PUBLICIDADE

Falar na língua das baleias pode ajudar na busca por alienígenas

Cientistas "conversaram" com uma baleia-jubarte e tiveram resposta. Os resultados podem ajudar na procura por vida fora da Terra; entenda o porquê

9 mai 2024 - 15h06
(atualizado em 10/5/2024 às 03h03)
Compartilhar
Exibir comentários

Enquanto não conseguimos contato com inteligência fora da Terra, cientistas do Instituto de Pesquisa de Inteligência Extraterrestre e da Universidade da Califórnia propuseram uma forma de descobrir como tal comunicação seria. Para isso, durante um experimento eles "conversaram" com Twain, uma baleia-jubarte, e ela respondeu. 

As baleias-jubarte estão em todos os oceanos e são conhecidas por realizar longas viagens migratórias. Para o experimento, os pesquisadores tentaram manter contato com uma delas por 20 minutos, na "língua" dela. Eles emitiram uma "chamada de contato" no oceano para verificar se alguma baleia responderia.

A chamada é como um cumprimento entre as baleias, que permite que saibam onde outras estão. Pois bem, Twain se aproximou da embarcação dos pesquisadores e a circulou. Depois, os cientistas emitiram o mesmo chamado outras 36 vezes em diferentes intervalos, e Twain respondeu, mostrando alinhamento ao período do contato.

Isso significa que, se os cientistas esperassem 10 segundos antes de tentar entrar em contato com Twain outra vez, a baleia também esperaria 10 segundos antes de responder. O contato nestes intervalos parece sugerir que Twain estava envolvida em alguma troca com intenção.

E, afinal, o que a reação da baleia nos diz sobre como seres alienígenas poderiam tentar contato conosco? Fred Sharpe, coautor do estudo, explicou ao Canaltech que a resposta de Twain indica a universalidade da curiosidade, mostrando também apoio à pluraridade cósmica. 

"Ao nos tornarmos melhores 'alunos' do comportamento animal, com certeza vamos ficar melhores em procurar sinais de vida em mundos distantes", acrescentou ele. Como isso acontece na prática? 

Para Laurance Doyle, outro coautor do estudo, o comportamento de Twain pode ser um exemplo de como seres alienígenas tentariam encontrar a humanidade — caso estes seres existam, claro. "Um pressuposto importante da busca por inteligência extraterrestre é que os extraterrestres vão estar interessados em fazer contato e, portanto, vão ter como alvo os receptores humanos", sugeriu. 

Portanto, tais formas de vida poderiam responder às tentativas de contato de um jeito parecido como Twain fez. Se houver algum ser enviando sinais, é possível que as tentativas de contato não sejam percebidas se os pesquisadores não procurarem no lugar certo, na hora certa.

Contato

Pensando nisso, alguns pesquisadores criaram mensagens especiais e as enviaram pelo espaço para o caso de alguma forma de vida estar à escuta. Com a equipe de Sharpe, não é diferente: a maior parte das mensagens já elaboradas pelos autores trabalha com as baleias como análogos a seres extraterrestres, para os quais eles enviam partes do léxico que seria usado. 

"Sem dúvidas, [o léxico] é enviado fora do contexto, e muitas vezes ignorado, mas pelo menos agora [conseguimos] algum sucesso em uma interação sustentada que está seguindo para a direção certa", observou Sharpe. 

Enquanto alguns indicarem de forma equivocada que poderíamos ter contato com extraterrestres nos próximos anos, ainda pode demorar para uma interação assim acontecer. Um estudo publicado em 2022 na revista The Astrophysical Journal indicou que poderia demorar 400 mil anos — contanto que estejam em um planeta na zona habitável de uma estrela que já tenha passado da metade da sua vida.

Foto: Dr. Louis M. Herman/Wikimedia Commons / Canaltech

Mais recentemente, dados do telescópio James Webb renderam alguma empolgação nos entusiastas da busca por vida fora da Terra. O observatório teria encontrado sinais de sulfeto de dimetila (DMS) no exoplaneta K2-18 b. Na Terra, o composto é produzido pelo fitoplâncton oceânico.

No entanto, pesquisadores foram cautelosos em um estudo publicado em maio, onde ressaltaram que é cedo demais para dizer se o composto tem origem biológica. Para Sharpe, não é momento de desanimar, pois ainda há muito a se descobrir: "o poder das nossas ferramentas cresce, e também há muitas mentes jovens prontas para a tarefa [de procurar vida fora da Terra", finalizou. Resta aguardar.

Fonte: Business Insider, Peerj

Trending no Canaltech:

Canaltech
Compartilhar
Publicidade
Publicidade