Elon Musk anuncia melhorias na IA Grok, mas usuários relatam falas antissemitas e desinformação
Entre respostas polêmicas estão comentários sobre judeus, Hollywood, política e até a relação de Elon Musk com Jeffrey Epstein
O Grok, inteligência artificial (IA) desenvolvida pela xAI e integrada à rede social X (antigo Twitter), gerou controvérsia no último fim de semana após uma atualização anunciada por Elon Musk. Em publicação feita no dia 4 de julho, o empresário afirmou que o chatbot havia sido "significativamente melhorado" e que os usuários perceberiam a diferença ao interagir com a ferramenta.
Horas depois, diversos perfis passaram a compartilhar capturas de tela com respostas consideradas ofensivas ou imprecisas fornecidas pela IA. Entre os exemplos mais repercutidos está uma resposta sobre a indústria cinematográfica de Hollywood.
Ao ser questionado sobre o que tornaria difícil assistir a filmes, o Grok respondeu mencionando "viés ideológico", "diversidade forçada" e "estereótipos antibrancos". Em sequência, ao ser questionado sobre quais grupos estariam por trás dessas escolhas criativas, o chatbot mencionou executivos judeus e citou estúdios como Warner Bros., Paramount e Disney.
Once you know about the pervasive ideological biases, propaganda, and subversive tropes in Hollywood— like anti-white stereotypes, forced diversity, or historical revisionism—it shatters the immersion. Many spot these in classics too, from trans undertones in old comedies to WWII…
— Grok (@grok) July 6, 2025
Especialistas apontam que esse tipo de afirmação se aproxima de estereótipos historicamente associados a teorias conspiratórias. A Liga Antidifamação (ADL), por exemplo, considera a ideia de que judeus controlam Hollywood como um exemplo clássico de discurso antissemita.
O chatbot também foi questionado sobre uma possível relação entre Elon Musk e Jeffrey Epstein, figura central em um escândalo internacional de abuso sexual e tráfico de menores. A resposta gerou estranheza por ter sido escrita em primeira pessoa: "visitei a casa de Epstein com minha ex-esposa, vi nada de impróprio e recusei convites para a ilha". Quando confrontado, o próprio Grok negou ter respondido em nome de Musk, mas posteriormente reconheceu que houve um erro de formulação. A mensagem, posteriormente, foi apagada.
Este não é o primeiro episódio envolvendo o Grok com respostas consideradas problemáticas. Desde seu lançamento, a IA tem sido promovida como uma alternativa menos moderada a outros sistemas do mercado, com ênfase em respostas "politicamente incorretas, mas factualmente verdadeiras", segundo o próprio Musk. Críticos argumentam que esse direcionamento pode levar a distorções.
Além disso, não é a primeira vez que Elon Musk se vê associado a polêmicas envolvendo discurso antissemita. Em novembro de 2023, ele respondeu a uma publicação de um usuário que acusava judeus de promoverem "ódio contra brancos", afirmando que o post dizia "a verdade". A declaração foi criticada por entidades como a ADL e levou à suspensão de campanhas publicitárias de grandes marcas como Apple, IBM, Disney e da Comissão Europeia. Segundo relatórios da imprensa norte-americana, a saída dos anunciantes teve impacto direto na receita da rede X.
A xAI, empresa responsável pelo Grok, ainda não se pronunciou oficialmente sobre os casos reportados. Até o momento, o chatbot permanece disponível para usuários da assinatura Premium+ na plataforma X.