Estudo sugere que pássaros contribuíram para evolução viral
Um estudo publicado na revista mBio, da Sociedade Americana de Microbiologia sugere que genomas de pássaros estão criando um "quebra-cabeças" com sequências de DNA de vírus. Análises dessas sequências virais, também conhecidas como endógeno retrovírus (ERV, na sigla em inglês), podem fornecer ideias de como hospedeiros e vírus se envolveram com o passar do tempo.
"Examinamos a evolução do retrovírus das aves com base nos fósseis de três genomas aviários que foram completamente sequenciados", informaram os autores do estudo da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e Universidade de Uppsala, na Suécia. Analisando os ERVs de galinhas, perus e mandarins, os autores descobriram que pássaros funcionam como uma espécie de estufa da evolução viral nos tempos antigos.
Cientistas sabem há tempos que o genoma humano, por exemplo, não é humano: assim como quase todos os genomas estudados até hoje, boa parte do DNA que chamamos de "humano" é, na verdade, feito de pró-vírus, sequências que os retrovírus depositaram para tirar vantagem da habilidade das células para copiar DNA e traduzi-los em proteínas. Esses pró-vírus podem tanto ser herdados no DNA que ganhamos de nossos pais, ou podem ser recolhidos durante nosso tempo de vida.
A pesquisa revela que há milhões de anos pássaros eram hospedeiros de diversos tipos de ERVs, servindo como um tipo de "pote para derretimento": um local de mistura onde vírus se recombinavam e dividiam informações genéticas.
Diferentemente de estudos mais antigos de ERVs em galinhas, onde pesquisadores usavam uma seleção de segmentos do genoma, a pesquisa atual usou sequências genômicas completas e encontrou uma grande diversidade de sequências virais em genomas de pássaros, representando os mesmos grupos principais que os mamíferos, mas exibindo uma variedade maior.
"Concluímos que a evolução retroviral aviária difere da de outros vertebrados", escreveram os pesquisadores. "Os retrovírus das aves parecem ter evoluído independentemente do resto dos retrovírus nos últimos 150 milhões de anos", concluíram.