'Superinteligência artificial da OpenAI é uma farsa', diz futurista em visita ao Brasil
Ao 'Estadão', Amy Webb explicou porque duvida do objetivo da empresa de Sam Altman
O principal discurso da OpenAI nos últimos anos é de que a empresa busca a criação da inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês). É uma expressão sobre a qual não existe consenso, mas que, de forma geral, descreve um sistema com capacidade humana. No entanto, para a futurista Amy Webb, o discurso da companhia fundada por Sam Altman é uma farsa.
A fundadora do Future Today Institute — e voz conhecida por apontar previsões estratégicas para executivos — conversou com o Estadão após ela realizar o seu painel na Rio Innovation Week nesta quinta, 14, e contou sua experiência com a empresa do ChatGPT.
"Três anos atrás, eu estava com executivos da OpenAI e eles falavam sobre a companhia como uma empresa de AGI. Eu pedi para que falassem mais. O que isso significava? 'Vocês já descobriam a AGI? Isso é uma surpresa'. Eles disseram 'é o que é'. E agora, a Meta se chama uma empresa de 'superinteligência artificial'. É tudo uma farsa", disse ela à reportagem.
Recentemente, a companhia fundada por Mark Zuckerberg realizou uma reorganização interna dos esforços de IA, afirmando querer criar uma IA com capacidade humana — a única diferença é que a gigante adotou o nome "superinteligência" em vez de AGI. Para isso, a Meta passou a realizar contratações milionárias. Uma delas é a do jovem de 24 anos que custou US$ 250 milhões. Com tudo isso, Zuckerberg chegou a declarar que a super IA está próxima.
Tanto os esforços da OpenAI quanto os da Meta são enraizados nos grandes modelos de linguagem (LLMs), algo que Amy crer ser uma limitação fundamental para os objetivos das companhias.
"Não acho que a AGI esteja ligado a LLMs, que são muito limitados. Você precisa de muitos outros tipos de dados e contexto, como dados de robôs, dados comportamentais e dados de movimento", afirmou à reportagem. O ponto de vista dela se assemelha a de outros críticos da OpenAI, como o professor da Universidade de Nova York, Gary Marcus, e a pesquisadora Timnit Gebru.
Amy, porém, afirma que há uma empresa que pode já ter algo semelhante a uma AGI, a DeepMind, do Google. "Se você observar a pesquisa da Deep Mind, o que ninguém realmente faz, eles definitivamente superaram os benchmarks e não acho que diriam que alcançamos a AGI, mas já é possível vê-la", disse.
O que pode impactar negativamente o Brasil
Perguntada sobre quais setores do Brasil podem sofrer algum tipo de impacto tecnológico negativo, a futurista afirmou que o que vai causar são "outras forças".
"As mudanças climáticas, por exemplo, causam perturbações. Veja o que aconteceu no sul do Brasil. Foi horrível. Esse foi um evento climático que perturbou o transporte, a agricultura... Até dois anos atrás, o mundo inteiro, ou pelo menos os Estados Unidos, estavam apostando na energia verde. E agora, de repente, querem petróleo e carvão. As mudanças políticas também afetam o que está acontecendo aqui. Então, a única coisa sobre a qual você pode ter controle é a tecnologia, certo?", disse ela.
Mais cedo, em seu painel Erick Bretas, CEO do Estadão, a futurista afirmou que o País não tem lideranças que apontam para o futuro.