indiana.

Terra – Quais eram suas influências quando garoto? 

Khan

– Charles Chaplin, Muhammad Ali, Michael Jackson... Ficava inspirado porque via nos seus movimentos algo bastante físico.

Terra – E o começo no teatro?

Khan – Comecei no teatro com Peter Brook. Tinha dificuldades porque minha família via as artes como um hobby. Comecei aos 21 anos a dançar contemporâneo e balé. Isto é muito tarde! Mesmo para quem começou a dançar kathak aos sete.

Terra – Por que criar então sua própria companhia? 

Khan – Desde quando fundei a companhia juntamente com meu produtor Chaudhry, o que eu queria era aprender. Trabalhar com outros artistas com diferentes experiências e linguagens, como cinema e artes visuais. Assim, eu poderia expandir minha própria experiência nas artes.

Terra – Foi você quem despertou o Ocidente para conhecer o kathak? 

Khan – Não. O kathak está no Ocidente há um longo tempo. Acho diferente o jeito que eu faço, que eu uso a dança. Isto é único.

Terra – Você tem uma produção variada e com colaboração de artistas importantes, além dos trabalhos com sua companhia e nos quais você dança sozinho. Qual peça você acha mais significativa? 

Khan – Não tenho um trabalho que seja mais significativo. Todos os trabalhos são importantes para mim.

Terra – Como é sua rotina de trabalho? 

Khan

– Depende do projeto. Geralmente, treino três horas por dia. Depois dedico tempo à criação. Normalmente, gasto de um ano a um ano e meio pesquisando sobre o assunto que eu vou explorar. Na sequência, tomo decisões com meu produtor. E finalizo o processo ensaiando e testando o que vai ao palco por uns dois meses.

Terra – Tem novos projetos vindo aí? 

Khan – Para minha companhia, estou montando um novo espetáculo baseado no texto Mahabharata, da mitologia indiana. Vai se chamar “Until the Lions” e deve estrear em janeiro de 2016. Com o English National Ballet, estou coreografando uma versão de “Giselle”, que deve ter a première em setembro ou outubro deste ano.

Terra – Sua vinda está sendo bastante aguardada no Brasil. Em São Paulo, os ingressos se esgotaram há três semanas. 

Khan

– Maravilhoso! Amo estar no Brasil. É um lugar fantástico e que tem muitos trabalhos artísticos e criativos que me inspiram.

Terra – Qual sua expectativa para abrir novamente o Festival OBND? 

Khan

– Sempre encontro um lindo ambiente e uma atmosfera acolhedora. Confesso que pela primeira vez estou nervoso. Não quero desapontar ninguém. Ainda bem que conto com a animada presença do Galván.

Terra – O que o público pode esperar de “Torobaka”? 

Khan

– Galván e eu vamos ao passado e ao futuro. Este trabalho é muito importante para nós pessoalmente. Porque a tradição precisa se mover, avançar. Damos uma interpretação bastante contemporânea do kathak e do flamenco.

Terra – Como você acha que contribui para manter a tradição viva? 

Khan

– Para uma tradição sobreviver, precisa se transformar. Galván e eu fazemos esta transformação. Mas não somos os únicos a fazer. Há outras acontecendo por aí.

Terra – Em entrevista ao Terra, Israel Galván disse que “Torobaka” é um “big bang rítmico”. Você concorda com ele? 

Khan

– Posso concordar com ele. Mas, para mim, o espetáculo é como um concerto. Nós dois somos como dois músicos em cena.  E nossos instrumentos são nossos corpos.

“Torobaka”

Festival O Boticário na Dança

São Paulo

6 de maio, 21h

Auditório Ibirapuera (ingressos esgotados)

Rio de Janeiro

8 de maio, 21h

Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Programação completa e ingressos em boticario.com.br/danca

Fonte: Cross Content
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