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Conheça o programador que invadiu o sistema de multas de São Francisco e prega peças pela cidade

Riley Walz, de 23 anos, ficou famoso na internet fazendo brincadeiras com as instituições da Califórnia

5 out 2025 - 13h49
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Os agentes de trânsito em São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos, parecem sempre saber quando um carro ficou apenas alguns segundos a mais na vaga ou quando o parquímetro não foi alimentado. Eles têm leitores de placas e outras ferramentas para detectar veículos irregulares. Mas e se existisse uma maneira de rastrear os próprios agentes de trânsito?

Na semana passada, um site viralizou ao mostrar ícones com as iniciais dos agentes de trânsito de São Francisco e a localização exata das viaturas brancas, a partir das quais eram emitidas multas a cada 24 segundos. O site funcionou apenas por quatro horas, mas gerou várias manchetes e repercussão nas redes sociais.

Foi a mais recente criação de Riley Walz, um engenheiro de software de 23 anos, que conseguiu reverter o sistema de multas da cidade para rastrear cada notificação momentos depois de ser afixada em um carro.

"Criei um site," ele escreveu no X (antigo Twitter). "EVITE OS AGENTES DE TRÂNSITO."

Em uma cidade que sempre abraçou excêntricos e suas ideias malucas — e é o paraíso de jovens de vinte e poucos anos com habilidades tecnológicas de ponta — Walz está em casa. E parece determinado a continuar pregando peças em São Francisco.

Durante o dia, Walz trabalha com startups, ajudando a criar projetos de dados. Ele também administra o site Numerous.ai, que co-fundou e usa chatbots dentro de planilhas. É o tipo de trabalho que, de outra forma, poderia torná-lo apenas mais um nome anônimo na Bay Area.

Mas Walz encontrou fama de outra forma. Enquanto algumas figuras do setor de tecnologia são conhecidas por suas casas luxuosas ou pela riqueza obtida com abertura de capital, Walz se destacou como um brincalhão persistente.

Como quando criou uma falsa churrascaria em Manhattan no Google Maps e depois a abriu de verdade — apenas por uma noite.

Em outra ocasião, usou inteligência artificial para avaliar restaurantes de acordo com a aparência dos clientes. E criou o site The Panama Playlists, que revela os hábitos musicais de personalidades conhecidas no Spotify. (Agora sabemos que o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, gosta de I Want It That Way, do Backstreet Boys.)

Houve muitos outros feitos. Muitos mesmo.

Em uma entrevista na sala de seu apartamento em North Beach, com uma vista deslumbrante da orla norte da cidade e das luzes cintilantes de Telegraph Hill, Walz fez algumas confissões.

Para começar, ele não precisa de habilidades técnicas para pregar boas peças. Alguns meses atrás, no meio da noite, ele afixou grandes cartazes com os dizeres "Chegando em 2026, Chick-fil-A" (nome de um restaurante de fast food) em um prédio abandonado próximo ao apartamento dele.

Considerando a postura conservadora da rede de fast food, que fecha aos domingos para que os funcionários possam ir à igreja, e o caráter progressista de São Francisco, as pessoas compartilharam rapidamente fotos na rede social Reddit e expressaram seu desdém.

"De jeito nenhum São Francisco deixaria isso acontecer," postou um usuário. Outros apenas deixaram emojis de vômito. As placas foram removidas rapidamente.

Dois anos atrás, ele se passou por repórter para invadir uma festa de gala na Prefeitura, organizada pela então prefeita London Breed para jornalistas que cobriam a conferência de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.

Ele criou um e-mail falso, alegando pertencer a um veículo chamado I.L.C.E., que na verdade significava "I Like to Crash Events" (eu gosto de invadir eventos, em inglês). Ele conseguiu enganar os seguranças e ainda tirou uma foto com a prefeita, usando um terno rosa-choque, para provar.

Também na foto está Mehran Jalali, companheiro de brincadeiras de Walz, co-fundador do Numerous.ai e colega de apartamento. Ele também é a pessoa cujo nome foi usado para a falsa churrascaria.

"Um de nossos amigos brincou que quando Andy Warhol disse que todo mundo seria famoso por 15 minutos, ele esqueceu de dizer que Riley Walz faria isso mil vezes," disse Jalali.

O apartamento deles tinha mais pistas de outras brincadeiras. Uma placa na parede, parecendo oficial, dizia: "Aviso: Bens Roubados Devem Permanecer Abaixo de US$ 950."

Walz e outro amigo colocaram essas placas fora da loja Louis Vuitton no sofisticado distrito comercial de Union Square para zombar de uma lei estadual, posteriormente revogada por votação popular, que considerava furto de lojas como crime leve se o total fosse inferior a US$ 950 (cerca de R$ 5 mil).

Esse limite era tema constante entre conservadores e críticos de cidades da Califórnia, que usavam a lei para provar como o Estado era muito brando com o crime. As placas viralizaram e receberam mais atenção da mídia.

Algumas das ideias de Walz funcionam melhor que outras. A menos bem-sucedida? Após o CEO da UnitedHealthcare ser assassinado em uma rua de Manhattan, a polícia disse inicialmente que o atirador fugiu em uma Citi Bike alugada. Walz já estava coletando dados da Citi Bike para outro projeto e tentou descobrir qual bicicleta o atirador usou e para onde ia.

Descobriu-se que o suspeito, Luigi Mangione, havia fugido em outro tipo de bicicleta. Walz disse que, quando postou nas redes sociais sobre a busca, foi chamado de "puxa-saco" por ajudar as autoridades e foi ameaçado.

Walz cresceu em Ballston Spa, ao norte de Albany, capital do estado de Nova York. A mãe dele é professora do 2º ano e o pai trabalha para uma empresa contratada do governo em uma base naval.

Ele sempre foi muito inteligente, lembrou a mãe, Stacey Walz. Ela disse ter sido eleito "Mais Propenso a Ganhar um Prêmio Nobel" no anuário da escola. Na adolescência, criou com sucesso a persona de um político falso, Andrew Walz, republicano de Rhode Island, que recebeu o selo azul verificado no Twitter antes de os usuários pagarem pela verificação.

Ela disse que se orgulha do filho, mas teme que ele acabe na prisão. "Estou realmente assustada. Sei que ele está quase chegando lá", disse ela. "Mas de todas as pessoas do mundo, ele me inspira."

As travessuras contrastam com a personalidade tranquila. Ele aprendeu sozinho a programar e estudou negócios na faculdade antes de abandonar para seguir carreira na tecnologia. Mudou-se para São Francisco há dois anos.

Walz disse que teve a ideia da pegadinha das multas de estacionamento após ver um colega de apartamento receber várias infrações. Ele não é contra os agentes de trânsito, apenas achou os dados interessantes. A cidade emprega 325 agentes de trânsito, cujas 1,3 milhão de multas no ano passado geraram US$ 96 milhões (cerca de R$ 512 milhões).

A cidade fornecia acesso online às imagens das multas para que os motoristas pudessem revisá-las e pagá-las. Em teoria, era necessário saber o número de identificação de cada multa para visualizá-la. Mas Walz conseguiu ver todas as multas depois de descobrir o padrão usado pela cidade, incluindo as iniciais e números de identificação dos agentes.

O site criado por ele incluía um ranking mostrando quais agentes geravam mais receita para a cidade. A Agência Municipal de Transporte de São Francisco, responsável pela fiscalização, rapidamente removeu os números e iniciais das multas, tornando o site inútil.

"O que aconteceu com esse site envolveu diretamente nossos funcionários e colocou a segurança deles em risco, e isso não está certo," disse Parisa Safarzadeh, porta-voz da agência.

Walz nunca enfrentou penalidades ou acusações criminais por suas brincadeiras, incluindo a mais recente, e espera que continue assim.

Ele não comentou muito sobre planos futuros. Um deles poderia envolver coletar dados de grafites da cidade, outro talvez um grupo de manequins que ele comprou da loja Bloomingdale's, agora fechada, por US$ 15 cada (cerca de R$ 80).

Walz disse que o tamanho pequeno de São Francisco (que tem população de 842 mil) facilita que ele se destaque, ao contrário de Nova York. Pode ser simplesmente o casamento perfeito entre uma cidade e seu brincalhão residente.

"Ele está na interseção entre a brincadeira e a tecnologia", disse Jalali, "então esta é a cidade ideal para ele."

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

Estadão
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