'Quanto mais complexa a IA se tornar, mais iremos confiar nela', diz futurista Amy Webb
Confiança e autenticidade na era dos agentes de IA foi tema de debate da especialista durante a Rio Innovation Week
Se você ainda não confia em sistemas de inteligência artificial (IA), sua opinião ainda vai mudar — ao menos é o que sugere a futurista Amy Webb. Em um painel da Rio Innovation Week com Erick Bretas, CEO do Estadão, a americana afirmou que passaremos a depositar ainda mais confiança nesses sistemas à medida que evoluem.
Perguntada por Bretas como manter a confiança na era dos sistemas multiagentes, IAs capazes de tomar decisões autônomas sem supervisão humana, Amy afirmou que nós já mantemos relações do tipo com IAs.
"Usamos IA o tempo todo. Se você usa o Waze ou WhatsApp, a IA faz parte desses sistemas. Não paramos para perguntar "Confio isso?" porque partimos de uma confiança total. E porque esses sistemas multiagentes estão se tornando cada vez mais complexos, sei que muitas pessoas questionam a confiança e os dados, mas elas confiam nesses sistemas sem qualquer problema", afirmou.
E disse: "quanto mais complexos eles se tornarem, mais confiança depositaremos neles, pois se tornarão muito úteis para nós. Não vamos deixar de utilizá-los".
Multiagentes que conversam entre sim
Antes disso, a futurista havia apresentado como a IA se tornou o novo meio por onde mensagens são distribuídas, como foram no passado revistas, cinema, rádio, TV, internet e até a primeira geração de influenciadores da década passada. Para isso, ela montou uma linha do tempo que usava a influenciadora Virgínia Fonseca como representante atual de meio por onde mensagens circulam — estaríamos, portanto, na era de influenciadores humanos que sabem explorar os pilares de distribuição de plataformas sociais, como TikTok e Instagram.
O evolução disso seria a substituição de influenciadores humanos por influenciadores digitais alimentados por IA — e o público também não seria mais humanos, mas sim outras IAs que agiriam em nome de humanos. Ou seja, qualquer tipo de mensagem (política, religiosa, marketing etc) seria divulgada e absorvida por por máquinas.
"Em breve, a internet deixará de ter pesquisas. Teremos uma internet sem cliques, o que representa uma grande mudança em relação ao que temos hoje. Em vez disso, sistemas colaborativos de IA farão o trabalho por nós. Assim, os consumidores usarão sistemas de IA com memória, o que significa que teremos que descobrir não apenas como fazer marketing para o consumidor para aqueles que fazem marketing, mas também para os agentes, para que você esteja por dentro das recomendações e do feedback positivo coletado. Sejamos realistas: a maioria das empresas não estava preparada no início da internet. Elas também não estavam preparadas no início dos celulares. Vejo a mesma coisa acontecendo agora", afirmou ela.
Autenticidade
A possibilidade de um futuro com ação massiva de agentes de IA levou Bretas a questionar como manter a autenticidade neste novo mundo. "Ter autenticidade seria ótimo. Mas como você faz isso? É hora de começar a trabalhar nisso. Mas o que precisamos é de letramento digital", disse a futurista.
Amy levantou a questão por considerar que a IA pode criar um abismo ainda maior na população, entre os que conseguem identificar e conviver com sistemas de IA, e aquelas que não foram educados para isso. "Fico preocupada que toda uma geração de crianças fique para trás aqui porque elas não têm a capacidade de aprender tudo isso e de ser capazes de distinguir (sistemas de IA)", disse ela. .