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Paciente com Parkinson volta a andar após implante na medula espinhal

Para permitir que pacientes com mobilidade reduzida por doença de Parkinson retomem a capacidade de movimento, um novo implante é altamente promissor

7 nov 2023 - 13h43
(atualizado às 16h23)
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Na Suíça, pesquisadores da Lausanne University Hospital (CHUV) testam um novo implante na medula espinhal que permite que pessoas com a doença de Parkinson voltem a andar, conhecido como neuroprótese. Descrita na revista científica Nature Medicine, a tecnologia pode ser revolucionária para pacientes que enfrentam esse debilitante transtorno cerebral.

Foto: Pikisuperstar/Freepik / Canaltech

Por enquanto, a única pessoa a experimentar o implante é Marc, de 62 anos, que convive com o Parkinson há cerca de 30 anos. Até então, o homem já tinha tentado todos os tratamentos disponíveis para impedir o avanço da doença, mas continuava a perder sua capacidade de movimento e locomoção. No entanto, a verdadeira melhora só foi notada com o sistema de programação direcionada de estímulos da medula espinhal que se adaptam, em tempo real, aos seus movimentos.

Anteriormente, a mesma equipe de pesquisadores suíços desenvolveu uma nova interface cérebro-máquina para que um paciente com paralisia nas pernas — uma complicação mais profunda e grave na capacidade de movimento — voltasse a andar, com o impulso dos pensamentos. O mais novo implante funciona a partir dos mesmos princípios de intencionalidade, mas tem suas particularidades.

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Como tratar a doença de Parkinson?

Para reduzir os tremores, a rigidez e a paralisia do Parkinson, Marc realizou tratamentos com dopamina e estimulação cerebral profunda. No entanto, a sua capacidade de resposta começou a diminuir com essas terapias, o que coincidia com a piora do seu quadro.

Novo implante pode ser a cura para a doença de Parkinson (Imagem: Bialasiewicz/Envato)
Novo implante pode ser a cura para a doença de Parkinson (Imagem: Bialasiewicz/Envato)
Foto: Canaltech

Antes do implante na medula, Marc conta, em nota, que "mal conseguia andar sem quedas frequentes, várias vezes ao dia. Em certas situações, como ao entrar num elevador, eu congelava, como dizem".

Sintomas do Parkinson

A situação que o paciente descreve, como a dificuldade para andar, é um dos sintomas mais comuns entre aqueles que sofrem com o Parkinson avançado. A perda da capacidade de mobilidade chega a afetar até 90% dos indivíduos neste estágio.

O outro sintoma descrito como "congelamento" é também bastante comum. Para descrever o quadro, os pacientes costumam explicar que, de forma inesperada, sentem como se estivessem colados ao chão, não conseguindo se movimentar por alguns segundos ou mesmo minutos. Isso também contribui com as quedas.

Implante "curou" o Parkinson?

Na questão dos movimentos, é possível dizer que o implante na medula espinhal curou os sintomas mais comuns da doença no paciente Marc. Já que, após algumas semanas de reabilitação com a neuroprótese, o homem recuperou a sua marcha para um estágio quase normal, o que é um resultado impressionante para o Parkinson.

No momento, Marc deixa o dispositivo ativado por mais de 8 horas por dia, desligando quando passa muito tempo parado ou dormindo. "Ligo o sistema de estimulação de manhã e desligo à noite", afirma. Com isso, voltou a ser parte da sua rotina subir escadas — "elas não me assustam mais", confessa. Ele também caminha cerca de 6 km aos domingos.

Apesar dos avanços, não se pode afirmar ainda que o implante curou a doença ou que estabilizou o quadro de Parkinson. É possível que o dispositivo tenha essa capacidade, mas isso só será provado após longos períodos de acompanhamento e muitos exames.

Como funciona o implante na medula espinhal?

Hoje, um dos tratamentos mais convencionais para a doença de Parkinson tem como alvo as regiões do cérebro mais afetadas pela perda de neurônios produtores de dopamina.

De forma diferente, o implante suíço tem como foco a medula espinhal. Esta é responsável pela ativação dos músculos das pernas durante a caminhada e que, a princípio, não é diretamente afetada pelo transtorno cerebral.

Implante na medula espinhal faz paciente com Parkinson voltar a andar (Imagem: Milekovic et al., 2023/Nature Medicine)
Implante na medula espinhal faz paciente com Parkinson voltar a andar (Imagem: Milekovic et al., 2023/Nature Medicine)
Foto: Canaltech

"É impressionante notar que ao estimular eletricamente a medula espinhal de maneira direcionada, da mesma forma que fizemos em pacientes paraplégicos, podemos corrigir os distúrbios da marcha causados pelo Parkinson", afirma Jocelyne Bloch, neurocirurgiã, professora da CHUV e uma das autoras do estudo.

A principal diferença entre os dois quadros é que, no paciente com paralisia total, a lesão sofrida rompeu a comunicação entre o cérebro e a medula. Aqui, no caso de Marc, essa ligação ainda existe, mas está enfraquecida pela morte dos neurônios.

Então, o complexo sistema de neuroprótese mede os movimentos residuais da perna — a intenção de andar do paciente —, através de sensores, e envia os estímulos elétricos para a medula espinhal, fazendo com que o indivíduo caminhe como gostaria. Há também um gerador de impulsos elétricos implantado sob a pele do abdômen.

A neuroprótese está disponível?

Como foi dito, Marc é o único paciente do mundo a testar a nova tecnologia de implante na medula espinhal. Conforme o período de uso avance e os resultados sejam analisados, é possível que, no futuro, a neuroprótese esteja disponível para mais pessoas que enfrentam o Parkinson.

Fonte: Nature Medicine e CHUV  

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