O preço do ouro está disparando, o que criou um novo negócio criminoso: os "narcomineiros"
O preço do ouro triplicou na última década e subiu mais de 25% somente neste ano. O metal que simboliza o refúgio em Dubai ou Zurique é extraído com mercúrio e violência em minas clandestinas.
Em Stilfontein, uma antiga cidade mineira na África do Sul, os moradores já não temem o vazio dos túneis abandonados, mas sim os estranhos que chegam em carros carregados de rifles. "Eles vêm por alguns dias, compram ferramentas e depois desaparecem", comentou um comerciante local. Não se trata de mineiros tradicionais. São gangues armadas que lutam no subsolo por um prêmio cada vez mais valioso: ouro.
Cenas semelhantes se repetem nas florestas da Amazônia, nos rios do Cauca colombiano ou nos túneis dos Andes peruanos. O que antes era uma corrida do ouro artesanal tornou-se uma guerra silenciosa. O metal precioso que em Londres ou Dubai representa refúgio e estabilidade financeira está contaminado no solo por mercúrio, sangue e crime organizado.
A corrida do ouro do século XXI
Segundo estimativas da Reuters, o preço do ouro triplicou na última década e subiu mais de 25% somente neste ano. Em 21 de agosto, o ouro era negociado a cerca de US$ 3.331 a onça, um recorde. Em meio à inflação, às guerras comerciais e às tensões geopolíticas, os investidores estão buscando no ouro o que ele sempre representou: segurança.
Mas essa corrida não se traduz apenas em lingotes de ouro em cofres. Também desencadeou uma corrida pelo metal nas áreas mais frágeis do planeta. A ONG SwissAid registrou em um relatório que 435 toneladas de ouro — cerca de US$ 31 bilhões — foram contrabandeadas para fora da África em 2022, o dobro do valor de dez anos antes. No Peru, o maior produtor da América ...
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