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Xiaomi, Oppo e Realme: como chinesas mudam o mercado de celular brasileiro

Empresas como Xiaomi, Realme e Oppo brigam por uma parcela do mercado com gigantes como Samsung, Motorola e Apple

10 ago 2022 - 05h00
(atualizado às 19h53)
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Redmi Note 10 5G
Redmi Note 10 5G
Foto: Reprodução/Xiaomi / Tecnoblog

Novas marcas chinesas de celulares, como Xiaomi, Oppo e Realme, surgiram na última década com a promessa de destronar fabricantes já consolidados globalmente, como Samsung e Apple. De fato eles conseguiram algum grau de sucesso em certos mercados em desenvolvimento, mas encontraram um cenário bastante complexo ao tentar entrar no Brasil.

Em comum, essas marcas apostam no fator custo-benefício dos celulares: muitos modelos trazem recursos de ponta mas seu preço final fica na faixa intermediária ou básica em vários países, algo entre R$ 1.000 e R$ 4.000.

Mas diversos fatores impediram que essas empresas tenham alcançado por aqui os mesmos índices de vendas em regiões como Índia e Sudeste Asiático. Alguns deses, segundo especialitas ouvidos por Byte, são altas taxas de importação, construção tímida de marca, as particularidades do mercado brasileiro e a atual dinâmica do varejo global de celulares, afetado pela pandemia de covid desde 2020,

Comprar celular chinês oficial ainda é caro 

Hoje, muitos fãs dessas marcas não compram nos canais oficiais das marcas no Brasil, porque o valor final é mais alto do que o praticado por pequenas lojas de marketplace ou no varejo informal. Estes, por sua vez, eventualmente burlam taxas de importação para manter o preço baixo. Segundo o Fórum Nacional de Combate a Pirataria, tal atividade gera uma evasão fiscal estimada em R$ 5 bilhões por ano. 

"Esses aparelhos aumentaram sua participação no mercado total de smartphones de menos de 2% em 2018 para mais de 8% em 2022", diz Luiz Carneiro, diretor de dispositivos móveis da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Outra saída dos consumidores tem sido comprar em sites internacionais de e-commerce, com a possibilidade de pagar pelas taxas de importação, esperar por semanas até a entrega ou mesmo ter sua mercadoria extraviada.

Por conta disso, a penetração dessas marcas ainda é muito tímida no Brasil. Segundo a plataforma Statcounter, a liderança está com a sul-coreana Samsung, com 42,1% de fatia de mercado; e as norte-americanas Motorola, com 21,9%, e Apple, com 14,8%. Em quarto, vem a Xiaomi, com 12,4% — os dados são de julho.

É um panorama um pouco diferente do global, onde a China tem se mostrado forte: a Xiaomi ocupa a terceira posição, com 14%, e a Oppo e a Vivo empatam com 9%. A Oppo estreou no Brasil no mês passado, e a Vivo (não confundir com a operadora de celular da Telefônica) ainda não opera aqui.

 

Realme 9 Pro Plus
Realme 9 Pro Plus
Foto: Divulgação / Realme

Como marcas chinesas vieram ao Brasil?

A Xiaomi já está na sua segunda tentativa de incursão no Brasil. A primeira foi em 2015, mas falhou por sua tática de oferecer "eventos de venda" e catálogo limitado de produtos. Retornou em 2019 por meio de uma parceria com a empresa mineira DL, que importa e adapta os celulares para o mercado local, além de oferecer assistência técnica. A empresa também importa outros objetos, de patinetes elétricos a mochilas; e abriu lojas próprias em shopping centers de São Paulo e Rio de Janeiro.

Seguiram-se à Xiaomi a Realme, em janeiro de 2021; e a Oppo, em julho deste ano. Ambas são marcas da holding BBK, mas atuarão de forma independente no Brasil.  A Infinix está preparando sua entrada em parceria com a brasileira Positivo.

Essas empresas contaram com um fator que poderia tê-las beneficiado: a saída da japonesa Sony e da sul-coreana LG do mercado brasileiro de smartphones, após anos de prejuízos neste setor. Ainda assim, o vácuo deixado ainda não foi tomado pelas novatas.

Outras aventureiras bateram na trave, como a Alcatel, marca da gigante chinesa TCL que foi embora em 2019; e a Huawei, que já tentou vender celulares mas hoje atua principalmente com pulseiras fitness no mercado local. Correndo por fora, a Asus tem se mostrado resiliente por anos com a linha Zenfone, que tem relativo sucesso no Brasil.

Há de se notar uma particularidade: a Motorola, segundo lugar em celular no país, tem matriz nos EUA e executivos de todo mundo. Mas na verdade é também chinesa, pois a Lenovo comprou a empresa em 2014. Houve no Brasil, porém, um trabalho de marca por anos antes dessa aquisição, e a "Moto" ganhou bastante experiência nesse sentido. Tanto é que seu atual presidente, Sergio Buniac, é brasileiro. Tudo isso a favoreceu antes dessa recente "invasão chinesa". 

Motorola Edge 30 Pro
Motorola Edge 30 Pro
Foto: Divulgação / Motorola

Por que marcas chinesas não emplacam no Brasil?

Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria da IDC Brasil, afirma que esse mercado asiático está em expansão, e o Brasil continua fazendo parte desse plano. “Alguns fabricantes foram para a Índia ou estão em expansão global, e o Brasil está entre os top países nesse processo”, comenta. Mas ainda que as novas fabricantes tenham dificuldades, é esperado que elas se fortaleçam para competir com as empresas já instaladas.

As fabricantes chinesas apresentaram um crescimento muito rápido no mercado, mas depois da pandemia as coisas mudaram um pouco. “Ainda assim, a expectativa é que com a entrada deles, tenha uma maior competitividade, o que é bom para os varejistas e para o consumidor, que pode ter preços mais acessíveis”, diz Sakis. 

Para Tina Lu, analista sênior da consultoria Counterpoint, essas empresas realizam estratégias agressivos de varejo nos outros mercados, mas isso não aconteceu no Brasil. "Com as grandes redes de varejo brasileiras é muito difícil de negociar. E elas ainda têm que pagar esses impostos altos, então o preço não fica nada competitivo", afirma.

No caso da América Latina, ela diz que ainda é preciso um trabalho de construção de marca e fabricação local. "A Xiaomi começou a fabricar localmente na Argentina, de forma ainda muito tímida. Vamos ver se fazem no Brasil". Por fim, ela lembra dos altos índices de inflação dos países latino-americanos. "Na Argentina temos 90% de inflação. O consumidor comum vai primeiro tentar comer e depois pensar e mudar de telefone", explica.

Roberto Kanter, professor do MBA da FGV-RJ, também cita a interferência do mercado ilegal. "Atrapalha, claro, porque a empresa oficial fica com muito menos condição de vender o produto ao seu preço ideal. Mas às vezes ter um mercado paralelo permite entender quais são os produtos com maior demanda e isso pode sair com uma solução interessante para você", analisa.

Oppo Reno7, um dos aparelhos homologados no Brasil
Oppo Reno7, um dos aparelhos homologados no Brasil
Foto: Reprodução / Oppo / Tecnoblog

O que dizem as marcas

Procuradas, Xiaomi, Oppo, Huawei e Motorola não responderam aos pedidos de entrevista do Byte. Já a Realme disse que seu crescimento tem sido exponencial desde a sua fundação, em 2018. "A empresa já está entre as seis principais fabricantes de smartphones do mundo, é quarto lugar no continente europeu e top 5 em outras 30 regiões. Como marca 5G que mais cresce na América Latina, o crescimento superou 534% no último trimestre do ano passado”, afirmou a assessoria da empresa, sem citar números de aparelhos vendidos no país.

Sobre a questão do mercado brasileiro e suas dificuldades, a Realme argumenta que uma das barreiras é a vasta extensão territorial, que aumenta custos de operação. "Mesmo diante desse desafio, a empresa quer oferecer preços competitivos, pois tem planos de ser uma das maiores fabricantes do país", diz. 

Fonte: Redação Byte
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