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O que é leptospirose?

Doença transmitida quase sempre pela urina de ratos contaminados, a leptospirose pode ser mortal, caso não tratada. É mais comum após chuvas e enchentes

19 nov 2023 - 10h01
(atualizado em 20/11/2023 às 12h31)
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Após períodos de fortes chuvas e enchentes, inúmeras doenças podem se proliferar em uma região, como a leptospirose, transmitida pela urina de ratos infectados. Por isso, todo cuidado é pouco na hora de adentrar em áreas que estiveram alagadas e que têm poças de lama com essa água suja — e potencialmente contaminada. Lembre-se que o conhecimento sobre o que é leptospirose é fundamental para se prevenir.

Foto: CreativeNature_nl/Envato Elements / Canaltech

No caso do Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, mas pode se tornar epidêmica no período de chuvas, segundo o Ministério da Saúde. Em 2023, foram 3 mil casos oficialmente confirmados da doença, sendo que 310 evoluíram para o óbito do paciente. É elevado o nível de mortalidade. Os registros da infecção transmitida por roedores se concentram majoritariamente nos estados do Sul e do Sudeste.

O que é leptospirose?

Quando ocorrem as enchentes, os ratos também são "despejados" de suas tocas e bueiros, precisando buscar refúgio em partes mais altas e seguras, como os telhados de casas, até a água baixar. Como estão mais próximos dos humanos, o risco de transmissão aumenta.

Casos de leptospirose aumentam após época de chuvas e enchentes (Imagem: Eldelik/Envato Elements)
Casos de leptospirose aumentam após época de chuvas e enchentes (Imagem: Eldelik/Envato Elements)
Foto: Canaltech

A bactéria responsável pela doença é a Leptospira, presente na urina contaminada de animais, principalmente ratos. Pensando em uma pessoa saudável, "a bactéria penetra no corpo através de machucados e, até mesmo, da pele sadia quando a pessoa fica muito tempo dentro da água [contaminada]", explica Ligia Castellon Figueiredo Gryninger, médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), em nota.

Após a infecção, os sintomas da leptospirose não são imediatos, já que há um período de incubação. Este tempo pode ser de até 30 dias, mas os primeiros indicativos da doença costumam surgir entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

Leptospirose e sintomas

Após entender o que é leptospirose, vale explicar que os pacientes podem apresentar diferentes tipos de sintomas e níveis de gravidade da doença. Inclusive, os sintomas iniciais, da Fase Precoce, podem ser confundidos com os da gripe, como veremos a seguir:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Dor muscular, principalmente nas panturrilhas — sintoma bastante característico;
  • Falta de apetite;
  • Náuseas e/ou vômitos;
  • Diarreia;
  • Dor nas articulações;
  • Fotofobia;
  • Dor ocular;
  • Tosse.

Do total de pacientes infectados pela bactéria, após a primeira semana de sintomas, cerca de 15% deles evoluem para uma fase mais grave da doença, chamada de Fase Tardia, onde há necessidade de internação hospitalar. Neste momento, o indivíduo pode apresentar:

  • Síndrome de Weil: quadro marcado pela tríade de icterícia (pele e olhos ficam com um tom amarelo-avermelhado), insuficiência renal e hemorragias;
  • Síndrome de hemorragia pulmonar: quando há lesão pulmonar aguda e sangramento do órgão;
  • Comprometimento pulmonar: tosse seca, dispneia (falta de ar) e tosse com sangue;
  • Outros tipos de manifestações hemorrágicas: pode afetar a pele, as mucosas, o sistema nervoso central e outros órgãos.

Tratamento para leptospirose

O tratamento de cada paciente vai variar de acordo com os sintomas apresentados e da análise do médico responsável. Dito isso, é comum ser indicada a prescrição de antibióticos para o tratamento da fase inicial da doença, antes mesmo do resultado dos exames, como amoxicilina ou ainda doxiciclina, segundo Nota Técnica Nº 138/2022, do Ministério da Saúde.

O início imediato da medicação reduz o risco de complicações graves e, por isso, deve ser feito antes mesmo da confirmação da leptospirose por exame médico, como o exame de sangue. Para outras doenças com risco à vida, a medida também é adotada, como o tratamento contra a febre maculosa, transmitida pelo carrapato-estrela.

Prevenção da doença

Até o momento, não foi desenvolvida uma vacina segura e eficaz para proteger os humanos contra a bactéria Leptospira — animais domésticos e de produção tendem a ser imunizados com fórmulas específicas, como a V10 e a V8 dos cães.

Pessoas devem usar botas e material de proteção para não entrar em contato com urina de rato contaminada (Imagem: Mac231/Pixabay)
Pessoas devem usar botas e material de proteção para não entrar em contato com urina de rato contaminada (Imagem: Mac231/Pixabay)
Foto: Canaltech

Dessa forma, a principal forma de prevenção para humanos é evitar o contato com a urina de ratos, o que envolve usar equipamento de proteção, como botas e calças, ao andar em áreas de risco, especialmente após enchentes. Não se deve nadar nas águas de alagamentos e nem bebê-las. E os objetos e móveis regastados devem ser limpos com uma mistura de hipoclorito de sódio (água sanitária).

Agora, pensando no controle a longo prazo dos roedores, é importante impedir que os ratos tenham acesso ao lixo doméstico e que as caixas d'água sejam vedadas. O uso de raticidas também pode ser uma opção para manter um local protegido.

Se você apresenta sintomas da leptospirose ou tem dúvidas sobre como tratar a doença, a recomendação é buscar ajuda médica imediatamente, ainda mais se está em regiões de risco, com alagamentos.

Fonte: Ministério da Saúde, Nota Técnica da Saúde e Vigilância Epidemiológica de SC

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