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Inovação

BNDES prevê necessidade de R$ 500 bi para dobrar transporte público de alta capacidade até 2054

Estudo Nacional de Mobilidade Urbana deve ser lançado até o começo de 2026 e definiu 194 projetos que poderiam ser desenvolvidos em 21 regiões metropolitanas

24 set 2025 - 13h38
(atualizado às 18h20)
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As regiões metropolitanas brasileiras que concentram 40% da população do País podem aumentar em até 122%, até 2054, a rede de transporte público que inclui metrô, trens, VLTs, BRTs e faixas exclusivas de ônibus, indica o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O porcentual significa a construção de 2,5 mil quilômetros de malha nas vinte e uma áreas urbanas brasileiras com mais de um milhão de habitantes. Hoje, são pouco mais de dois mil quilômetros disponíveis.

Os números são resultado do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, que o BNDES conduz em parceria com o Ministério das Cidades e deve ser finalizado no início de 2026. O foco do estudo são as chamadas redes de "transporte público coletivo de média e alta capacidade (TPC-MAC)".

Obra de expansão do metrô em São Paulo
Obra de expansão do metrô em São Paulo
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

"São as grandes artérias que levam as pessoas de suas casas ao trabalho", disse Rafael Ferraz, responsável pelo estudo no BNDES, durante painel no Cidade CSC, maior evento sobre cidades inteligentes da América latina, que acontece em São Paulo entre os dias 23 e 25.

O Estudo já identificou 194 projetos que poderiam ser implementados em regiões metropolitanas como São Paulo, Belém, Maceió, Goiânia e Porto Alegre, entre outras. Agora, a ideia é selecionar quais desses projetos são mais prioritários e viáveis. De acordo com Ferraz, para alcançar o objetivo dos novos 2,5 mil km seriam necessários investimentos na casa de R$ 500 bilhões.

Clarisse Cunha, diretora executiva do ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) destacou que a escolha desses projetos também deve acontecer a partir de uma ótica de transporte público sustentável considerando as necessidades de públicos específicos, como as mulheres periféricas.

Apresentação de dados no Cidade CSC
Apresentação de dados no Cidade CSC
Foto: Helcio Nagamine/ Estadão / Estadão

Hoje, disse ela, essas mulheres usam principalmente transporte via aplicativo feito por motos. "Trabalhamos com grupos focais no Rio de Janeiro e elas explicaram que fazem isso por custo, tempo e segurança", contou Clarisse. Segurança, nesse caso, está ligada principalmente ao excesso de assédio no transporte público. Além disso, muitas vezes essas mulheres são as responsáveis pelo cuidado da família e precisam pagar passagens para crianças e idosos.

Nesse sentido, um sistema de mobilidade efetivo exige a consideração desses pontos, como funcionamento em horário expandido, canais de denúncia e iniciativas de segurança, políticas tarifárias distintas, entre outros. "Também precisamos ter mais mão de obra feminina no sistema como um todo, isso nos ajudaria a pensar melhor na complexidade da vida", ressaltou.

Integração e tarifas

No planejamento para construir uma rede de transporte público mais eficiente, um dos objetivos principais é atrair mais gente para o sistema. Além de garantir segurança e estrutura necessárias para atender as mulheres, outro ponto fundamental é ter previsibilidade, ou seja, evitar que a população fique horas à espera de um ônibus, disse Wagner Colombini, presidente da empresa de engenharia e consultoria Logit.

O custo é outro fator essencial. Durante a discussão no Cidade CSC, Wagner trouxe o exemplo de Lisboa, que institui um passe mensal para utilizar de forma livre os diferentes modais de transporte público na capital portuguesa. "No fim de semana, esse passe inclui a família. Se isso não acontecesse, o sujeito ia usar o carro", afirmou Wagner. Há também a necessidade de um planejamento estrutural, como adensamento urbano ao longo dos principais corredores de transporte público, o que facilita o acesso da população à rede.

Wagner citou ainda a necessidade de credibilidade e governança no gerenciamento das redes de transporte público, para trazer clareza e confiança em iniciativas públicas e privadas e tornar grandes projetos estruturantes em mobilidade urbana viáveis.

Este é um dos critérios que o BNDES usará para definir quais projetos do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana serão priorizados e que encontram eco no mercado. Marcela Costa, responsável pela análise de viabilidade técnica e econômica de concessões de transporte sobre trilhos na Motiva, destacou que, para além da disponibilidade de recursos financeiros, é necessário um arcabouço regulatório, fiscalizatório e técnico para implantar projetos a longo prazo como estes.

"Nesse sentido, é essencial capacitar o setor público para pipelines dessas parcerias complexas que envolvem uma grande matriz de risco", afirmou Marcela.

Para Clarisse Cunha, um ponto essencial dessa discussão não pode ser esquecida. Por mais que especificidades regulatórias e econômicas da discussões sejam fundamentais, deve-se manter em mente que o principal objetivo de repensar a mobilidade urbana é garantir que as cidades brasileiras do futuro sejam mais sustentáveis e contribuam para uma melhor qualidade de vida da população.

Estadão
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