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Vírus descoberto em morcego russo é do tipo da covid e pode escapar de vacinas

Cientistas apontam que o Khosta-2 acumula semelhanças com o vírus da covid-19 e, em testes de laboratório, resistiu aos anticorpos produzidos após a vacinação

22 set 2022 - 20h29
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No final de 2020, uma equipe de cientistas descobriu um novo vírus, após analisar morcegos selvagens da Rússia. Inicialmente, não relacionaram a descoberta do Khosta-2 com um potencial risco para os humanos, mesmo que o agente infeccioso fosse parente do vírus da covid-19 e que ambos preservassem semelhanças entre si. Agora, uma nova pesquisa observou que, caso infecte humanos, nem os anticorpos ou as vacinas existentes poderiam nos proteger.

Foto: Signe Allerslev/ Pixabay / Canaltech

Publicado na revista científica PLoS Pathogens, o estudo sobre o vírus descoberto em morcegos russos e o potencial risco para os humanos foi liderado por pesquisadores da Washington State University (WSU), nos Estados Unidos. É necessário interpretar as análises com cautela.

Apesar do perigo hipotético, é preciso reforçar que o agente infeccioso é encontrado apenas em animais silvestres e, até onde se sabe, nunca infectou um ser humano. De forma natural, também não se sabe como esta infecção iria ocorrer, já que o experimento foi realizado apenas em laboratório.

Descoberto em morcegos da Rússia, novo vírus tem semelhanças com a covid-19 (Imagem: Simon Berstecher/Pixabay)
Descoberto em morcegos da Rússia, novo vírus tem semelhanças com a covid-19 (Imagem: Simon Berstecher/Pixabay)
Foto: Canaltech

Por que o vírus do morcego russo é parecido com o da covid?

Como resultado da busca ativa por vírus em animais selvagens na Rússia, os pesquisadores descobriram dois novos agentes infecciosos: o Khhosta-1 e o Khhosta-2. Ambos pertencem ao mesmo subgênero do coronavírus SARS-CoV-2, conhecido pelo nome de Sarbecovírus e, por isso, guardam inúmeras semelhanças. Na mesma classificação, entram também o SARS-CoV e MERS-CoV.

Em testes de laboratório, foi possível determinar que o Khosta-1 representava um baixo risco para os seres humanos. Por outro lado, o Khosta-2 demonstrou algumas características preocupantes, segundo as análises do recente estudo.

Novo vírus pode infectar humanos?

A equipe descobriu que tanto o Khosta-2 quanto o vírus da covid-19 podem usar a proteína de pico (Spike) da membrana celular para infectar células e, através dela, conectam-se à enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) — presente nas células humanas —, completando, teoricamente, o ciclo de infecção.

"Descobrimos que a proteína de pico do vírus Khosta-2 poderia infectar células, como patógenos humanos, usando os mesmos mecanismos de entrada, mas era resistente à neutralização pelo soro de indivíduos vacinados para SARS-CoV-2", explicam os autores.

Isso porque, além de verificarem o potencial de infecção, a equipe testou a eficácia de anticorpos encontrados no soro de pessoas vacinadas contra a covid-19 e também no soro de pessoas infectadas pela variante Ômicron. Nos testes, o vírus Khosta-2 resistiu a essas defesas já existentes.

Vacinas universais contra os coronavírus e as variantes da covid

Após encontrarem vírus semelhantes ao coronavírus SARS-CoV-2, cientistas defendem criação de vacina universal (Imagem: SteveAllenPhoto999/Envato)
Após encontrarem vírus semelhantes ao coronavírus SARS-CoV-2, cientistas defendem criação de vacina universal (Imagem: SteveAllenPhoto999/Envato)
Foto: Canaltech

Diante das descobertas, os autores defendem que vacinas universais contra os coronavírus devem ser a prioridade das pesquisas científicas. Este novo tipo de imunizante protegeria contra o vírus da covid e suas variantes, mas também contra qualquer outro parente do grupo.

"No momento, existem grupos tentando criar uma vacina que não apenas proteja contra a próxima variante do SARS-CoV-2, mas também nos proteja contra os sarbecovírus em geral", explica Michael Letko, virologista da WSU e um dos autores do estudo, em comunicado.

Entre as pesquisas em andamento pela vacina universal, está a do Instituto Francis Crick, no Reino Unido. No momento, a fórmula já é avaliada em testes pré-clínicos, com animais. Caso bem-sucedida, protegerá contra 8 diferentes tipos de coronavírus.

Fonte: PLoS Pathogens e WSU  

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