Manus AI: Meta compra uma das startups de IA mais empolgantes do ano; conheça a companhia chinesa
Startup chinesa viralizou com agentes de IA que tomam decisões e coordenam múltiplas etapas de um fluxo de trabalho
A Meta anunciou nesta segunda-feira, 29, a aquisição da startup Manus AI, em um movimento para acelerar a incorporação de agentes de inteligência artificial avançados em seus produtos voltados a consumidores e empresas. A companhia informou que passará a operar e comercializar o serviço, além de integrá-lo ao Meta AI.
O acordo também marca um movimento inédito no setor: trata-se de uma das primeiras aquisições de grande porte feitas por uma big tech americana envolvendo um produto de IA desenvolvido no ecossistema asiático e em um contexto de crescente tensão geopolítica e regulatória entre Washington e Pequim.
Os valores oficiais do acordo não foram divulgados. Segundo a Reuters, uma fonte com conhecimento direto do acordo afirmou que a aquisição avalia a Manus entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões.
A Manus ganhou notoriedade no início de 2025 ao apresentar um sistema capaz de executar tarefas complexas do início ao fim, como pesquisa de mercado, programação, análise de dados e planejamento, com mínima intervenção humana. A proposta vai além de chatbots tradicionais ao permitir que o agente tome decisões e coordene múltiplas etapas de um fluxo de trabalho.
Segundo a Meta, a tecnologia da Manus já processou mais de 147 trilhões de tokens e criou cerca de 80 milhões de ambientes computacionais virtuais. A empresa afirma que pretende escalar essas capacidades para atender um número maior de clientes corporativos, incorporando os agentes a diferentes serviços do ecossistema Meta.
Fundada originalmente na China, a Manus transferiu sua sede para Cingapura ao longo de 2025, em meio ao aumento das tensões regulatórias e geopolíticas entre Estados Unidos e China. Seus produtos não são oferecidos no mercado chinês, e a empresa mantém parcerias estratégicas internacionais, incluindo colaboração em modelos de IA com a Alibaba.
O agente da Manus viralizou nas redes sociais após a empresa alegar que seu desempenho superava soluções como o DeepResearch, da OpenAI, o que levou analistas a chamá-la de "nova DeepSeek". A exposição foi amplificada por menções na mídia estatal chinesa e por demonstrações públicas de automações em larga escala.
Em termos técnicos, o sistema da Manus adota uma arquitetura multiagente, na qual diferentes subagentes especializados trabalham de forma coordenada e assíncrona. Essa abordagem permite selecionar modelos distintos para tarefas específicas, otimizando custo computacional e tempo de resposta conforme a complexidade da demanda.
Aquisição estratégica
A empresa por trás do Manus, a Butterfly Effect, foi fundada em 2022 e iniciou o desenvolvimento de seus agentes de IA no fim de 2024. Embora grande parte de seus pesquisadores e engenheiros estivesse na China, o produto foi lançado fora do país por depender de modelos de IA americanos indisponíveis no mercado chinês, como o Claude, da Anthropic.
Após captar US$ 75 milhões em uma rodada liderada pela Benchmark, a empresa oficializou a mudança de sua sede para Cingapura e passou a concentrar suas operações no país, onde mantém cerca de 100 funcionários.
Com a compra da Manus, a Meta se junta a outras grandes empresas que disputam a liderança no mercado de agentes autônomos de inteligência artificial, um segmento que vem atraindo investimentos elevados e estratégias de monetização agressivas, especialmente no mercado corporativo. A aposta está em sistemas capazes de automatizar tarefas complexas de forma contínua, substituindo etapas inteiras de trabalho humano.
Em algumas ofertas já disponíveis no mercado, como da OpenAI, esses agentes são comercializados por valores que chegam a US$ 20 mil por mês, o que ajuda a explicar a intensificação da disputa entre grandes plataformas por tecnologias capazes de escalar esse tipo de serviço.