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Inovação

Planilha é coisa do passado: como govtechs ajudam cidades a planejar o futuro

Startups voltadas para o setor público ajudam municípios a tomar decisões importante; tema será discutido no fórum Cidade SCS

20 set 2025 - 09h11
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Prever investimentos no setor público é um desafio para muitos governantes. Ter os dados corretos na mão, porém, pode auxiliar prefeitos e gestores: se uma prefeitura sabe quantas gestantes existem em um certo bairro, também pode prever quantas vagas em creches serão necessárias na região nos próximos meses - e até mesmo se precisa construir uma nova escola em breve. A metáfora é simples, mas mostra o potencial transformador que a tecnologia pode trazer ao Estado, especialmente quando as informações de diferentes secretarias são compartilhadas para tomadas de decisão mais eficientes, antecipando demandas da população.

Nesse cenário, integrar dados de áreas como saúde, educação, transporte, finanças ou zeladoria é um dos grandes entraves das cidades brasileiras. Afinal, cada área costuma gerar e armazenar suas próprias informações. Realizar a união e a tradução dessas informações em um só lugar é uma das missões das govtechs - empresas de tecnologia e startups dedicadas a apoiar o setor público. Na próxima semana, em São Paulo, essas companhias inovadoras serão um dos principais destaques da programação do Cidade CSC, evento de cidades inteligentes e inovação urbana que acontecerá entre os dias 23 e 25 de setembro, no Expo Center Norte.

"O que falta para muitas cidades é conseguir juntar as peças. Os dados existem, mas estão em gavetas diferentes", comenta Paula Faria, CEO da Necta Inova, empresa responsável pelo Cidade CSC. "Um dos grandes trabalhos da atualidade é dar unidade a essas informações, para que gestores públicos consigam olhar para o todo e agir de forma rápida e eficiente."

Nomes em cena

Uma das empresas que estarão presentes no evento é a Betha Sistemas, fundada em Criciúma (SC) há mais de três décadas. Hoje, a companhia tem mais de 3 mil clientes, espalhados em 22 Estados, atendendo a 44,5 milhões de brasileiros. Seu portfólio soma 69 soluções digitais, todas operando em nuvem, e vai desde softwares financeiros até plataformas para áreas como saúde, obras e educação.

"O poder público brasileiro ainda é muito heterogêneo. Temos prefeituras que usam planilhas de Excel ou até sistemas em DOS, enquanto outras já operam plataformas digitais integradas. Nosso papel é criar soluções flexíveis, que possam atender tanto cidades em estágio inicial de digitalização quanto aquelas que buscam dar um salto de qualidade", explica Aldo Garcia, CEO da Betha.

Segundo ele, a companhia investiu bastante nos últimos anos para integrar suas soluções à nuvem e a inteligência artificial (IA) - e os resultados dessa transformação começam a aparecer. Em Divinópolis (MG), por exemplo, a prefeitura adotou ferramentas da Betha para eliminar o uso de papel em processos administrativos. Com tudo digitalizado, o município conseguiu reduzir em até 87% o tempo médio de abertura de empresas, em um ganho direto para empreendedores e para a economia local.

Betha Sistemas, fundada em Criciúma (SC), soma 69 soluções digitais, todas operando em nuvem, e vai desde softwares financeiros até plataformas para áreas como saúde, obras e educação
Betha Sistemas, fundada em Criciúma (SC), soma 69 soluções digitais, todas operando em nuvem, e vai desde softwares financeiros até plataformas para áreas como saúde, obras e educação
Foto: Betha Sistemas/Divulgação / Estadão

Na própria cidade em que a Betha surgiu, o movimento é ainda mais ambicioso. A administração de Criciúma passou a integrar o plano de governo às metas estratégicas da cidade, conectando objetivos políticos a sistemas da empresa que monitoram a execução das tarefas em tempo real. "Isso permite saber não apenas o que foi prometido, mas o que está efetivamente sendo entregue. É um nível de planejamento que conecta presente e futuro", observa Garcia.

Apesar dos avanços, a transformação digital nos municípios brasileiros ainda enfrenta obstáculos. Há diferenças regionais marcantes, desigualdade de acesso a recursos e falta de capacitação de servidores. Muitas vezes, prefeitos e secretários não conhecem as soluções disponíveis no mercado.

Eventos como o Cidade CSC tentam justamente encurtar essa distância, promovendo diálogos, rodadas de negócios e a troca de experiências entre cidades. "Nosso papel é criar esse espaço de encontro, onde boas práticas se multiplicam. Quando gestores veem casos reais, percebem que dá para começar com passos simples", afirma Paula.

Visão para o futuro

Na visão de Garcia, as prefeituras precisam se preparar para atender ao cidadão que, nos últimos anos, se acostumou com serviços digitais sendo oferecidos pelas empresas. Uma de suas ambições é levar para o serviço público a lógica de experiência de usuário dos aplicativos de consumo, ao mesmo tempo em que respeita a privacidade e a segurança dos dados de cada indivíduo.

"Imagine como seria abrir uma solicitação de conserto de buraco na rua via WhatsApp, com a informação chegando diretamente ao setor responsável. Quando o reparo é feito, o contribuinte recebe uma mensagem confirmando que a demanda foi atendida, sem precisar de papel ou tramitação por vários departamentos", projeta o executivo da Betha. Na visão do executivo, esse é o caminho do chamado "governo como plataforma": processos automatizados, sem burocracia, em que o cidadão resolve suas demandas de forma digital, enquanto as regras legais são cumpridas em segundo plano.

A tecnologia, porém, não serve só para dar conta dos problemas do presente ou da zeladoria urbana. Se os dados estiverem estruturados, o poder público pode começar a simular planos de longo prazo. Com base nas informações organizadas da Betha, a prefeitura de Criciúma já começou a projetar o desenvolvimento urbano e administrativo até 2050.

"Não se trata apenas de resolver a burocracia de hoje, mas de pensar em como a cidade estará daqui a 20 ou 30 anos. Quantas pessoas morarão ali? As ruas e avenidas comportarão tanta gente? E as escolas, os hospitais?", questiona o executivo. "Quando planejamento estratégico, tecnologia e execução se encontram, é possível construir uma visão de longo prazo que vai muito além de um mandato de quatro anos."

Para os especialistas, esse é o ponto central da transformação digital no setor público: integrar dados e tecnologia para que decisões de hoje não apenas resolvam problemas imediatos, mas também preparem o terreno para o futuro. Um futuro em que as cidades, independentemente de seu tamanho, possam oferecer serviços mais ágeis, eficientes e humanos para seus cidadãos.

Estadão
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